Economista é nomeado primeiro-ministro egípcio

Em Tegucigalpa (Honduras)

  • Orlando Sierra/AFP

    Polícia de Honduras inspeciona carga de cocaína em Tegucigalpa após a queda de uma aeronave que transportava a droga

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CAIRO, 09 Jul 2013 (AFP) - O economista liberal Hazem al-Beblawi, ex-ministro das Finanças, foi nomeado nesta terça-feira novo primeiro-ministro do Egito, seis dias após a destituição do presidente islâmico Mohamed Mursi, que desencadeou uma onda de violência em todo o país.

O ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e Prêmio Nobel da Paz, Mohamed ElBaradei, que chegou a ser cotado para assumir o governo de transição, ocupará o cargo de vice-presidente encarregado das relações internacionais, anunciou o porta-voz da Presidência, Ahmed al-Muslimani.

Este anúncio foi feito no momento em que a Irmandade Muçulmana enterra as dezenas de manifestantes mortos na segunda-feira durante uma manifestação em apoio ao presidente Mursi.

Apesar de a Irmandade ter convocado uma "revolta" após o "massacre", nenhum incidente foi registrado nesta terça-feira.

O novo primeiro-ministro é um economista de tendência liberal, de 76 anos, que traçou sua longa carreira em várias instituições econômicas particulares e públicas, egípcias e internacionais.

Hazem al-Beblawi foi vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças em 2011, durante o período de transição sob o governo militar que se seguiu à queda de Hosni Mubarak.

Pouco após esse anúncio, o Exército advertiu para qualquer tentativa de perturbação neste período "delicado e complexo" de transição, em uma declaração à televisão pública.

A escolha de Beblawi é anunciada depois de vários dias de discussões e da retirada do principal partido salafista, Al-Nur -- que apoiou o golpe militar ao lado de movimentos majoritariamente laicos -- em razão da violência que causou dezenas de mortes entre os partidários de Mursi no Cairo.

Com o objetivo de relançar a transição política, o presidente interino, Adly Mansour, decretou à noite que a organização de eleições legislativas será iniciada antes do final do ano.

A declaração constitucional, divulgada pela agência oficial Mena, prevê o início da organização de eleições legislativas antes do final de 2013 e seu fim para antes do início de fevereiro. Em seguida, uma nova Constituição será submetida a referendo, para que depois uma eleição presidencial seja anunciada.

Mas o anúncio foi criticado imediatamente por uma autoridade da Irmandade Muçulmana.

"Um decreto constitucional por um homem nomeado por golpistas... devolve o país à estaca zero", escreveu Esam al-Erian no Facebook.

Já o movimento Tamarrod, que organizou as manifestações em massa contra Mursi, expressou suas reservas em relação ao decreto constitucional e declarou que se prepara com especialistas para uma série de mudanças.



===== Funerais sob tensão =====



Enquanto isso, os funerais dos partidários de Mursi acontecem em um clima de extrema tensão, que domina o país desde a destituição do presidente islamita pelo Exército em 3 de julho, após gigantescas manifestações populares para exigir sua saída.

A violência deixou no início da segunda-feira pelo menos 51 mortos e 435 feridos durante uma manifestação pró-Mursi em frente ao quarte-general da Guarda Republicana, de acordo com os serviços de emergência.

A Irmandade Muçulmana divulgou uma lista incluindo os nomes de 42 de seus partidários mortos, enquanto a Polícia e o Exército indicaram que três de seus integrantes haviam morrido.

Ao amanhecer, os partidários de Mursi rezavam diante do quartel-general, quando soldados e policiais abriram fogo, segundo relato da Irmandade Muçulmana.

Manifestantes declararam à AFP que foram atacados com tiros com munição real e bombas de gás lacrimogêneo, em circunstâncias que permanecem obscuras. A Irmandade Muçulmana acusa o Exército pelo ataque.

O Exército indicou, por sua vez, que "terroristas armados" tentaram atacar o quartel da Guarda Republicana. A ação terminou com um oficial morto e vários soldados feridos, seis deles em estado crítico, segundo fontes militares.

Nesta terça, uma fonte judicial indicou à AFP que cerca de 650 pessoas começaram a ser interrogadas por autoridades egípcias, acusadas de tentar invadir o quartel-general da Guarda Republicana.

"Não foi um protesto pacífico", os partidários de Mursi portavam "armas e pistolas", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Badr Abdelatty.

Apesar do alerta do Exército, islamitas protestaram segunda à noite em várias cidades, e nesta terça milhares de pró-Mursi se mantinham em frente à mesquita Rabaa al-Adawiya.

Vários países expressaram preocupação com a violência.

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