Míssil derruba avião malaio na Ucrânia deixando quase 300 mortos
GRABOVE, Ucrânia, 18 Jul 2014 (AFP) - Um avião malaio que ia de Amsterdã para Kuala Lumpur, abatido por um míssil segundo autoridades americanas, caiu nesta quinta-feira no leste da Ucrânia, em uma região controlada por separatistas pró-russos, deixando 298 mortos, sendo mais da metade holandeses.
Os especialistas dos serviços de inteligência americanos consideram que o Boeing 777 da Malaysia Airlines foi atingido por um míssil terra-ar, mas ainda analisam dados para saber se o míssil foi disparado por separatistas pró-russos, segundo uma autoridade que não quis ser identificada.
As autoridades de Kiev e os rebeldes trocam acusações sobre a origem do suposto míssil que teria causado a tragédia. Ainda não existem provas materiais que permitam atribuir a responsabilidade pelo ataque.
Mensagens postadas - e, em alguns casos, retiradas rapidamente - em sites rebeldes e conversas interceptadas pelos serviços de segurança ucranianos levam a crer que a aeronave pode ter sido abatida por engano pelos separatistas, que confundiram a aeronave civil com um avião militar ucraniano.
Caso esta hipótese seja confirmada, separatistas e seu aliado Vladimir Putin ficarão em uma posição consideravelmente fragilizada perante a comunidade internacional.
O presidente russo afirma que a Ucrânia "tem a responsabilidade por esta terrível tragédia".
- Corpos espalhados -
Nenhum sinal de sobreviventes era visível na noite desta quinta-feira no local da queda, constataram jornalistas da AFP, que viram um grande número de corpos espalhados.
Partes da fuselagem despedaçada, incluindo a cauda da aeronave com a logomarca da Malaysia Airlines, além de bagagens, estavam numa vasta zona da aldeia de Grabove, na região de Donetsk.
As autoridades rebeldes anunciaram que os corpos das vítimas foram levados para Donetsk e que pretendem enviar para análise em Moscou as caixas-pretas do avião, ainda não encontradas.
Segundo o controle aéreo ucraniano, a tripulação do Boeing 777 que transportava 298 pessoas - incluindo 154 holandeses, 27 australianos, 23 malaios, onze indonésios, seis britânicos, quatro alemães, cinco belgas, três filipinos e um canadense -, não indicou problemas ao sobrevoar a Ucrânia.
O presidente francês, François Hollande, afirmou que vários franceses podem estar entre os passageiros.
A aeronave desapareceu dos radares por volta das 16h20 locais (10h20 de Brasília), a 10.000 metros de altitude, e depois caiu perto da aldeia de Grabove.
- 'Ato terrorista' -
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, denunciou um "ato terrorista".
"Não descartamos que esse avião (malaio) tenha sido abatido e ressaltamos que as forças armadas ucranianas não efetuaram disparos que pudessem atingir alvos no ar", disse.
Anton Guerachtchenko, conselheiro do ministro ucraniano do Interior, fez acusações mais precisas, afirmando que o avião foi abatido por um míssil Buk, "graciosamente oferecido aos terroristas por Putin".
Esse míssil terra-ar tem 42 km de alcance e pode atingir uma altura de 25 km. O porta-voz militar ucraniano Andrei Lyssenko afirmou nesta quinta, antes da catástrofe, que esses mísseis foram fornecidos aos separatistas.
O "primeiro-ministro" da "República Popular de Donetsk", Alexandre Borodai, afirmou que a aeronave foi abatida pela aviação ucraniana. Presente no local da queda, ele se disse pronto para respeitar um cessar-fogo de dois ou três dias para permitir a retirada dos corpos e o trabalho dos especialistas internacionais.
"Sabemos que seremos alvo de acusações de que derrubamos este avião", afirmou. "São mentiras (...) Não temos armas antiaéreas para abater um avião a 10.000 metros. Nossa defesa antiaérea tem um alcance de 2.500-3.000 metros".
Mas um detalhe pode ser o indício da responsabilidade dos separatistas. Um comandante insurgente escreveu em sua página no Facebook que os insurgentes pró-russos tinham derrubado um avião de transporte militar ucraniano An-26 quase na mesma hora e no mesmo local da queda do avião malaio.
Igor Strelkov (Guirkine), "ministro da Defesa" da "República Popular de Donetsk", divulgou na internet um vídeo mostrando uma espessa fumaça negra saindo do local do impacto. Esse vídeo tem grande semelhança com as imagens apresentadas no YouTube como sendo as da queda do avião da Malaysia Airlines.
- Investigação internacional -
A comunidade internacional exigiu que a tragédia seja esclarecida. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu uma "investigação internacional completa e transparente".
A Organização Mundial da Aviação Civil (OACI) ofereceu ajuda e investigadores malaios já estão a caminho da Ucrânia, que criará um corredor humanitário permitindo o acesso ao local da catástrofe.
O primeiro-ministro malaio, Najib Razak, se disse chocado com a tragédia, ocorrida apenas alguns meses após o desaparecimento do voo MH370 da mesma companhia no Oceano Índico.
"Se for revelado que a aeronave foi abatida por um míssil, os autores devem responder por este ato na justiça", afirmou.
O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir com urgência na sexta-feira às 14h00 GMT (11h00 de Brasília) para abordar o caso, a pedido do Reino Unido.
Vladimir Putin conversou por telefone com seu homólogo norte-americano Barack Obama, que também ligou para Poroshenko.
As autoridades ucranianas fecharam todas as rotas aéreas passando pelo leste da Ucrânia "até última ordem".
so-via/neo/glr/dm-mm
Os especialistas dos serviços de inteligência americanos consideram que o Boeing 777 da Malaysia Airlines foi atingido por um míssil terra-ar, mas ainda analisam dados para saber se o míssil foi disparado por separatistas pró-russos, segundo uma autoridade que não quis ser identificada.
As autoridades de Kiev e os rebeldes trocam acusações sobre a origem do suposto míssil que teria causado a tragédia. Ainda não existem provas materiais que permitam atribuir a responsabilidade pelo ataque.
Mensagens postadas - e, em alguns casos, retiradas rapidamente - em sites rebeldes e conversas interceptadas pelos serviços de segurança ucranianos levam a crer que a aeronave pode ter sido abatida por engano pelos separatistas, que confundiram a aeronave civil com um avião militar ucraniano.
Caso esta hipótese seja confirmada, separatistas e seu aliado Vladimir Putin ficarão em uma posição consideravelmente fragilizada perante a comunidade internacional.
O presidente russo afirma que a Ucrânia "tem a responsabilidade por esta terrível tragédia".
- Corpos espalhados -
Nenhum sinal de sobreviventes era visível na noite desta quinta-feira no local da queda, constataram jornalistas da AFP, que viram um grande número de corpos espalhados.
Partes da fuselagem despedaçada, incluindo a cauda da aeronave com a logomarca da Malaysia Airlines, além de bagagens, estavam numa vasta zona da aldeia de Grabove, na região de Donetsk.
As autoridades rebeldes anunciaram que os corpos das vítimas foram levados para Donetsk e que pretendem enviar para análise em Moscou as caixas-pretas do avião, ainda não encontradas.
Segundo o controle aéreo ucraniano, a tripulação do Boeing 777 que transportava 298 pessoas - incluindo 154 holandeses, 27 australianos, 23 malaios, onze indonésios, seis britânicos, quatro alemães, cinco belgas, três filipinos e um canadense -, não indicou problemas ao sobrevoar a Ucrânia.
O presidente francês, François Hollande, afirmou que vários franceses podem estar entre os passageiros.
A aeronave desapareceu dos radares por volta das 16h20 locais (10h20 de Brasília), a 10.000 metros de altitude, e depois caiu perto da aldeia de Grabove.
- 'Ato terrorista' -
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, denunciou um "ato terrorista".
"Não descartamos que esse avião (malaio) tenha sido abatido e ressaltamos que as forças armadas ucranianas não efetuaram disparos que pudessem atingir alvos no ar", disse.
Anton Guerachtchenko, conselheiro do ministro ucraniano do Interior, fez acusações mais precisas, afirmando que o avião foi abatido por um míssil Buk, "graciosamente oferecido aos terroristas por Putin".
Esse míssil terra-ar tem 42 km de alcance e pode atingir uma altura de 25 km. O porta-voz militar ucraniano Andrei Lyssenko afirmou nesta quinta, antes da catástrofe, que esses mísseis foram fornecidos aos separatistas.
O "primeiro-ministro" da "República Popular de Donetsk", Alexandre Borodai, afirmou que a aeronave foi abatida pela aviação ucraniana. Presente no local da queda, ele se disse pronto para respeitar um cessar-fogo de dois ou três dias para permitir a retirada dos corpos e o trabalho dos especialistas internacionais.
"Sabemos que seremos alvo de acusações de que derrubamos este avião", afirmou. "São mentiras (...) Não temos armas antiaéreas para abater um avião a 10.000 metros. Nossa defesa antiaérea tem um alcance de 2.500-3.000 metros".
Mas um detalhe pode ser o indício da responsabilidade dos separatistas. Um comandante insurgente escreveu em sua página no Facebook que os insurgentes pró-russos tinham derrubado um avião de transporte militar ucraniano An-26 quase na mesma hora e no mesmo local da queda do avião malaio.
Igor Strelkov (Guirkine), "ministro da Defesa" da "República Popular de Donetsk", divulgou na internet um vídeo mostrando uma espessa fumaça negra saindo do local do impacto. Esse vídeo tem grande semelhança com as imagens apresentadas no YouTube como sendo as da queda do avião da Malaysia Airlines.
- Investigação internacional -
A comunidade internacional exigiu que a tragédia seja esclarecida. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu uma "investigação internacional completa e transparente".
A Organização Mundial da Aviação Civil (OACI) ofereceu ajuda e investigadores malaios já estão a caminho da Ucrânia, que criará um corredor humanitário permitindo o acesso ao local da catástrofe.
O primeiro-ministro malaio, Najib Razak, se disse chocado com a tragédia, ocorrida apenas alguns meses após o desaparecimento do voo MH370 da mesma companhia no Oceano Índico.
"Se for revelado que a aeronave foi abatida por um míssil, os autores devem responder por este ato na justiça", afirmou.
O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir com urgência na sexta-feira às 14h00 GMT (11h00 de Brasília) para abordar o caso, a pedido do Reino Unido.
Vladimir Putin conversou por telefone com seu homólogo norte-americano Barack Obama, que também ligou para Poroshenko.
As autoridades ucranianas fecharam todas as rotas aéreas passando pelo leste da Ucrânia "até última ordem".
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