Dia mais sangrento em dois anos no Iraque tem 111 mortos e 235 feridos

Em Bagdá

Uma onda de ataques no Iraque matou nesta segunda-feira (23) 111 pessoas e deixou 235 feridos no dia mais sangrento vivido pelo país em mais de dois anos, depois que a Al-Qaeda alertou que iria preparar novos ataques e tentar recuperar territórios.

Autoridades indicaram 27 ataques diferentes lançados em 18 cidades, quebrando uma relativa calma propiciada pelo início, no sábado, do mês sagrado muçulmano do Ramadã.

O presidente do Parlamento, Osama al-Nujaifi, e o representante da ONU no país condenaram os atentados, que até o momento não foram reivindicados.

O Irã indicou que "o objetivo desses atos terroristas é criar divisões confessionais e ameaçar a segurança, a estabilidade e a independência do Iraque".

Os Estados Unidos denunciaram a onda de violência no país e consideraram que os ataques durante o Ramadã foram "covardes" e "censuráveis".

Ataques matam mais de cem pessoas no Iraque


"Condenamos nos termos mais fortes estes ataques ocorridos hoje (...) no Iraque. O ataque a inocentes sempre é covarde. É particularmente censurável durante este mês sagrado do Ramadã", disse à imprensa a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland.

Apesar da explosão de violência, Nuland afirmou que as forças iraquianas estão preparadas para a tarefa de manter a segurança no país após a retirada das tropas americanas em dezembro.

O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, condenou "com firmeza" os atentados.

"O Iraque continua sendo um lugar violento, isso não se discute", afirmou no avião Air Force One, que levava o presidente Barack Obama de San Francisco (Califórnia, oeste) para Reno (no vizinho Nevada).

No ataque mais mortífero desta segunda-feira - uma série de bombas, um carro-bomba e um ataque suicida visando equipes de resgate na cidade de Taji -, ao menos 42 pessoas morreram e 40 ficaram feridas, de acordo com duas fontes médicas.

"Ouvi explosões à distância então sai de casa e vi um carro do lado de fora", disse o morador de Taji de 40 anos Abu Mohammed, acrescentando que os inspetores da polícia concluíram que era um carro-bomba.

"Pedimos que os vizinhos deixassem suas casas, mas quando eles estavam saindo a bomba explodiu".

Em Bagdá, por sua vez, um carro-bomba em frente ao escritório do governo responsável por emitir documentos de identidade no bastião xiita da Cidade Sadr matou ao menos 12 pessoas e feriu outras 22, informaram fontes médicas e de segurança.

"Este ataque é um crime terrível contra a humanidade, porque eles o fizeram durante o Ramadã, quando as pessoas estão jejuando", afirmou uma vítima idosa que não quis se identificar.

Duas outras explosões nos bairros Husseiniyah e Yarmuk de Bagdá mataram ao menos quatro pessoas e deixaram outras 24 feridas, enquanto um carro-bomba na cidade de Tarmiyah, ao norte de Bagdá, feriu nove pessoas, segundo autoridades.

Tiroteios em postos de controle e explosões na província de Diyala mataram 11 pessoas e deixaram outras 40 feridas.

Insurgentes também lançaram ataques contra uma base militar perto da cidade de Dhuluiyah, matando ao menos 15 soldados iraquianos e deixando outros dois feridos, de acordo com dois funcionários dos serviços de segurança.

Dois outros ataques na mesma província - um tiroteio em um posto de controle e um carro-bomba perto de uma mesquita xiita - deixaram três mortos e seis feridos, segundo autoridades.

Nove explosões, algumas delas com alguns minutos de diferença, mataram sete pessoas e feriram 29 na cidade de Kirkuk e nas cidades de Dibis e Tuz Khurmatu, na província de Kirkuk.

Três ataques distintos - um carro-bomba, uma explosão e um tiroteio - na cidade de Mosul, no sul, e na cidade próxima de Baaj, deixaram nove mortos e sete feridos, de acordo com o tenente do exército iraquiano Waad Mohammed e com o policial Mohammed al-Juburi.

Uma bomba colocada em um mercado no centro da cidade de Diwaniyah, ao sul de Bagdá, matou três pessoas e deixou outras 25 feridas, informou o chefe dos serviços de saúde da província de Adnan Turki.

Na cidade de Heet, no oeste do país, um carro-bomba explodiu perto de uma patrulha, matando um soldado e ferindo outros 10, de acordo com um soldado do exército iraquiano e do médico Abdulwahab al-Shammari, do hospital da cidade.

Este grave episódio de violência ocorre depois que o país sofreu um aumento dos confrontos em junho, quando ao menos 282 pessoas foram mortas, de acordo com um registro da AFP feito com dados fornecidos por fontes oficiais e médicas, embora autoridades do governo informem que 131 iraquianos morreram.

Ainda que estes números sejam significativamente menores do que os registrados durante o pico do derramamento de sangue no país, de 2006 e 2008, os ataques ainda são comuns.

-- 'Começando uma nova etapa' -- A organização Estado Islâmico do Iraque alertou em uma mensagem de áudio postada em vários fóruns jihadistas que começaria a ter como alvos juízes e procuradores, e pediu a ajuda de tribos sunitas para recapturar territórios que já estiveram em seu poder.

"Estamos começando uma nova etapa", dizia a voz na mensagem, supostamente a de Abu Bakr al-Baghdadi, líder do Estado Islâmico do Iraque desde maio de 2010.

"A primeira prioridade nisso é libertar os prisioneiros muçulmanos em todos os lugares, perseguir e eliminar juízes e procuradores e seus guardas".

Não foi possível verificar se a voz é, de fato, de Baghdadi.

O locutor acrescentou: "Por ocasião do início do retorno do Estado às áreas que deixamos, convoco vocês a realizar mais esforços, e enviar seus filhos com os mujahedines para defender sua religião e obedecer a Deus".

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