'Sexta-feira da ira' deixa primeiras vítimas fatais no Egito

CAIRO, 16 Ago 2013 (AFP) - Os partidários do presidente islamita deposto Mohamed Mursi começaram a protestar nesta sexta-feira no Egito, onde já foram registradas as primeiras vítimas fatais, em protesto pelo violento desalojamento de seus acampamentos no Cairo e pelos confrontos posteriores que deixaram centenas de mortos.

Em Ismailiya, no sul do Canal de Suez, ao menos quatro manifestantes morreram pelas mãos das forças de segurança, autorizadas na quinta-feira pelo governo - designado pelo exército - a disparar com balas reais contra os manifestantes que se mostrarem violentos.

No Cairo, onde os tanques do exército blindaram os principais acessos à cidade prevendoo esta "sexta-feira da ira", um policial morreu em uma emboscada.

A Irmandade Muçulmana, confraria da qual Mursi é proveniente, convocou uma "sexta-feira da ira" com novas manifestações no Cairo após as mortes de quase 600 pessoas na repressão registrada nos últimos dias.

A comunidade internacional teme outro dia de violência no país, onde na quarta-feira a violenta desocupação de dois acampamentos de simpatizantes do presidente islamita Mohamed Mursi, derrubado pelo exército em 3 de julho, e os posteriores confrontos deixaram 578 mortos, segundo o ministério da Saúde.

A Irmandade Muçulmana cita 2.200 mortos e mais de 10.000 feridos, no dia mais violento no Egito desde a queda de Hosni Mubarak em fevereiro de 2011.

A "sexta-feira da ira" provoca inquietação na Europa, onde o presidente francês, François Hollande, terá reuniões por telefone com a chanceler alemã, Angela Merkel, e com o primeiro-ministro britânico, David Cameron.

As autoridades egípcias, designadas pelo exército, autorizaram a polícia a abrir fogo contra os manifestantes que atacarem bens públicos ou as forças de segurança.

"As manifestações contra o golpe de Estado sairão de todas as mesquitas do Cairo e seguirão para a praça Ramsés após a oração por uma 'sexta-feira da ira'", afirmou o porta-voz da Irmandade Muçulmana, Gehad El Haddad.

Laila Musa, porta-voz da coalizão pró-Mursi contra o "golpe de Estado", anunciou manifestações em todo o país.

Musa informou que simpatizantes de Mursi, incluindo dois ex-parlamentares, foram detidos antes dos protestos.

O movimento Tamarrod, que organizou as gigantescas manifestações que provocaram a destituição de Mursi, pediu aos egípcios que criem "comitês populares" para defender o país contra o que chamam de "terrorismo" da Irmandade Muçulmana, movimento de Mursi.

As autoridades decretaram estado de emergência por um mês e estabeleceram um toque de recolher no país entre 19H00 (14h00 de Brasília) e 06H00 (1H00).

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