Exército e rebeldes na Síria anunciam trégua para o Eid Al-Adha
DAMASCO, 25 Out 2012 (AFP) -O regime e os rebeldes na Síria aceitaram nesta quinta-feira suspender temporariamente as operações militares a partir de sexta-feira durante a festa muçulmana do Eid al-Adha, mas o sucesso deste cessar-fogo, aparentemente negociado pelo mediador da ONU, parece incerto.
Os rebeldes, que já haviam recebido positivamente a trégua proposta por Lakdhar Brahimi, asseguraram que têm "o direito de responder" a ataques das tropas do regime.
O Exército sírio também anunciou seu consentimento formal à trégua para a festa muçulmana do sacrifício, da sexta-feira de manhã até segunda-feira, mas também se reserva o direito de responder em caso de ataques a civis e às forças governamentais ou de ataques contra bens públicos e privados.
Mas a Frente Al-Nusra, um grupo islamita que reivindicou atentados contra o regime, rejeitou a trégua.
Diante da fragilidade do anúncio, a ONU indicou que espera "de todo coração" que a trégua seja respeitada, segundo Martin Nesirky, porta-voz do secretário-geral da Organização, Ban Ki-moon.
Tanto Estados Unidos, que pedem a saída do presidente sírio Bashar al-Assad, como o Irã, grande aliado de Damasco, saudaram o anúncio de trégua e desejaram que se torne realidade.
Se este cessar-fogo for efetivamente estabelecido, será o primeiro a ser respeitado na Síria, mergulhada desde meados de março 2011 em uma revolta popular que se tornou um conflito armado devido à repressão.
No dia 12 de abril, um cessar-fogo proclamado por iniciativa de Kofi Annan, antecessor de Brahimi, havia sido aceito pelas duas partes em conflito. Mas o acordo durou apenas algumas horas, mesmo que os combates tenham perdido intensidade por algum tempo.
"Viemos para passar o Eid com vocês" No terreno, os rebeldes aumentaram nesta quinta a sua presença em Aleppo (norte), segunda maior cidade da Síria, palco de combates intensos desde a meados de julho.
De acordo com moradores de Achrafiyé, bairro de maioria curda no norte de Aleppo, cerca de 200 rebeldes penetraram nesta quinta-feira no início da manhã no norte desta área, que vinha sendo poupada dos combates e onde vivem muitos refugiados.
Devido a um acordo tácito, nem os rebeldes nem o Exército tinham entrado até o momento em Cheikh Maqsoud e em Achrafiyé, bairros controlados pelas forças curdas.
"Franco-atiradores entraram nos prédios e cerca de cinquenta homens armados, vestidos de preto e usando na cabeça faixas com lemas islâmicos, ocuparam uma escola", relatou um habitante.
"Eu ouvi alguns deles dizerem aos moradores: 'Viemos para passar o Eid com vocês'", acrescentou. O Eid al-Adha é uma das festas mais sagradas dos muçulmanos.
Aos embaixadores dos 15 países membros do Conselho de Segurança, o emissário da Liga Árabe e da ONU ressaltou que o cessar-fogo, caso seja respeitado, será um "pequeno passo" para uma possível abertura de um diálogo político e para um melhor acesso humanitário.
Mas, após 19 meses de um conflito que já causou a morte de mais de 35.000 pessoas, segundo uma ONG síria, a desconfiança entre os dois lados é tanta que Brahimi declarou que "não pode garantir que a trégua será bem-sucedida", de acordo com um diplomata.
O cessar-fogo, de qualquer maneira, traria um pouco de descanso para uma população que sofre constantemente com a violência.
O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) afirmou que está pronto, em caso de trégua, para enviar ajuda a milhares de famílias em locais até o momento inacessíveis.
"Apenas sobrevivemos" "Nós apenas sobrevivemos. Eu pedi dinheiro emprestado para o meu irmão só para comer. As escolas estão fechadas em Aleppo e as crianças ficam em casa durante todo o dia. Eu nem deixo que elas comprem doces de tanto medo", disse à AFP uma mãe de 36 anos.
Na província de Damasco, o Exército, que tenta ganhar terreno, bombardeou Harasta e seus arredores, enquanto combates foram travados no sul da capital.
Duzentos quilômetros a leste de Aleppo, os rebeldes tomaram ao amanhecer o controle de um posto do Exército que estava cercado há dias em Raqa. Os combatentes mataram três soldados e recuperaram armas e um tanque, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Na mesma província, um padre que negociava a libertação de um médico cristão foi encontrado enforcado, segundo moradores e o patriarca ortodoxo.
Segundo o OSDH, que se baseia em uma rede de militantes locais, nesta quinta-feira 100 pessoas morreram em todo o país, sendo 43 civis, 37 soldados e 20 rebeldes.
Enquanto isso, a Rússia, forte aliada de Damasco, acusou os Estados Unidos de coordenarem e garantirem apoio logístico para a entrega de armas aos rebeldes sírios, apesar de Washington assegurar que não fornece nenhum tipo de ajuda militar à rebelião síria.
"Os Estados Unidos asseguram a coordenação e o apoio logístico" das entregas de armas para "grupos armados ilegais", declarou a diplomacia russa em um comunicado.
A nova comissária da ONU, Carla del Ponte, integrante da Comissão de Investigação sobre violações dos direitos humanos na Síria, declarou que deseja identificar as autoridades responsáveis pelos crimes contra a Humanidade e por crimes de guerra cometidos neste país, enquanto a comissão ainda espera ser recebida por Damasco.
Os rebeldes, que já haviam recebido positivamente a trégua proposta por Lakdhar Brahimi, asseguraram que têm "o direito de responder" a ataques das tropas do regime.
O Exército sírio também anunciou seu consentimento formal à trégua para a festa muçulmana do sacrifício, da sexta-feira de manhã até segunda-feira, mas também se reserva o direito de responder em caso de ataques a civis e às forças governamentais ou de ataques contra bens públicos e privados.
Mas a Frente Al-Nusra, um grupo islamita que reivindicou atentados contra o regime, rejeitou a trégua.
Diante da fragilidade do anúncio, a ONU indicou que espera "de todo coração" que a trégua seja respeitada, segundo Martin Nesirky, porta-voz do secretário-geral da Organização, Ban Ki-moon.
Tanto Estados Unidos, que pedem a saída do presidente sírio Bashar al-Assad, como o Irã, grande aliado de Damasco, saudaram o anúncio de trégua e desejaram que se torne realidade.
Se este cessar-fogo for efetivamente estabelecido, será o primeiro a ser respeitado na Síria, mergulhada desde meados de março 2011 em uma revolta popular que se tornou um conflito armado devido à repressão.
No dia 12 de abril, um cessar-fogo proclamado por iniciativa de Kofi Annan, antecessor de Brahimi, havia sido aceito pelas duas partes em conflito. Mas o acordo durou apenas algumas horas, mesmo que os combates tenham perdido intensidade por algum tempo.
"Viemos para passar o Eid com vocês" No terreno, os rebeldes aumentaram nesta quinta a sua presença em Aleppo (norte), segunda maior cidade da Síria, palco de combates intensos desde a meados de julho.
De acordo com moradores de Achrafiyé, bairro de maioria curda no norte de Aleppo, cerca de 200 rebeldes penetraram nesta quinta-feira no início da manhã no norte desta área, que vinha sendo poupada dos combates e onde vivem muitos refugiados.
Devido a um acordo tácito, nem os rebeldes nem o Exército tinham entrado até o momento em Cheikh Maqsoud e em Achrafiyé, bairros controlados pelas forças curdas.
"Franco-atiradores entraram nos prédios e cerca de cinquenta homens armados, vestidos de preto e usando na cabeça faixas com lemas islâmicos, ocuparam uma escola", relatou um habitante.
"Eu ouvi alguns deles dizerem aos moradores: 'Viemos para passar o Eid com vocês'", acrescentou. O Eid al-Adha é uma das festas mais sagradas dos muçulmanos.
Aos embaixadores dos 15 países membros do Conselho de Segurança, o emissário da Liga Árabe e da ONU ressaltou que o cessar-fogo, caso seja respeitado, será um "pequeno passo" para uma possível abertura de um diálogo político e para um melhor acesso humanitário.
Mas, após 19 meses de um conflito que já causou a morte de mais de 35.000 pessoas, segundo uma ONG síria, a desconfiança entre os dois lados é tanta que Brahimi declarou que "não pode garantir que a trégua será bem-sucedida", de acordo com um diplomata.
O cessar-fogo, de qualquer maneira, traria um pouco de descanso para uma população que sofre constantemente com a violência.
O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) afirmou que está pronto, em caso de trégua, para enviar ajuda a milhares de famílias em locais até o momento inacessíveis.
"Apenas sobrevivemos" "Nós apenas sobrevivemos. Eu pedi dinheiro emprestado para o meu irmão só para comer. As escolas estão fechadas em Aleppo e as crianças ficam em casa durante todo o dia. Eu nem deixo que elas comprem doces de tanto medo", disse à AFP uma mãe de 36 anos.
Na província de Damasco, o Exército, que tenta ganhar terreno, bombardeou Harasta e seus arredores, enquanto combates foram travados no sul da capital.
Duzentos quilômetros a leste de Aleppo, os rebeldes tomaram ao amanhecer o controle de um posto do Exército que estava cercado há dias em Raqa. Os combatentes mataram três soldados e recuperaram armas e um tanque, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Na mesma província, um padre que negociava a libertação de um médico cristão foi encontrado enforcado, segundo moradores e o patriarca ortodoxo.
Segundo o OSDH, que se baseia em uma rede de militantes locais, nesta quinta-feira 100 pessoas morreram em todo o país, sendo 43 civis, 37 soldados e 20 rebeldes.
Enquanto isso, a Rússia, forte aliada de Damasco, acusou os Estados Unidos de coordenarem e garantirem apoio logístico para a entrega de armas aos rebeldes sírios, apesar de Washington assegurar que não fornece nenhum tipo de ajuda militar à rebelião síria.
"Os Estados Unidos asseguram a coordenação e o apoio logístico" das entregas de armas para "grupos armados ilegais", declarou a diplomacia russa em um comunicado.
A nova comissária da ONU, Carla del Ponte, integrante da Comissão de Investigação sobre violações dos direitos humanos na Síria, declarou que deseja identificar as autoridades responsáveis pelos crimes contra a Humanidade e por crimes de guerra cometidos neste país, enquanto a comissão ainda espera ser recebida por Damasco.