Reforços de armamento pesado chegam a Donetsk, leste da Ucrânia

DONETSK, Ucrânia, 09 Nov 2014 (AFP) - Grandes reforços de armas pesadas chegaram na manhã deste domingo em Donestk, reduto separatista pró-Rússia no oeste da Ucrânia onde intensos combates de artilharia explodiram na madrugada.

Uma semana após as eleições separatistas organizadas rejeitadas por Kiev e o Ocidente, mas reconhecida de fato pela Rússia, a tensão aumentou neste conflito que já dura quase sete meses e que já deixou mais de 4.000 mortos, segundo a ONU.

Jornalistas da AFP observaram no início da tarde que um comboio formado por cerca de 20 caminhões militares sem placa se dirigia a Donestk.

Um morador relatou à AFP ter visto passar sete canhões automotores em direção à zona do aeroporto, um dos principais pontos de batalha entre o exército ucraniano e os separatistas, e de Iassynuvata, entroncamento ferroviário e cidade vizinha a Donetsk.

Na madrugada, Donetsk foi chacoalhada por tiros de artilharia nos imediações do centro da cidade. O tiroteio seguiu manhã adentro com menor intensidade.



- Canhões, tanques e caminhões -



A Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) afirmou neste sábado estar "muito preocupada" com a presença de comboios militares e tanques no leste rebelde. "Mais de 40 tanques e caminhões" foram vistos circulando numa estrada na periferia leste de Makiyvka, indicaram os observadores da OSCE presentes na Ucrânia para fiscalizar o cumprimento do cessar-fogo assinado em 5 de setembro entre Kiev e os separatistas.

Entre eles, 19 caminhões militares da marca russa Kamaz, sem placa, transportavam canhões de 122 mm e homens vestindo uniforme verde escuro sem identificação. Seis caminhões-cisternas os acompanhavam.

Os observadores da OSCE também viram "um comboio de nove tanques, quatro T72 e cinco T64", se deslocando para o sudoeste de Donetsk.

"A OSCE não informou a quem tais tropas e equipamentos estariam ligados, mas os militares ucranianos não têm dúvidas", declarou neste domingo o porta-voz militar Andriy Lyssenko em clara alusão à Rússia.

Ele disse temer "provocações" visando "criar um pretexto para a introdução no Donbass de pretensas forças de manutenção de paz russas".

As agências públicas russas negaram qualquer envolvimento no caso e afirmaram que os equipamentos pertencem aos rebeldes, citando os chefes rebeldes.

As autoridades ucranianas, que acusam moscou de armar os rebeldes e enviar regularmente tropas para o leste, denunciaram na última sexta-feira a entrada, a partir da Rússia, de dezenas de tanques, peças de artilharia e tropas.

Essas informações não foram confirmadas nem pelos Estados Unidos nem pela Otan. A aliança fala de uma "concentração acentuada de tropas" russas na fronteira com a Ucrânia.





- 'Nova Guerra Fria' -



Iniciada há quase um ano por um movimento de contestação pró-europeu em Kiev duramente reprimido que culminou na queda do regime pró-Rússia, a crise ucraniana está na origem da pior degradação das relações entre Moscou e o Ocidente desde o final da Guerra Fria.

Desde a anexação da Crimeia em março, a Rússia tem sido atingida por fortes sanções econômicas - endurecidas após o desastre do voo MH17, que levava 298 pessoas e foi abatido por um míssil em julho, quando sobrevoava o território controlado pelos separatistas pró-Rússia no leste ucraniano.

O último líder da União Soviética, Mikhail Gorbatchev, afirmou neste sábado que o mundo "está à beira de uma nova Guerra Fria".

"Nós vemos novos muros. Na Ucrânia, há um vão enorme que eles (os países da Otan, ndlr) querem cavar", declarou Gorbatchev durante as comemorações do 25º aniversário da queda do Muro de Berlim.

Em visita à Ucrânia neste sábado, o ministro holandês das Relações Exteriores, Bert Koenders, denunciou as eleições separatistas "ilegais" e estimou que não existem "razões para suspender as sanções" contra a Rússia.

Os países europeus devem examinar novamente a estratégia para a crise russa em 17 de novembro.

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