Polícia usa gás lacrimogêneo para dispersar manifestação contra estupro coletivo em Nova Déli
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Raveendran/AFP
Manifestantes se protegem de gás lacrimogêneo jogado pela polícia durante o protesto
A polícia indiana usou gás lacrimogêneo, cassetetes e canhões de água para tentar dispersar o sexto e mais violento dia de protestos contra um estupro coletivo brutal de uma estudante na semana passada.
Milhares de manifestantes, a maioria universitários, se reuniram próximo ao monumento Porta da Índia, no coração da capital indiana, e se deslocaram em direção ao palácio presidencial.
Os manifestantes furiosos gritavam "Queremos justiça", pedindo mais segurança para as mulheres em todo o país, enquanto a polícia tentava conter a multidão. Alguns cartazes diziam "Enforquem os estupradores agora".
Neste sábado (22), o ministro do Interior sugeriu que a Índia pode considerar a pena de morte para os estupradores. Seis homens bêbados estavam em um ônibus quando abordaram a estudante de fisioterapia e o companheiro de 28 anos. Eles violentaram a moça diversas vezes antes de empurrar o homem do veículo em movimento.
Durante o ataque, a vítima sofreu sérios ferimentos intestinais por ter sido agredida com uma barra de ferro.
Cinco suspeitos foram presos depois do crime e o sexto foi pego na sexta-feira.
O crime é o último de uma série de violentos ataques às mulheres na capital e desencadeou pedidos de leis mais rígidas e processos mais rápidos.
Neste sábado, tropas de choque foram chamadas e rotas que levavam ao local da manifestação foram bloqueadas para tentar conter os protestos. Alguns manifestantes arremessavam pedras.
Os choques começaram quando um grupo tentou romper as barricadas policiais e se dirigir ao palácio presidencial.
Cerca de 20 estudantes ficaram feridos no confronto e foram levados a um hospital da capital, segundo a Press Trust of India.
Médicos do hospital onde a vítima, de 23 anos, está sendo tratada disseram que ela estava em estado crítico, mas estável e foi retirada de um respirador.
"Ela está bem melhor que ontem. Ela bebeu goles de água e suco de maça hoje," informou o médico superintendente do Safdarjung Hospital, B.D. Athani.
A vítima é "muito corajosa, positiva e otimista", disse outro médico, Abhilasha Yadav.
Após a intensificação das manifestações após o ataque de domingo passado, o governo pediu calma.
"Esta não é a forma de protestar. Tentar atacar prédios e destruir barricadas não é o caminho para começar um diálogo," disse o ministro R.P.N. Singh à rede de televisão indiana CNN-IBN.
"O governo está fazendo tudo o que pode para tomar medidas e garantir que as mulheres estejam em um país seguro."
O governo declarou na sexta-feira que pressionará para que os agressores da estudante sejam condenados à prisão perpétua e prometeu maior policiamento, além de pagar as despesas médicas da vítima.
Ravi Shankar Prasad, porta-voz do principal partido de oposição nacional, o Bharatiya Janata (BJP), disse que Nova Délhi "está se tornando a capital do estupro" da Índia.
O número de casos de estupro em Nova Délhi aumentou 17%, a 661, em um ano, de acordo com dados do governo, a cifra mais alta em comparação a outras cidades indianas.
Especialistas dizem que uma combinação de comportamento sexual abusivo, pouco temor da lei e um sistema judicial obsoleto encorajam tais ataques na cidade de 19 milhões de pessoas.
A líder do opositor BJP, Sushma Swaraj, solicitou que os estupradores recebam pena de morte.
O ministro do Interior, Sushil Kumar Shinde, disse que o governo avaliaria a "pena máxima nos mais raro do raros entre os casos de estupro", se referindo à pena de morte.
A pena máxima atual para o estupro é a prisão perpétua e "a pena de morte terá que ser discutida em detalhes", disse Shindle em coletiva de imprensa neste sábado.
A Índia executou apenas duas pessoas desde 2004.