Bento 16 critica rejeição a Deus e violência religiosa
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Max Rossi/Reuters
Papa Bento 16 celebra a tradicional Missa do Galo na basílica de São Pedro do Vaticano
A rejeição a Deus pelo mundo contemporâneo leva à rejeição do outro, principalmente dos mais vulneráveis, advertiu nesta segunda-feira (24) o papa Bento 16, durante a missa de Natal, antes de definir qualquer violência em nome de Deus como uma "doença" da religião.
"Estamos completamente repletos de nós mesmos, de modo que já não há espaço para Deus. Também não resta espaço para os outros, para as crianças, os pobres, os estrangeiros", disse o Papa na missa celebrada na Basílica de São Pedro. "Não é precisamente a Deus que rejeitamos?", questionou Bento 16.
O Evangelho de Natal, onde José e Maria a ponto de dar à luz não encontram pousada em qualquer hospedaria de Belém, "ainda me comove e inevitavelmente surge a questão sobre o que ocorreria se José e Maria batessem hoje na nossa porta? Haveria lugar para eles?" "Daríamos de fato abrigo a Deus?", perguntou o papa, 85.
No início de uma cerimônia de mais de duas horas, acompanhada por coral em latim, música de órgão e som de trombetas, Bento 16 percorreu a imensa Basílica de São Pedro sobre uma plataforma móvel, mostrando cansaço.
"Correntes de pensamento muito difundidas afirmam que (...) a religião, em particular o monoteísmo, seria a causa da violência e das guerras no mundo; que seria preciso libertar a humanidade da religião para se estabelecer a paz; que o monoteísmo, a fé em um único Deus seria prepotência, motivo de intolerância, já que por sua natureza tentaria se impor a todos com a pretensão da única verdade."
"É certo que o monoteísmo serviu durante a história como pretexto para a intolerância e a violência. É verdade que uma religião pode se desviar e chegar a se opor à natureza mais profunda quando o homem pensa que deve tomar em suas mãos a causa de Deus, fazendo de Deus sua propriedade privada. Devemos estar atentos contra a distorção do sagrado."
"Mas mesmo que seja incontestável um certo uso indevido da religião na história, não é verdade que o 'não' a Deus restabeleceria a paz. Se a luz de Deus se apaga, se extingue também a dignidade divina do homem", disse Bento 16.
O papa, que celebrou a missa com o auxílio de cerca de 30 cardeais, rezou pela paz na Palestina, Síria, Líbano e Iraque para que os cristãos possam "conservar sua morada" nestes lugares e para que "cristãos e muçulmanos possam construir juntos seus países na paz de Deus".