Ravasi, o intelectual que ama rock e latim e que pode ser o Papa do futuro

Na Cidade do Vaticano

  • Alessandro Bianchi/Reuters

    Cardeal Ravasi, da Itália, ouve Amy Winehouse

    Cardeal Ravasi, da Itália, ouve Amy Winehouse

O cardeal italiano Gianfranco Ravasi, um intelectual brilhante amante do rock, escreve tuítes em latim e sabe fascinar o público com seus sermões, pode ser o papa que a Igreja católica busca para o século 21.

O cardeal de 70 anos, atual presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, é uma pessoa aberta ao diálogo, e muitos italianos o conhecem por seus artigos para a culta edição dominical do jornal econômico "Il Sole 24Ore".

O prelado, nascido em Merate (Lombardia, norte) no dia 18 de outubro de 1942, capaz de citar Jean-Paul Sartre e Santo Agostinho, é uma pessoa simples e prolífica, comentou recentemente um cardeal brasileiro, destacando: "A cada vez que vou à Itália escrevo um livro".

Com uma sólida formação teológica, é considerado o homem que pode erguer pontes com o mundo moderno, em particular com os jovens.

Como demonstração desta atenção em direção à arte e à cultura moderna, Ravasi concedeu em 2009 o "Prêmio Robert Bresson" do Festival de Veneza ao diretor brasileiro Walter Salles, por seu cinema de qualidade.

O vaticanista John Allen costuma apresentá-lo como uma espécie de combinação entre Bento 16 e Carlo Maria Martini, o lendário cardeal de Milão símbolo do catolicismo progressista italiano, falecido em agosto de 2012.

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Recentemente, o cardeal confessou que ouve as canções melancólicas de Amy Winehouse para entender os problemas universais dos jovens de hoje.

"Temos que ouvir mais suas questões. Nós, os adultos, de gerações anteriores, pastores, devemos (...) começar a sentir um pouco como batem seus corações e mentes", afirmou.

O ex-diretor da Biblioteca Ambriosana de Milão, um monumento à civilização ocidental, fundada há quatro séculos e que contém o Código Atlântico de Leonardo da Vinci, surpreendeu em um congresso quando afirmou que "Charles Darwin e a Bíblia são compatíveis".

Extrovertido, alegre e com boa saúde, Ravasi foi o escolhido por Bento 16 para presidir as meditações de sua última semana de retiros espirituais como pontífice.

Uma decisão, um gesto, uma mensagem que o papa que renunciou deixou aos prelados de todo o mundo.

As orações de Ravasi foram transmitidas por podcast pela Rádio Vaticano e ele enviou twites em inglês e italiano.

No entanto, o fato de ser italiano e de não contar com experiência pastoral pode pesar negativamente no momento do conclave.

Especialista na Bíblia, o cardeal Ravasi não teme enfrentar a imprensa e costuma seduzir com sua facilidade de discurso e com sua erudição, impregnada de leituras, boa literatura e cinema.

Poliglota, nos últimos anos viajou pelo mundo para uma série de encontros com fiéis e não fiéis.

"Tenho muitos amigos não crentes", confessou recentemente em uma entrevista a uma revista católica italiana.

Filho de um funcionário do Tesouro que desertou por ódio ao fascismo e de uma mãe professora, forma parte da Pontifícia Comissão para os Bens Culturais da Igreja e da Pontifícia Comissão de Arqueologia Sagrada.

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