Confrontos perto da sede da Irmandade Muçulmana deixam mais de 120 feridos no Egito

CAIRO, 22 Mar 2013 (AFP) - Manifestantes da oposição enfrentaram nesta sexta-feira membros da Irmandade Muçulmana perto da sede do grupo islâmico, em um subúrbio do Cairo, que se tornou alvo da ira dos opositores aos islamitas no poder.

Mais de 120 pessoas ficaram feridas nos enfrentamentos, anunciou à agência oficial Mena o diretor dos serviços de emergência, Mohammed Soltane.

Durante a noite, vários grupos de manifestantes permaneciam nas imediações da sede da Irmandade Muçulmana, situa sobre a colina de Moqattam, no subúrbio da capital, e colocada sob forte proteção policial.

Pouco antes, manifestantes detiveram e espancaram três simpatizantes islâmicos, despindo dois deles, de acordo com um jornalista da AFP. Também fizeram parar uma ambulância que transportava um membro da Irmandade Muçulmana, que acabou sendo alvo da fúria dos opositores, segundo o jornalista.

Quatro ônibus que levavam membros da irmandade islamita para a colina de Moqattam foram queimados.

Partidários da Irmandade também partiram para o ataque e dispararam com balas de borracha.

"Eu vim de Bilbeiss (Delta do Nilo) para proteger a sede com meus amigos", disse à AFP um membro da Irmandade Muçulmana.

"Ovelhas! Rebanho! Vocês caminham atrás de Badie!", cantavam os opositores, referindo-se ao Guia Supremo Mohammed Badie, acusado de ser quem realmente toma as decisões no Egito, na sombra do presidente Mohamed Mursi, que pertence à irmandade.

Mursi, que enfrenta uma onda de indignação, é acusado pela oposição de trair a "revolução" e por não resolver os graves problemas econômicos e sociais do país.

"Esta é uma justificativa mentirosa, uma tentativa de proteger bandidos. As pessoas devem expressar suas opiniões de maneira pacífica", denunciou à televisão estatal Abderrahmane al-Barr, um alto membro da Irmandade Muçulmana.

Os dois grupos jogaram pedras uns contra os outros nas imediações da sede da confraria. Os opositores tentaram forçar o cordão de isolamento da polícia, que respondeu com bombas de gás lacrimogêneo.

Enquanto isso, no bairro de Manial, no Cairo, um outro edifício do grupo islâmico foi saqueado por um grupo de homens que agrediu mulheres reunidas em ocasião do dia das mães, indicou à AFP um porta-voz da Irmandade Muçulmana, Ahmed Aref.

Já a sede do partido da Irmandade Muçulmana em Mahalla, no Delta do Nilo, foi incendiada por manifestantes, informou a agência oficial egípcia Mena.

Os manifestantes hostis à Irmandade Muçulmana lançaram coquetéis molotov contra o edifício, que pegou fogo, segundo a agência.

Militantes da oposição, incluindo membros dos Black Bloc -hostis aos islamitas- haviam convocado um protesto na colina de Moqattam contra a Irmandade Muçulmana.

O secretário-geral da confraria, Mahmoud Hussein, reagiu afirmando que os islâmicos iriam proteger sua sede "caso a polícia não assumisse suas responsabilidades".

Em 17 de março, confrontos entre a polícia e manifestantes hostis ao movimento islâmico em frente à sede ocorreram no dia seguinte à agressão de vários opositores que pichavam os muros do local.

Jornalistas e fotógrafos presentes também foram atingidos, segundo a imprensa local, contribuindo para piorar o clima entre o grupo e grande parte da imprensa egípcia.

Desde a eleição de Mursi à presidência em junho de 2012, mais de trinta locais da Irmandade foram atacados em todo o país.

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