Brics conclui acordo em Durban para criação de banco de desenvolvimento
DURBAN, África do Sul, 27 Mar 2013 (AFP) - Os líderes dos países emergentes do Brics, reunidos em Durban, na África do Sul, chegaram a um acordo nesta terça-feira para criar um banco de desenvolvimento comum destinado a financiar infraestruturas, que deverá permitir que atue como uma espécie de Banco Mundial.
"Está feito", declarou o ministro sul-africano das Finanças, Pravin Gordhan. Mas deve se tratar apenas de um acordo de princípio, já que importantes questões técnicas serão deixadas para mais tarde.
"Ainda há muitos detalhes a serem discutidos (...) e temos um processo para esses detalhes", indicou seu colega do Comércio e da Indústria, Rob Davies, sobre um primeiro acordo deverá ser anunciado pelos chefes de Estado e de governo de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Os detalhes devem ser anunciados na quarta-feira pelos chefes de Estado e de governo dos cinco países.
O ministro russo das Finanças, Anton Silaunov, afirmou que os países devem ainda chegar a um acordo sobre o valor da contribuição de cada e sobre a divisão dos votos, acrescentando que as discussões serão mantidas durante o G20 de São Petersburgo (Rússia), em setembro.
De acordo com as conclusões da comissão de trabalho que antecedeu a cúpula, o novo banco deve ser dotado de um capital inicial de 50 bilhões de dólares, ou seja, 10 bilhões por país.
Mesmo que tenha problemas para reunir essa soma que corresponde a 2,5% de seu produto interno bruto (PIB), a África do Sul fez dessa questão uma prioridade. Ela espera encontrar também um meio de financiar seu ambicioso programa de infraestrutura e também os projetos dos países vizinhos.
"Acredito que os valores disponíveis para financiar o desenvolvimento não são claramente suficientes para satisfazer (...) as necessidades em infraestruturas do continente africano. Assim, um novo ator será bem-vindo para dar sua contribuição", disse Rob Davies.
O Banco Mundial (BM) afirmou que está "pronto" para trabalhar "estreitamente" com o novo banco de fomento criado pelo BRICS.
"Celebramos a criação por parte dos países do BRICS de um banco de desenvolvimento e estamos prontos para trabalhar estreitamente com esta nova entidade para acabar com a pobreza".
O país anfitrião intitulou a reunião de Durban "O Brics e a África: uma parceria para o desenvolvimento, a integração e a industrialização".
Por trás do discurso político unificador, que consiste em dizer que o Brics deve constituir uma força econômica e política para fazer frente às potências ocidentais, estão as apreensões africanas.
É de fato a presença cada vez maior da China na África, que suscita preocupação, com alguns considerando que os chineses não representam mais um país emergente, e que suas relações econômicas com o continente são, aparentemente, mais uma nova forma de colonialismo.
O dia começou justamente com a recepção do presidente chinês, Xi Jinping, pelo seu homólogo sul-africano Jacob Zuma durante uma visita de Estado a Pretória.
"Vemos os êxitos da China como uma fonte de esperança e de inspiração. A emergência da China nos dá lições e tentamos seguir o seu exemplo", declarou Zuma.
"Consideramos cada outra parte como uma prioridade (...) e como uma oportunidade para nosso próprio desenvolvimento", disse Xi.
O presidente chinês afirmou que espera que a cúpula de Durban tenha "resultados positivos e ajude a intensificar a cooperação entre os países do Brics e os países africanos".
Um contra-peso ao Ocidente
Os dois foram em seguida a Durban, onde Zuma se reuniu com o russo Vladimir Putin.
Preocupados com sua independência, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que reúnem 43% da população e produzem um quarto do PIB do planeta, querem se dotar de instituições e mecanismos comuns que os permitam contornar um sistema mundial atualmente dominado pelo Ocidente, do Fundo Monetário Internacional (FMI) ao Banco Mundial, passando pelas agências de classificação de risco.
Além da criação de um banco de desenvolvimento, o Brics poderá também ter à disposição parte de suas reservas cambiais --4,4 trilhões de dólares, segundo Pretória, sendo três quartos de Pequim-- para que se ajudem mutuamente em caso de choque conjuntural.
Esse fundo comum, que os permitirá evitar um recurso ao FMI, deve ser dotado de 100 bilhões de dólares, de acordo com o presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini.
Os cinco países também devem discutir as criações de uma agência de classificação de risco, de um mecanismo de resseguros, de um conselho de empreendedores e de uma instituição de classificação de universidades. Também discute-se a criação de um cabo submarino que permitiria transmitir dados em alta velocidade do Brasil para a Rússia via África do Sul, Índia e China, em um projeto de 1,2 bilhão de dólares.
O primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, deve de juntar aos presidentes brasileiro, russo, chinês e sul-africano durante a noite para um jantar de gala, mas com o prato principal das conversas entre os cinco líderes previsto para a manhã de quarta-feira.
O encontro chegará ao fim na quarta à tarde com um evento organizado em um hotel de luxo cerca de cinquenta quilômetros ao norte de Durban, com uma delegação de chefes de Estado africanos, provenientes principalmente da Costa do Marfim, do Egito, de Moçambique, de Uganda, do Senegal e do Chade.
"Está feito", declarou o ministro sul-africano das Finanças, Pravin Gordhan. Mas deve se tratar apenas de um acordo de princípio, já que importantes questões técnicas serão deixadas para mais tarde.
"Ainda há muitos detalhes a serem discutidos (...) e temos um processo para esses detalhes", indicou seu colega do Comércio e da Indústria, Rob Davies, sobre um primeiro acordo deverá ser anunciado pelos chefes de Estado e de governo de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Os detalhes devem ser anunciados na quarta-feira pelos chefes de Estado e de governo dos cinco países.
O ministro russo das Finanças, Anton Silaunov, afirmou que os países devem ainda chegar a um acordo sobre o valor da contribuição de cada e sobre a divisão dos votos, acrescentando que as discussões serão mantidas durante o G20 de São Petersburgo (Rússia), em setembro.
De acordo com as conclusões da comissão de trabalho que antecedeu a cúpula, o novo banco deve ser dotado de um capital inicial de 50 bilhões de dólares, ou seja, 10 bilhões por país.
Mesmo que tenha problemas para reunir essa soma que corresponde a 2,5% de seu produto interno bruto (PIB), a África do Sul fez dessa questão uma prioridade. Ela espera encontrar também um meio de financiar seu ambicioso programa de infraestrutura e também os projetos dos países vizinhos.
"Acredito que os valores disponíveis para financiar o desenvolvimento não são claramente suficientes para satisfazer (...) as necessidades em infraestruturas do continente africano. Assim, um novo ator será bem-vindo para dar sua contribuição", disse Rob Davies.
O Banco Mundial (BM) afirmou que está "pronto" para trabalhar "estreitamente" com o novo banco de fomento criado pelo BRICS.
"Celebramos a criação por parte dos países do BRICS de um banco de desenvolvimento e estamos prontos para trabalhar estreitamente com esta nova entidade para acabar com a pobreza".
O país anfitrião intitulou a reunião de Durban "O Brics e a África: uma parceria para o desenvolvimento, a integração e a industrialização".
Por trás do discurso político unificador, que consiste em dizer que o Brics deve constituir uma força econômica e política para fazer frente às potências ocidentais, estão as apreensões africanas.
É de fato a presença cada vez maior da China na África, que suscita preocupação, com alguns considerando que os chineses não representam mais um país emergente, e que suas relações econômicas com o continente são, aparentemente, mais uma nova forma de colonialismo.
O dia começou justamente com a recepção do presidente chinês, Xi Jinping, pelo seu homólogo sul-africano Jacob Zuma durante uma visita de Estado a Pretória.
"Vemos os êxitos da China como uma fonte de esperança e de inspiração. A emergência da China nos dá lições e tentamos seguir o seu exemplo", declarou Zuma.
"Consideramos cada outra parte como uma prioridade (...) e como uma oportunidade para nosso próprio desenvolvimento", disse Xi.
O presidente chinês afirmou que espera que a cúpula de Durban tenha "resultados positivos e ajude a intensificar a cooperação entre os países do Brics e os países africanos".
Um contra-peso ao Ocidente
Os dois foram em seguida a Durban, onde Zuma se reuniu com o russo Vladimir Putin.
Preocupados com sua independência, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que reúnem 43% da população e produzem um quarto do PIB do planeta, querem se dotar de instituições e mecanismos comuns que os permitam contornar um sistema mundial atualmente dominado pelo Ocidente, do Fundo Monetário Internacional (FMI) ao Banco Mundial, passando pelas agências de classificação de risco.
Além da criação de um banco de desenvolvimento, o Brics poderá também ter à disposição parte de suas reservas cambiais --4,4 trilhões de dólares, segundo Pretória, sendo três quartos de Pequim-- para que se ajudem mutuamente em caso de choque conjuntural.
Esse fundo comum, que os permitirá evitar um recurso ao FMI, deve ser dotado de 100 bilhões de dólares, de acordo com o presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini.
Os cinco países também devem discutir as criações de uma agência de classificação de risco, de um mecanismo de resseguros, de um conselho de empreendedores e de uma instituição de classificação de universidades. Também discute-se a criação de um cabo submarino que permitiria transmitir dados em alta velocidade do Brasil para a Rússia via África do Sul, Índia e China, em um projeto de 1,2 bilhão de dólares.
O primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, deve de juntar aos presidentes brasileiro, russo, chinês e sul-africano durante a noite para um jantar de gala, mas com o prato principal das conversas entre os cinco líderes previsto para a manhã de quarta-feira.
O encontro chegará ao fim na quarta à tarde com um evento organizado em um hotel de luxo cerca de cinquenta quilômetros ao norte de Durban, com uma delegação de chefes de Estado africanos, provenientes principalmente da Costa do Marfim, do Egito, de Moçambique, de Uganda, do Senegal e do Chade.
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