Palestinos acusam Israel por morte de prisioneiro

RAMALLAH, Territórios palestinos, 02 Abr 2013 (AFP) - Um prisioneiro palestino, condenado à prisão perpétua, faleceu nesta terça-feira aos 64 anos vítima de câncer no hospital Soroka de Beersheva (sul de Israel), uma morte que os palestinos atribuem ao governo israelense.

A morte de Maisara Abu Hamdiye desencadeou imediatamente protestos em pelo menos quatro estabelecimentos penitenciários, onde estão detidos presos políticos palestinos e para onde foram enviados reforços.

Também foram registrados confrontos em Hebron (sul da Cisjordânia), de onde Abu Hamdiye era originário. Em Gaza, obuses foram disparados na direção do território israelense, mas não deixaram feridos ou provocaram danos importantes.

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, acusou o governo israelense de ser "arrogante e intransigente" e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de ser responsável pela morte do detento, que estava internado no Hospital Soroka desde o fim de de semana.

"A presidência palestina considera o governo de Netanyahu como responsável pelo martírio do prisioneiro Maisara Abu Hamdiye hoje nas celas do ocupante israelense", afirmou o porta-voz de Abbas, Nabil Abu Rudeina.

Um alto funcionário do governo israelense, que pediu anonimato, disse que declarações deste tipo são prejudiciais à causa palestina.

"Ao invés de usar uma linguagem de confronto, a Autoridade Palestina faria um favor a seu povo se começasse a usar uma linguagem de paz e reconciliação, porque é o único caminho para um Estado palestino", declarou.

O diretor da associação de prisioneiros palestinos, Qadura Fares, também acusou Israel de ser responsável pela morte, provocada segundo ele por negligência médica e pela recusa das autoridades penitenciárias de liberá-lo para receber atendimento.

O prisioneiro se queixara de dor garganta há nove meses e depois teve um câncer detectado.

Abu Hamdiye, ex-general das forças de segurança da Autoridade Palestina, foi detido em 2002 e condenado à prisão perpétua em 2007 por tentativa de assassinato.

Ele era acusado de ter participado no recrutamento de militantes que pretendiam cometer um atentado em um café de Jerusalén em 2002.

O serviço penitenciário israelense confirmou a morte em um comunicado, no qual explica que havia um procedimiento de libertação em curso pelo agravamento do estado de saúde do detento.

"Há uma semana, os médicos indicaram que estava em fase terminal e a administração penitenciária havia solicitado à comissão de libertações que o deixasse livre, mas o procedimento não teve êxito", afirma a noita.

Segundo a associação de prisioneiros palestinos, as penintenciárias israelenses têm 25 detentos palestinos com câncer e 18 com outras doenças crônicas graves.

Nas últimas semanas, o presidente Abbas e o primeiro-ministro palestino Salam Fayad pediram divesas vezes a libertação de Maisara Abu Hamdiye, que estava muito doente há dois meses.

O ministro palestino para os Prisioneiros, Issa Qaraqae, denunciou "um crime" e recordou que 207 palestinos morreram nas prisões israelenses desde 1967. Também defendeu uma greve geral e um dia de luto na quarta-feira nos Territórios Palestinos.

O movimento de protesto dos prisioneiros palestinos, alguns deles em greve de fome intermitente há meses, continuará na quarta-feira.

Os principais movimentos palestinos, Fatah e Hamas, assim como a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), denunciaram energicamente o "assassinato premeditado" de Abu Hamdiye.

A morte de Arafat Jadarat, detento de 30 anos, em 23 de fevereiro, por torturas, segundo a Autoridade Palestina, ou por causas que ainda não foram determinadas, segundo Israel, provocou vários dias de confrontos entre manifestantes palestinos, dezenas deles foram feridos, e militares israelenses.

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