Militar vincula presidente guatemalteco a massacres de indígenas

CIDADE DA GUATEMALA, 05 Abr 2013 (AFP) - Um militar reformado vinculou nesta quinta-feira o presidente da Guatemala, general da reserva Otto Pérez, a massacres de indígenas praticados entre 1982 e 1983, ao depor por videoconferência no julgamento por genocídio do ex-ditador Efraín Ríos Montt.

"Por ordem do (então) major Tito, conhecido como Otto Pérez Molina, e outros oficiais coordenaram a queima e o saque das pessoas para depois executá-la" na aldeia Xalbal (norte), afirmou o especialista e ex-membro do corpo de engenheiros, Hugo Leonardo Reyes.

"As pessoas que estavam em Xalbal (norte) não andavam nas montanhas, foram capturadas em suas casas" e depois levadas à sede do corpo de engenheiros desta região, onde "foram executá-las", afirmou a testemunha na videoconferência, acompanhada por jornalistas da AFP.

Leonardo Reyes é uma testemunha protegida pela promotoria, razão pela qual foi autorizado a depor por videoconferência no mesmo edifício judicial, mas em um recinto diferente à sala onde era celebrado o debate do julgamento contra Ríos Montt.

O porta-voz presidencial, Francisco Cuevas, negou "sonoramente o que está dizendo esta pessoa, mas devo reconhecer que há liberdade de expressão, mas o presidente Pérez nunca participou destes fatos, nunca foi documentado", assegurou.

"Consideramos que este caso pode ter alguma carga política de desprestígio (...), não vamos entrar em campos da suposição ou das hipóteses", afirmou Cuevas, indicando que o presidente não se pronunciará a respeito.

A testemunha assegurou que em outros três destacamentos instalados nesta região durante a guerra (1960-1996) também foram mortos indígenas.

Nenhuma fonte do governo reagiu a esta acusação, embora em outras ocasiões o presidente foi vinculado a violações dos direitos humanos durante a guerra.

Pérez foi inclusive acusado do desaparecimento de um ex-guerrilheiro, mas seu caso foi encerrado no começo deste ano.

O presidente negou que tenha sido cometido genocídio no país durante o conflito armado, que deixou 200.000 vítimas entre mortos e desaparecidos, algo que causou mal-estar em organizações de direitos humanos e parentes das vítimas.

Ríos Montt e o ex-chefe de inteligência militar José Rodríguez são julgados pelo massacre de 1.771 indígenas maias ixiles, ocorrida entre 1982 e 1983, no período mais sangrento da guerra que a Guatemala viveu durante 36 anos.

O processo, iniciado em 19 de março passado e previsto para durar dois meses, concluiu nesta quinta-feira sua décima rodada.

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