Exército sírio recupera passagem de fronteira de Golã

JERUSALEM, 06 Jun 2013 (AFP) - O Exército sírio retomou nesta quinta-feira a única passagem em Golã na linha de cessar-fogo com Israel, em um novo duro golpe para os rebeldes, no dia seguinte a sua derrota na cidade estratégica de Qousseir.

Enquanto os rebeldes recuavam para o sul das Colinas de Golã, as tropas do governo perseguiam os insurgentes que abandonaram Qousseir, bombardeando uma localidade próxima que servia de refúgio para os rebeldes e para centenas de civis feridos.

"O Exército sírio retomou o controle da passagem. Há barulhos de explosões de vez em quando, mas muito menos do que pela manhã", afirmou uma fonte dos serviços de segurança israelenses, algumas horas depois do anúncio de sua tomada pelos rebeldes.

Um correspondente da AFP confirmou que as forças sírias haviam retomado o controle da passagem e informou ter visto tanques do Exército circulando pela região.

A passagem, ocupada por Israel, é utilizada principalmente por habitantes drusos de Golã para estudar, trabalhar e se casar na Síria.

Dois integrantes do corpo de paz da ONU ficaram levemente feridos na zona desmilitarizada das Colinas de Golã, segundo um porta-voz dos capacetes azuis, que não explicou se o ataque estava relacionado com a operação do governo sírio.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), organização com sede em Londres, há "violentos combates entre as forças do governo sírio e os rebeldes na cidade velha de Qouneitra".

Uma fonte israelense lembrou que "a passagem de Qouneitra era, até agora, o único ponto de contato de Israel com a Síria" e que está muito perto do quartel-general da ONU, a Força das Nações Unidas de Observação da Separação (FNUOS), implantado para fazer respeitar o cessar-fogo.

O chefe das operações de paz da ONU, Hervé Ladsous, confirmou os combates na passagem, sem revelar mais detalhes, e destacou que a ONU "redefiniu a posição" de suas tropas para garantir a segurança.

A situação em Golã levou a Áustria a anunciar a retirada de seus 378 soldados presentes na região como integrantes da FNUOS.

Dois sírios feridos foram levados para um hospital de Safed, no norte de Israel, informou um militar israelense.

Israel e Síria estão oficialmente em guerra. Desde 1967, Israel ocupa cerca de 1.200 quilômetros quadrados em Golã, que foram anexados pelo governo israelense, em uma decisão que nunca foi reconhecida pela comunidade internacional. Aproximadamente 510 km2 permanecem sob controle sírio.

A vitória militar é mais uma para o regime sírio depois da obtida na quarta-feira com a reconquista de Qousseir (a 10 km da fronteira com o Líbano), apoiado pelas forças do Hezbollah.

A região de Qousseir (centro-oeste) é um cruzamento de rotas de abastecimento importante para forças do governo e rebeldes. Ela está localizada entre Damasco e o litoral, reduto da minoria alauita ao qual pertence o presidente Bashar al-Assad.

Para analistas, a tomada de Qousseir deixa Bashar al-Assad em posição de força para a conferência de paz estimulada por Rússia e Estados Unidos, as primeiras negociações diretas, caso realmente aconteçam, na presença de representantes do governo e da oposição.

O chanceler russo, Serguei Lavrov, anunciou que o regime sírio será representado na conferência internacional, chamada de "Genebra 2", pelo ministro das Relações Exteriores, Wallid Mouallem. A oposição síria, no entanto, continua tendo dificuldades para determinar quem integrará sua delegação.

A França informou que transmitiu aos Estados Unidos "todas as informações" que tinha sobre o uso de gás sarin na Síria, após um pedido do secretário de Estado americano, John Kerry, ao chanceler francês, Laurent Fabius.



-- Islamitas russos --



No vizinho Líbano, uma pessoa morreu em violentos combates entre libaneses favoráveis e contrários ao regime sírio no coração de Trípoli. O Exército foi mobilizado e a calma foi restabelecida.

Na vizinha Jordânia, as autoridades ameaçaram declarar o embaixador da Síria 'persona non grata' se este continuar a insultar o reino, em meio a tensões crescentes entre os dois países.

A violência na Síria deixou mais de 94.000 mortos em 26 meses de conflito e provocou a fuga de quase seis milhões de pessoas.

O regime enfrenta uma rebelião heterogênea composta por jihadistas estrangeiros ligados à rede Al-Qaeda, desertores e civis que pegaram em armas.

Cerca de 200 islamitas do Cáucaso russo lutam na Síria "com as bandeiras da Al-Qaeda e de outras estruturas afiliadas", declarou o chefe do Serviço Federal de Segurança (FSB), Alexandre Bortnikov, que manifestou sua preocupação.

Ainda nesta quinta, foi divulgada a notícia de que o jornalista italiano Domenico Quirico, que desapareceu em 9 de abril, "está vivo na Síria", anunciou o diretor de seu jornal, o La Stampa. O Ministério das Relações Exteriores italiano confirmou "um contato" entre o jornalista e sua família.

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