Manifestações ficam tensas na Grécia após assassinato de ativista por neonazista

Em Atenas

  • Yorgos Karahalis/Reuters

    Estudantes do ensino médio participam de protesto nacional contra o governo em Atenas, na Grécia, nesta quarta-feira (18). O ato é contra a proposta do governo de demitir milhares de funcionários públicos

    Estudantes do ensino médio participam de protesto nacional contra o governo em Atenas, na Grécia, nesta quarta-feira (18). O ato é contra a proposta do governo de demitir milhares de funcionários públicos

Cerca de 20 mil funcionários públicos em greve participaram de passeatas nesta quarta-feira (18) em todo o país contra os planos do governo de reestruturar a função pública, em um clima de tensão após o assassinato de um rapper antifascista por um neonazista.

Segundo a Polícia, 10 mil pessoas protestaram em Atenas e 7 mil em Salônica, a segunda maior cidade do país.

Na capital, a maioria dos manifestantes eram professores e funcionários da saúde. A passeata aconteceu durante a tarde no centro da cidade.

"Não à destruição do Estado social", gritavam os manifestantes.

Esta greve de 48 horas, que recebeu a adesão de trabalhadores de diferentes setores, teve início na segunda-feira.

O descontentamento social voltou a surgir na Grécia após o anúncio do governo, pressionado pelos credores (UE-BCE-FMI), de que demitirá 4 mil funcionários e colocará outros 25 mil "em disponibilidade" até o final do ano.

"A luta vai continuar para acabar com a pobreza, a miséria, o desemprego, a austeridade, a chantagem e as demissões no (setor) privado e no público (...) e as políticas bárbaras de austeridade", afirmou a central do setor privado GSEE.

As manifestações acontecem em um clima de tensão após a morte na terça-feira à noite de um homem de 34 anos, militante de uma organização de extrema-esquerda, que foi esfaqueado por um integrante do partido neonazista Amanhecer Dourado.

O suspeito, detido com uma faca, admitiu o homicídio e reconheceu pertencer a um partido político. A Polícia informou que se trata do partido neonazista Amanhecer Dourado.

A vítima, Pavlos Fyssas, faleceu no hospital, onde tinha sido internada em estado grave, depois de uma briga por volta da meia-noite no bairro de periferia de Keratsini, no oeste de Atenas. Ele era rapper e integrava um pequeno partido de extrema-esquerda, o Antarsia.

O porta-voz do governo, Simos Kedikoglou, denunciou o ato, assim como os principais partidos políticos, enquanto o Amanhecer Dourado negou envolvimento com o crime e denunciou uma "exploração política" do caso.

"Se o governo grego e o primeiro-ministro Antonis Samaras não forem capazes de reprimir a conduta hedionda do Amanhecer Dourado, teremos uma presidência [da União Europeia] inaceitável", alertou o presidente do grupo socialista no Parlamento Europeu, Hannes Swoboda, evocando a rotação da presidência da UE em janeiro.

"Nós protestamos em massa contra as políticas de austeridade, mas também devemos enfrentar os fascistas e o Amanhecer Dourado, que são manipulados pelo regime para quebrar toda a resistência dos cidadãos", considerou Panayiotis Mouzios, presidente do sindicado de engenheiros do serviço público.

Em Atenas, Salônica e Patras (oeste), foram registrados confrontos entre manifestantes e policiais.

Em Keratsini, onde se reuniram 5 mil pessoas, a polícia usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, que reagiram jogando pedras, segundo a agência de notícias Ana.

Várias horas após o início dos confrontos, a polícia enviou reforços.

Em Salônica, duas manifestações antifascistas reuniram 6 mil pessoas.

Para esses militantes, a responsabilidade pelo crescimento do Amanhecer Dourado deve-se ao governo Samaras e "às ações da polícia contra os imigrantes".

A crise social que estourou em 2010, com altas taxas de desemprego, e as políticas de austeridade para tirar o país da ruína econômica alimentaram o extremismo do Amanhecer Dourado, que possui 18 dos 300 assentos no Parlamento.

Sobre o Amanhecer Dourado pesa a suspeita de ter organizado ataques contra imigrantes, o que o partido nega, e vários de seus deputados são acusados de violência.

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