Governista polêmica e outros sete candidatos disputam a Presidência chilena com Bachelet

SANTIAGO, 14 Nov 2013 (AFP) - A economista Evelyn Matthei, famosa por seu estilo veemente e com uma extensa carreira política, rica em polêmicas, é a esperança da direita para vencer as eleições deste domingo no Chile, onde enfrenta a favorita Michelle Bachelet e outros sete candidatos.

Com 60 anos, Matthei assumiu a candidatura do governo há apenas quatro meses, depois que o candidato vencedor das primárias de sua chapa, o ex-ministro Pablo Longueira, renunciou ao pleito em função de problemas causados por um quadro de depressão.

Economista e ex-ministra do Trabalho, Matthei teve apenas alguns dias para aceitar a nomeação após a desistência de Longueira, um histórico líder da direita.

Quando Matthei já pensava em aposentadoria, ela acabou se tornando a primeira mulher a concorrer à Presidência pela direita e a quarta candidata de um setor que nunca teve tantos problemas para designar um candidato único.

"Já não tinha aspiração a ser candidata (...) Queria ter uma vida um pouco mais tranquila e me dedicar à educação", reconheceu ela, após a sua indicação.

Diante de si, Matthei tem a ex-presidente socialista Michelle Bachelet, grande favorita para ganhar as eleições - logo no primeiro turno - e que manteve uma vantagem de mais de 30 pontos nas pesquisas de intenção de voto.

Assim como sua adversária, Matthei é filha de um ex-general da Força Aérea de Chile. Os pais delas eram grandes amigos.

As duas candidatas parecem ter histórias paralelas, mas o golpe de Estado de 11 de setembro de 1973 separou os caminhos das duas mulheres.

Enquanto Bachelet sofreu com a prisão e a morte de seu pai, Alberto Bachelet, e teve que partir para o exílio, o pai de Evelyn, Fernando Matthei, fez parte da junta militar da ditadura de Augusto Pinochet.

Casada e mãe de três filhos, Matthei iniciou sua militância política no partido Renovação Nacional, onde integrava um grupo conhecido como "Patrulha Jovem", do qual também fazia parte o atual presidente Sebastián Piñera.

Ambos eram jovens promessas de renovação da direita chilena pós-ditadura, mas tudo foi comprometido por um escândalo de escutas telefônicas em 1992 que envolveu diretamente Matthei e Piñera, no momento em que os dois tentavam ser candidatos presidenciais.

Após o escândalo, as aspirações de ambos ficaram sepultadas. O episódio a distanciou de Piñera por mais de 20 anos, até que, depois de chegar à Presidência (em 2010), ele decidiu inclui-la em seu gabinete, obrigando-a a deixar seu posto no Senado.

Como ministra do Trabalho, Matthei ganhou destaque por sua defesa dos trabalhadores, por sua personalidade forte e pelos ásperos confrontos com parlamentares.

"Vou procurar me comportar como uma dama", prometeu a candidata.

Os outros candidatos Além de Bachelet e Matthei, outros sete candidatos disputam a Presidência, uma quantidade inédita na história eleitoral chilena.

O bem sucedido economista e professor Franco Parisi é a surpresa destas eleições, ao brigar pelo segundo lugar com Matthei, com um apoio de cerca de 10%.

Parisi tem 45 anos e é um candidato independente. Ele é chamado de "economista do povo", e ganhou destaque na política há pouco tempo depois de ter protagonizado com seu irmão Antonino, também economista, um programa de televisão no qual explicavam a economia de forma didática.

Com um discurso que promete "aposentar" os políticos tradicionais, Parisi conquistou o apoio de jovens desencantados com a política.

Também estão na disputa o cineasta e deputado socialista Marco Enríquez-Ominami, que em 2009 foi a surpresa das eleições ao obter 20% dos votos e que criou seu próprio partido de esquerda, o Partido Progressista.

Apesar disso, este filho de um guerrilheiro de esquerda morto em combate, não conseguiu repetir o desempenho,reunindo, segundo as pesquisas, cerca de 7% de apoio.

Mais atrás nas pesquisas, está o economista do Partido Humanista Marcel Claude, ex-funcionário do Banco Central e presidente de uma ONG que defende a preservação das espécies marinhas e que agora tem uma das propostas mais radicais.

Outro economista, Alfredo Sfeir, que trabalhou por mais de três décadas no Banco Mundial e hoje se apresenta como uma espécie de líder espiritual, adicionou à campanha questões ecológicas e de sustentabilidade do planeta.

Os assuntos cotidianos que afligem os mais pobres do Chile ganharam destaque na campanha da costureira Roxana Miranda, representante do pequeno Partido Igualdade, que sempre manteve a ofensiva nos debates televisionados procurando atacar diretamente Bachelet.

Também concorrem o advogado e cientista político Ricardo Israel, representante do Partido Regionalista, e o independente Alfredo Jocelyn-Holt, ex-deputado do Partido Democrata Cristão.

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