Kerry defende união EUA-AL e diz que intervenção é passado

Em Washington

  • Jason Reed/Reuters

    O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e a ex-ocupante do posto Hillary Clinton durante simpósio em Washington

    O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e a ex-ocupante do posto Hillary Clinton durante simpósio em Washington

O secretário de Estado americano, John Kerry, defendeu nesta segunda-feira uma nova fase nas relações entre os Estados Unidos e os países da região.

Em seu primeiro grande discurso sobre América Latina, pronunciado na sede da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington, Kerry afirmou que as políticas intervencionistas dos Estados Unidos na sub-região foram superadas e defendeu uma relação entre iguais.

Em seu apelo por unidade, Kerry declarou como "superado" o período marcado pela aplicação da "Doutrina Monroe" e disse que seu governo agora defende relações em que "nossos países se vejam como iguais".

"Como diz o velho ditado: 'La unión hace la fuerza'", disse Kerry, em espanhol.

A "Doutrina Monroe" foi originalmente formulada pelo presidente James Monroe como uma política americana para limitar a influência de potências europeias na América Latina, em 1823.

Desde então e até meados do século 20, porém, essa doutrina forneceu a sustentação histórica e ideológica para intervenções dos Estados Unidos nos assuntos domésticos de diversos países da região.

"Nos dias iniciais da nossa república, os Estados Unidos fizeram uma opção sobre suas relações com a América Latina", declarou Kerry, referindo-se à "Doutrina Monroe". Ele frisou: "Agora, porém, fizemos uma opção diferente".

Essa nova opção, garantiu, não se concentra "na declaração dos Estados Unidos sobre como e onde intervirão".

De acordo com o chefe da diplomacia americana, hoje, com seu compromisso em torno de valores comuns, a comunidade dos Estados americanos é "um exemplo vivo" para o mundo "de que a diversidade é força, de que a inclusão funciona".

Para Kerry, a pergunta na qual os países do hemisfério devem se concentrar é: "vamos trabalhar como associados iguais para alcançar nossos objetivos?".

ALVOS DE ESPIONAGEM

Telefonemas, e-mails e IPs de computadores de Dilma e assessores
Rede privada de computadores da Petrobras
Telefonemas e e-mails do Ministério de Minas e Energia do Brasil
Telefone celular da chanceler alemã, Angela Merkel
E-mail do ex-presidente do México Felipe Calderón

Essa nova fase de associação, insistiu, "vai exigir coragem e disposição para a mudança, mas exigirá, sobretudo, um nível mais profundo de cooperação entre nós, como associados iguais nesse hemisfério".

Para o chefe da diplomacia americana, "essa é a forma por meio da qual faremos a diferença".

Em seu discurso, Kerry lembrou do presidente americano John F. Kennedy, que chegou a manifestar sua visão de uma região americana unida por valores comuns. Na próxima sexta, o país relembra os 50 anos do assassinato de JFK.

Kennedy, disse Kerry, expressou "sua esperança de um hemisfério de nações, cada uma confiante na força de sua própria independência e dedicada à liberdade de seus cidadãos. Se ele pudesse ver o que somos agora!".

Na visão de Kerry, o hemisfério ocidental fez notáveis avanços na consolidação da democracia, no fortalecimento do sistema representativo e na superação do autoritarismo. Como única "exceção", ele citou Cuba, elogiando as mudanças recentes na Ilha, mas ressaltou que elas "não devem nos cegar com relação à realidade autoritária que marca a vida dos cubanos".

Se não houver mudanças mais profundas em Cuba, "é evidente que o século 21 continuará, infelizmente, deixando os cubanos para trás".

"O verdadeiro desafio do século 21 nas Américas será como usaremos nossos governos democráticos para alcançar desenvolvimento, superar a pobreza e melhorar a inclusão social", continuou Kerry.

Em seu discurso, Kerry pediu aos países da região que somem forças para priorizar a educação, assim como a união no combate às dramáticas consequências da mudança climática.

"Se não adotarmos ações significativas como associados, continuará sendo uma ameaça, não apenas ao meio ambiente, mas, como nossos amigos do Caribe sabem, pode ameaçar potencialmente nosso estilo de vida por completo", alertou.

Em relação a isso, "nossas economias ainda deverão estimar o custo monetário de fazer nada, ou de fazer muito pouco", afirmou.

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