Polícia dispersa manifestantes no centro de Kiev
A polícia de choque avançou na madrugada desta quarta-feira (11) sobre os manifestantes favoráveis à União Europeia que ocupavam a Praça Independência de Kiev, "liberando" o local - constatou a AFP.
A partir dos extremos da praça, os policiais de choque foram expulsando os manifestantes por volta das 2h (22h de terça em Brasília), removendo as barricadas e as barracas instaladas no local.
Apoiando-se em uma decisão judicial e pedindo aos manifestantes que mantenham a calma, os policiais atravessaram as barricadas montadas em vários pontos da praça, palco de uma nova contestação popular.
O protesto nasceu da recusa do presidente Viktor Yanukovitch de assinar, no final de novembro, um acordo de associação com a União Europeia (UE).
"A polícia agiu em cooperação com os serviços comunitários para se livrar das barricadas que bloqueavam a passagem" na Praça Independência, declarou um porta-voz da polícia local.
A televisão mostrou tratores e funcionários de colete laranja desmontando as barricadas montadas pelos manifestantes. Enquanto centenas de ativistas cantavam o hino nacional, representantes da oposição presentes no local faziam preces.
Um dos líderes da oposição ucraniana, Arseni Iatseniouk, previu um protesto reunindo "milhões" de pessoas na Praça da Independência após a ação da polícia contra o local simbólico do movimento pró-europeu.
"Não vamos perdoar. Amanhã reuniremos milhões de pessoas e o regime recuará", desafiou Iatseniouk, do partido da líder opositora detida Ioulia Timochenko.
O presidente ucraniano Viktor Ianoukovitch, "cuspiu no rosto dos Estados Unidos e dos 28 países da UE", disse Iatseniouk.
Outro líder da oposição, o boxeador Vitali Klitschko, convocou os ucranianos para reforçar o protesto. "Habitantes de Kiev, levantem-se. Apenas unidos poderemos lutar pelo direito de viver em um país livre".
Diante da operação na Praça da Independência, a União Europeia pediu às autoridades em Kiev que impeçam qualquer "emprego da violência contra os cidadãos comuns".
Em uma declaração postada no Facebook, a delegação da UE na Ucrânia informou ter "tentado entrar em contato" com as autoridades "para impedir o uso da violência contra os cidadãos".
"Observamos com tristeza que a polícia utilizou a força para dispersar pessoas pacíficas (...). O diálogo entre as forças políticas e a sociedade é sempre um melhor caminho do que o emprego da força".
O ministro sueco das Relações Exteriores, Carl Bildt, disse no Twitter que acompanha os acontecimentos "com grande preocupação". "Não é pela repressão que a Ucrânia vai adiante, e sim pelas reformas".
Nesta terça (10), o presidente ucraniano se reuniu por mais de três horas com a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton.