Atentado com carro-bomba deixa quatro mortos em Beirute

BEIRUTE, 21 Jan 2014 (AFP) - Quatro pessoas morreram e 35 ficaram feridas em um atentado suicida em um bairro do sul de Beirute, o sexto desde julho contra redutos do movimento xiita libanês Hezbollah, que luta ao lado do regime sírio em sua guerra contra os rebeldes.

Este atentado suicida foi rapidamente reivindicado pela Frente al-Nosra no Líbano, considerada o ramo de um grupo sírio vinculado à Al-Qaeda.

"Quatro pessoas morreram e há 35 feridos", declarou à AFP o porta-voz da Cruz Vermelha libanesa, Ayad al-Monzer.

O Exército indicou em um comunicado ter encontrado pedaços de artefatos que explodiram, com restos humanos que certamente pertenciam a um terrorista suicida, assim como um colete com explosivos que não foi detonado.

O ataque ocorreu em uma rua comercial movimentada, que já havia sido alvo no início de janeiro de um ataque suicida com carro-bomba, que matou cinco pessoas.

No local, os bombeiros tentavam apagar as chamas, enquanto ambulâncias transportavam os feridos para hospitais próximos, de acordo com um fotógrafo da AFP, que relatou a presença de soldados e de membros do Hezbollah encarregados pela segurança na região.

Este é o sexto ataque desde julho contra redutos do movimento xiita, que combate ao lado do regime sírio em sua guerra contra os rebeldes, e o terceiro em apenas um mês.

Em um comunicado publicado em sua conta no Twitter, a Frente al-Nosra no Líbano explicou ter realizado esta "operação mártir" em resposta "aos massacres perpetrados pelo partido do Irã (o Hezbollah)".

Este grupo já havia reivindicado um atentado com carro-bomba há menos de uma semana em Hermel, no Vale do Bekaa, que matou três pessoas.

Em 2 de janeiro, um atentado em Al-Arid foi reivindicado pelo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), também filiado à Al-Qaeda.



Atentados cada vez mais frequentes

Após este novo atentado, o presidente libanês, Michel Sleimane, pediu "união nacional" como objetivo de "reduzir as chances do terrorismo, um fenômeno que deve ser combatido sem descanso".

Estados Unidos e França condenaram um ataque visando "a comprometer a estabilidade do Líbano e a aumentar as tensões".

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também condenou o ataque e apresentou condolências às famílias das vítimas, ao governo e ao povo libanês.

O Líbano está mergulhado em uma espiral de violência desde o início do conflito na Síria, em março de 2011. A guerra civil no país vizinho exacerbou a tensão entre os sunitas, que apoiam os rebeldes contra o regime de Bashar al-Assad, e xiitas, liderados pelo poderoso Hezbollah.

O partido xiita, um grande aliado do poder na Síria, envia homens para lutar ao lado das forças de Bashar al-Assad.

No norte do Líbano, a cidade de Trípoli é palco regular de combates entre habitantes sunitas e alauítas, comunidade à qual pertence o presidente sírio.

Nesta terça, uma pessoa morreu em decorrência de seus ferimentos, enquanto quatro soldados libaneses ficaram feridos, de acordo com uma fonte dos serviços de segurança.

Na madrugada de segunda, seis pessoas foram mortas em confrontos.

Os ataques também têm como alvo os opositores do Hezbollah e do regime de Damasco, como o político sunita Mohammed Chatah, morto com outras sete pessoas em um atentado com carro-bomba em Beirute em 27 de dezembro.

A coalizão de 14 de Março, pró-ocidental e anti-síria, acusa o Hezbollah de ser o responsável pelo assassinato.

Salman Shaikh, diretor do Brookings Doha Center, indicou que a segurança do Líbano se deteriorou seriamente, lamentando "a frequência, o curto período entre cada explosão".

Vítima das repercussões do conflito na Síria, que manteve a tutela do vizinho por quase 30 anos, o Líbano está politicamente paralisado desde a renúncia do primeiro-ministro Najib Mikati, em março de 2013. A coalizão de 14 de Março e o Hezbollah são incapazes de chegar a um acordo.

Contudo, na segunda-feira à noite o ex-primeiro-ministro libanês Saad Hariri, que vive no exílio na França desde 2011, afirmou em uma entrevista estar disposto a formar um governo com membros do partido xiita Hezbollah.

"Tomei esta decisão (de aceitar um governo com o Hezbollah) pelo bem do Líbano", disse Hariri, que declarou, no entanto, que os ministros do Hezbollah em um futuro governo de coalizão não deveriam ter direito de veto.

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