Rebeldes xiitas ainda controlam prédios públicos na capital do Iêmen

SANA, 22 Set 2014 (AFP) - Os rebeldes xiitas continuavam presentes nesta segunda-feira na capital Sanaa, onde ocupam vários prédios públicos e instalações militares, no dia seguinte à assinatura de um acordo de paz apadrinhado pela ONU e destinado a pôr fim à crise política no Iêmen.

Os habitantes da capital retornaram a suas atividades normais, depois de permanecerem o fim de semana em suas casas por causa dos confrontos entre rebeldes xiitas e islamitas sunitas.

Desde quinta-feira passada, os combates entre rebeldes xiitas Ansarualah, também chamados huthis, e os milicianos islamitas sunitas do partido Al Isla deixaram dezenas de mortos.

No domingo, um acordo de paz foi assinado pelo presidente Abd Rabbo Mansur Hadi e por representantes das facções políticas, entre elas os rebeldes xiitas do grupo Ansaruallah.

"O acordo pela paz e pela cooperação nacional", assinado na presença do enviado da ONU, Jamal Benomar, baseia-se nos resultados da conferência de diálogo nacional, que ao término se seus trabalhos, em janeiro, optou pelo princípio de um Estado federal para o Iêmen, acrescentou a agência.

O acordo prevê a formação de um novo governo dentro de um mês.

O presidente Hadi deve nomear um novo primeiro-ministro nos três dias seguidos à assinatura do acordo. O novo premiê deve ser uma personalidade neutra e não partidária, e nomeará conselheiros entre os representantes do Ansaruallah e do Movimento Sulista, que defende a autonomia do Sul, afirmou o emissário da ONU para o Iêmen, Jamal Benomar.

O acordo prevê também uma redução dos preços dos combustíveis. Um aumento recente foi explorado pela rebelião do Ansaruallah para mobilizar seus militantes que estão há mais de um mês dentro de Sanaa.

O documento estipula "o fim imediato das hostilidades" e o desmobilização do Ansaruallah na capital iemenita para que o Estado recupere sua autoridade em todo o território, segundo o emissário da ONU.

O acordo foi anunciado ao término de um dia marcado por um forte avanço da rebelião armada na capital, onde importantes instalações foram tomadas, incluindo a sede do governo e o comando geral das Forças Armadas, de acordo com as autoridades.

Os huthis - partidários do zaidismo, um ramo do xiismo majoritário no norte do Iêmen, enquanto a nível nacional os sunitas predominam - chegaram em julho às portas de Sanaa, tomando a cidade de Amrane, de onde também aceitaram se retirar.

Eles são suspeitos de querer expandir sua esfera de influência num futuro Estado federal que deve ter seis províncias.

O Iêmen, país muito pobre da da Península Arábica, é palco de graves distúrbios. Também enfrenta a instabilidade dos separatistas no sul e a violência endêmica causada pela Al-Qaeda.

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