Argentina inicia reuniões em Nova York para apresentar oferta a fundos credores

Nova York, 1 Fev 2016 (AFP) - Enviados do governo argentino iniciaram nesta segunda-feira, em Nova York, reuniões para apresentar uma oferta financeira aos fundos que venceram seu país em um multimilionário julgamento pela dívida em default, constatou a AFP.

O secretário argentino das Finanças, Luis Caputo, e o vice-chefe de gabinete Mario Quintana entraram às 09h00 locais (12h00 de Brasília) no escritório do mediador judicial Daniel Pollack, no centro de Manhattan, palco das negociações com os fundos especulativos NML Capital e Aurelius e outros demandantes.

"Não esperem novidades hoje", disse Caputo, que deve ficar em Nova York nesta segunda e terça-feiras, e possivelmente na quarta para tentar por fim ao litígio.

Já Pollack chegou pouco antes das 10h00 locais ao seu escritório e se mostrou cauteloso: "Os detentores de bônus estarão aqui e a Argentina estará aqui", informou, indicando que um comunicado pode ser divulgado mais tarde.

A NML Capital e o Aurelius obtiveram em 2012 uma sentença do juiz federal de Nova York, Thomas Griesa, para receber capital e juros por bônus de dívida em default desde 2001 por um montante que chega a 1,75 bilhão de dólares atualmente.

A estes fundos se somaram a partir de meados de 2014 outros denunciantes chamados "me too" (eu também), elevando o montante total a 10 bilhões de dólares.

Segundo publicações da imprensa argentina nesta segunda-feira, o enviado do governo do presidente liberal Mauricio Macri proporia aos fundos um perdão de 15% a 25% para saldar a dívida.

A proposta oficial ainda não foi divulgada, mas o jornal Clarín informou sobre uma oferta com 15% de redução. Já o jornal especializado El Cronista estimou que "o desconto rondará 25%".

Guinada de 180 grausO governo anterior da presidente de esquerda Cristina Kirchner (2007-2015) rejeitou a sentença de Griesa, que congelou, em julho de 2014, um pagamento de US$ 539 milhões em Nova York aos credores que aderiram às trocas de dívida não paga. Isso instalou o "default" parcial da Argentina.

O novo governo argentino anunciou a Pollack no dia 13 de janeiro que faria uma oferta a todos os demandantes no dia 25 de janeiro, mas os fundos especulativos pediram mais uma semana de prazo, até segunda-feira, por questões logísticas.

A Argentina reestruturou sua monumental dívida em default de 2001, quando o país caiu na maior crise financeira de sua história, em duas trocas em 2005 e 2010 às quais 93% dos credores aderiram, aceitando um reembolso parcial com grandes descontos.

Os 7% restantes rejeitaram estas ofertas, exigindo o reembolso total, além dos juros.

O governo anterior argentino classificava os fundos especulativos de abutres por terem comprado bônus em default a preço de leilão para tentar recuperar seu valor nominal por via judicial.

Fez denúncia contra eles em todos os fóruns internacionais. Inclusive conquistou um apoio majoritário em uma votação das Nações Unidas.

O governo de Macri acredita, por sua vez, que um acordo com os fundos especulativos permitirá que o país volte ao mercado de financiamento internacional e conquiste investimentos de capitais estrangeiros.

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