Boko Haram: Exército do Chade recupera cidade nigeriana de Gamboru

Fotokol, Camarões, 3 Fev 2015 (AFP) - O Exército do Chade iniciou, nesta terça-feira, sua ofensiva terrestre na Nigéria contra o grupo islamita Boko Haram, e suas tropas já controlam a cidade nigeriana fronteiriça de Gamboru, de acordo com um jornalista da AFP no local.

Essa é a primeira vez que as tropas chadianas, que se mobilizaram em meados de janeiro em Camarões com o objetivo de combater o Boko Haram, entram na Nigéria. O Exército nigeriano tem sido muito criticado por sua ineficácia na luta contra o grupo islamita.

Depois de bombardear por três dias essa estratégica cidade que, há meses, caiu nas mãos dos islamitas radicais, os soldados chadianos atravessaram, pela localidade camaronesa de Fotokol, a ponte que leva a Gamboru.

O Exército do Chade continua a revistar a cidade, onde já instalou seu quartel-general. A área foi duramente atingida. Várias casas foram destruídas, e carros, incendiados.

Uma fonte militar disse à AFP que os soldados chadianos contaram com o apoio de um helicóptero para enfrentar franco-atiradores escondidos nas casas.

"Como havíamos dito, colocamos esse grupo de terroristas para correr", afirmou o general Ahmat Dari, que comanda o contingente chadiano.

"O essencial para nós é limpar esse eixo. Eles [os islamitas] estão espalhados. Eles não poderão mais se recompor, e vamos continuar a rastreá-los por toda parte. Temos como missão combater os islamitas que se alastram pela sub-região, e vamos até o fim dessa missão", frisou.

Um morador de Fotokol contou à AFP que os cerca de dois mil soldados chadianos foram guiados por pessoas que conhecem bem a região.

A ofensiva do Chade ocorre com a aproximação da eleição presidencial nigeriana em 14 de fevereiro, onde o chefe de Estado Goodluck Jonathan briga por um novo mandato em um país minado pelos atentados e ataques do Boko Haram.

Na segunda-feira, o presidente escapou de um atentado suicida na saída de um comício no noroeste da Nigéria, região controlada em grande parte pelo Boko Haram.

A autoria do atentado no estacionamento do estádio de Gombe, poucos minutos após a partida de Jonathan, segunda à tarde, ainda não foi reivindicada, mas duas mulheres-bombas teriam detonado seus explosivos, segundo fontes médicas.

"Um contingente de cerca de 400 veículos e de tanques está posicionado de Mamori a Bosso", duas localidades separadas da Nigéria apenas por um rio, o Komadugu Yobé, cujas águas baixaram e possibilitaram a passagem dos soldados - disse uma fonte da segurança à AFP.



'Em toda a cidade' Muitos habitantes de Bosso saíram de suas casas para aplaudir a chegada dos soldados.

"Eles estão por toda a parte. É o fim do Boko Haram!", comemorou um deles.

Nos últimos dias, as forças militares chadianas enfrentaram a resistência de jihadistas do Boko Haram, principalmente na cidade de Gamboru, na Nigéria. Há vários meses, essa localidade se encontra tomada pelos extremistas.

As operações aéreas contra Gamboru duraram quase uma hora. Em seguida, blindados do Exército chadiano venceram os obstáculos colocados pelos jihadistas, entrando na cidade.

Já as forças camaronesas e, principalmente, da unidade de elite, o Batalhão de Intervenção Rápida, que protegiam a cidade vizinha de Fotokol há meses, permaneceram em suas posições, constatou um jornalista da AFP.

A Nigéria anunciou na segunda-feira à tarde a retomada do controle de Gamboru, enquanto o Exército chadiano atacou as posições do Boko Haram por três dias consecutivos.

O Boko Haram assumiu o controle de várias cidades ao longo da fronteira nordeste da Nigéria, multiplicando seus ataques em países vizinhos e se aventurando em especial nos Camarões.

A força regional que deveria lutar contra o grupo islâmico se retirou de sua base em Baga, na margem sul do lago Chade, na Nigéria, devido às disputas entre Abuja e seus vizinhos, abrindo caminho para os islamitas.

Desde o início de janeiro, o grupo cometeu massacres e destruição em massa, atos qualificados como "crimes contra a humanidade" pela comunidade internacional.

A insurgência Boko Haram deixou mais de 13 mil mortos e 1,5 milhão de deslocados na Nigéria desde 2009.

A União Africana convocou uma mobilização na África contra os islamitas nigerianos durante uma cúpula em Addis Abeba e fez um apelo pela criação de uma força militar regional de 7.500 homens. A ideia contou com o apoio do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.



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