Ao menos 52 mortos e 12 feridos durante motim em prisão no México

Monterrei, México, 11 Fev 2016 (AFP) - Um motim em uma prisão de Monterrey na madrugada desta quinta-feira deixou ao menos 52 mortos e 12 feridos, quando detentos se enfrentaram com paus e navalhas e incendiaram armazéns durante uma disputa entre líderes de dois grupos rivais na madrugada de quinta-feira.

Jaime Rodríguez, governador do estado de Nuevo León, informou que o motim explodiu por volta da meia-noite e foi controlado uma hora e meia depois.

Segundo as investigações preliminares, há 52 homens mortos e outros 12 feridos, cinco deles em estado grave, disse o governador deste estado do nordeste mexicano em uma mensagem ante os meios de comunicação.

Dezenas de familiares se reuniram nas portas da penitenciária Topo Chico e bloquearam o acesso à prisão. Muitos gritavam pedindo informações sobre os presos e atiravam pedras em sinal de desespero.

O governador pediu aos parentes que permitissem a saída dos cadáveres "para que possam ser identificados".

O incidente mortal ocorreu um dia antes da visita de cinco dias do papa Francisco ao México, durante a qual visitará uma prisão em Ciudad Juárez, na fronteira com os Estados Unidos.

Disputa Rodríguez detalhou que tudo começou com uma "disputa entre os grupos liderados por Jorge Iván Hernández Cantú, conhecido como "El credo", e Juan Pedro Zaldívar Farías, o "Z-27".

Em entrevista à Rádio Imagem, Rodríguez informou que dois grupos rivais disputavam o controle da penitenciária, a mais antiga de Nuevo León, que sofre com uma superpopulação de 100% acima de sua capacidade.

No total, a penitenciária tem 3.800 detentos.

Um dos dois líderes dos grupos tinha sido transferido havia apenas dois meses de uma penitenciária em Reynosa, Tamaulipas, um dos redutos do cartel Los Zetas, para Topo Chico.

Em uma "batalha campal", que durou 30 minutos, foram usadas "armas perfuro-cortantes, bastões e paus (...) Não houve armas de fogo, pelo menos é a informação que temos agora", disse Rodríguez.

"Durante o confronto, vários prisioneiros puseram fogo nos armazéns de mantimentos", acrescentou.

O governador afirmou que Topo Chico "é uma penitenciária que tem um controle muito complicado (...) São heranças e muitos anos, (produto) de uma desatenção muito forte do sistema penitenciário".

Depois do motim, homens do Exército, da Marinha e da Polícia Federal passaram a vigiar as instalações nesta quinta-feira.

Cerca de 20 presos foram tirados do presídio em um caminhão escoltado por 15 patrulhas para prisões fora do estado, disse à AFP um funcionário com a condição de ter sua identidade preservada.

O presidente Enrique Peña Nieto ofereceu suas condolências às famílias e desejou a recuperação dos feridos.

Familiares desesperadosAo se aproximar o meio-dia desta quinta-feira, as cenas de desmaios e crises de nervos se repetiam entre familiares que aguardavam informações nos arredores da prisão.

"São muitas horas e não nos dizem nada. Deixem que deem um telefonema pelo menos para saber que estão bem", disse Altagracia Vázquez, uma jovem de 15 anos com uniforme escolar.

Antes do amanhecer, saíram uma ambulância da prisão e uma do Semefo (Serviço Médico Forense), "mas não nos deixaram ver nada", disse Ernestina Grimaldo, de uma colônia vizinha a Topo Chico, que tem um filho detido neste presídio.

Os vizinhos contaram à AFP que explosões eram ouvidas em vários pontos do populoso bairro onde fica a prisão.

Celas superlotadasCom 72 prisões superlotadas em mais de 20% de sua capacidade, o sistema penitenciário mexicano sofre uma grave crise, declarou à imprensa no ano passado Ruth Villanueva, da Comissão Nacional de Direitos Humanos.

Em 28 das 72 prisões, há uma superpopulação crítica, pois excedem o limite em mais de 40%, disse Villanueva.

Em fevereiro de 2012, 44 pessoas morreram e outras 30 escaparam do presídio de Apodaca, também em Monterrey.

O sistema penitenciário mexicano foi posto em xeque após a fuga do narcotraficante Joaquín "El Chapo" Guzmán da prisão de segurança máxima de Altiplano, em julho passado.

Guzmán, que fugiu por um túnel, foi recapturado em janeiro deste ano.

Na sequência do acontecimento, o presidente Enrique Peña Nieto se comprometeu a reformar o sistema carcerário.

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