Cameron e UE correm contra o relógio para evitar o 'Brexit'

Bruxelas, 19 Fev 2016 (AFP) - O primeiro-ministro britânico, David Cameron, e seus parceiros europeus voltaram nesta sexta-feira à mesa de negociações em Bruxelas para buscar um acordo que convença Londres a permanecer na União Europeia.

As árduas negociações vão prosseguir até a noite, afirmou Cameron, acrescentando que "não será possível realizar uma reunião do governo britânico esta noite. Será realizada se houver um acordo e se for completo".

As negociações iniciaram na quinta-feira em uma cúpula europeia. Nesta sexta, Cameron se reuniu com os líderes europeus reticentes quanto as suas exigências.

O objetivo de Cameron é voltar a Londres com uma boa resposta de Bruxelas às suas exigências para que possa convocar o referendo prometido sobre a permanência do Reino Unido na UE.

Mas ele já alertou que não aceitará qualquer oferta.

Segundo o gabinete de Cameron, todos os líderes voltarão a discutir às 20h00 (17h00 de Brasília), momento em que farão um balanço dos avanços.

O presidente francês, François Hollande, assegurou nesta sexta à tarde que "faria tudo para manter o Reino Unido na Europa", mas "desde que o bloco possa avançar".

Ele também rejeitou "regras particulares" para a City de Londres.

Ao chegar à reunião, Hollande afirmou que "no que diz respeito à França, a vontade é que exista uma regulamentação financeira que valha para todos os mercados europeus e que não haja direito de veto, para que possamos lutar contra a especulação, a crise financeira da mesma maneira e com os mesmos órgãos", explicou, referindo-se a uma das exigências de Londres.

Cameron disse na quinta-feira que não aceitará um acordo ruim, mas Hollande já avisou que não serão feitas exceções.

"Se pudermos fazer um bom acordo, faremos, mas não ficarei com um acordo que não atenda às necessidades da Grã-Bretanha", enfatizou Cameron.

Acordo concretoCameron também pediu a seus colegas da UE que ofereçam um "acordo global concreto e que satisfaça as demandas britânicas".

Os 28 chefes de Estado e de governo da União Europeia se reúnem desta quinta em uma cúpula apresentada como "decisiva", para negociar um acordo com Londres. Com isso, o premiê britânico teria mais condições de convencer seus eleitores a votar a favor da permanência no bloco no referendo que prometeu organizar.

Pressionado pela ala eurocética de seu partido e pelas formações antieuropeias, Cameron prometeu organizar um referendo e pediu reformas a seus 27 sócios da UE. O referendo aconteceria em junho.

Com esse objetivo, apresentou suas exigências em novembro. No início de fevereiro, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, fez uma série de contrapropostas que foram negociadas entre os membros do bloco.

Entre as exigências britânicas, está a de obter salvaguardas para os países que não usam o euro e que as decisões dos 19 países que usam a moeda única não sejam tomadas em detrimento dos demais.

Caso não seja alcançado um acordo, Cameron disse que tudo será possível, inclusive que seu país se transforme no primeiro a abandonar a UE.

Bruxelas propôs garantias a Londres, mas Paris defende que nenhum país pode ter direito ao veto sobre uma maior integração da união econômica. Nisso, a França conta com o apoio da Bélgica, cujo primeiro-ministro, Charles Michel, repetiu nesta quinta-feira que o Reino Unido deve permanecer na UE, "mas não ao preço de um desmantelamento do projeto europeu".

Cameron também pediu que sejam limitadas as ajudas sociais aos estrangeiros na Grã-Bretanha, a exigência mais polêmica.

O objetivo aqui é frear a imigração europeia. Isto provocou duras críticas em todo o bloco, em particular no Leste, origem da maioria dos imigrantes europeus do Reino Unido. Nesse tema, Cameron recebeu o crucial apoio da chanceler alemã, Angela Merkel, que considerou a maioria de suas demandas "justificadas".

al-pa.

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