França considera 'estranha' decisão belga de restabelecer controle fronteiriço

Bruxelas, 25 Fev 2016 (AFP) - O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, classificou nesta quinta-feira de "estranha" a decisão da Bélgica de restabelecer os controles em suas fronteiras com a França como forma de enfrentar os deslocamentos de migrantes procedentes da chamada "selva" de Calais.

"Esta decisão é estranha para nós, e suas motivações também são", declarou Cazeneuve a jornalistas ao chegar a uma reunião com seus colegas europeus em Bruxelas, dedicada em grande parte à crise migratória.

A Bélgica anunciou na terça-feira que restabelecerá temporariamente os controles na fronteira com a França, para enfrentar uma possível onda de chegadas de refugiados procedentes do acampamento de Calais, na costa do Canal da Mancha, onde acredita-se que há 3.700 migrantes.

"Não fomos avisados", lamentou nesta quinta-feira o ministro francês.

A França anunciou que desalojará parte do acampamento de Calais, onde os migrantes, em sua maioria originários da África do Leste, do Oriente Médio e do Afeganistão, esperam em condições muito precárias poder cruzar ao Reino Unido.

Posteriormente, um tribunal administrativo francês admitiu um recurso apresentado por um grupo de migrantes e associações, razão pela qual o desalojamento da "selva" foi adiado.

O endurecimento dos controles no Canal da Mancha fez com que a rota dos migrantes fosse desviada ao porto belga de Zeebrugge. "Queremos evitar a qualquer custo acampamentos como o de Calais na Bélgica. Trata-se de manter a ordem", havia declarado na terça-feira o ministro belga do Interior, Jan Jambon.

Cazeneuve classificou o desalojamento do campo de Calais como uma "operação humanitária" para proteger "os que têm o status de solicitantes de asilo na França".

Supor que isso pode causar um "fluxo de migrantes em direção à fronteira belga não corresponde à realidade", acrescentou o ministro francês, que descartou qualquer paralelo com a decisão de seu governo de restabelecer os controles na fronteira belga após os atentados de Paris de 13 de novembro, que deixaram 130 mortos.

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