Em depoimento à Justiça, irmã do rei da Espanha diz confiar no marido

Palma, Espanha, 3 Mar 2016 (AFP) - A irmã do rei Felipe VI, a infanta Cristina, voltou a afirmar que confia no marido, Iñaki Urdangarin, ao depor na Justiça nesta quinta-feira, em um amplo processo por malversação de fundos públicos.

A infanta está sendo julgada por cumplicidade em fraude fiscal.

"Eu vou responder apenas ao meu advogado", advertiu a segunda filha de Juan Carlos I, com semblante sério, depois que a presidente deste tribunal formado por três juízes informou-a sobre seus direitos.

A irmã do rei, de 50 anos, é suspeita de ter ocultado da Fazenda os lucros procedentes da malversação de seis milhões de euros públicos supostamente cometida por seu marido, peça central do julgamento iniciado em 11 de janeiro contra 18 acusados. Cristina é a última dos réus a depor ante o tribunal.

Desde 2013, a infanta mora em Genebra com o marido e os quatro filhos. Ela é o primeiro membro da família Real espanhola a sentar no banco dos réus.

À frente, entre 2003 e 2006, do Instituto Nóos, uma entidade sem fins lucrativos, Urdangarin, de 48 anos, é acusado junto com seu ex-sócio Diego Torres de desviar 6 milhões de euros procedentes de contratos superfaturados obtidos, graças a seu status, de dois governos regionais.

Depois, estes benefícios teriam sido desviados para "empresas de fachada" encabeçadas pela Aizoon, de propriedade da princesa Cristina e do marido.

"As faturas eram passadas para mim para assinatura e, pela confiança que tinha no meu marido e em seus assessores, eu assinava", declarou a infanta, garantindo que aceitou fazer parte da empresa por ser uma proposta do marido.

"Meu marido pediu e eu aceitei. Participei do registro em cartório e assinei (a constituição da sociedade) na confiança do meu marido e de seus assessores", insistiu.

A empresa foi criada "para canalizar a renda profissional do meu marido", acrescentou a infanta, declarando que "confio plenamente nele" e que "estou convencida de sua inocência".

Cristina é acusada no processo como "cooperadora necessária" em dois crimes fiscais: o casal deduziu gastos pessoais - viagens familiares, festas de aniversário, presentes, ou aulas de dança - como recibos profissionais por centenas de milhares de euros.

"Nunca soube quais são os ganhos e os gastos da Aizoon desses anos (2003/2006), nem de nenhum outro. Sei apenas que meu marido canalizava sua receita", relatou a infanta.

Urdangarin e Torres são suspeitos de prevaricação, desvio, fraude, crime fiscal, tráfico de influência, falsificação e lavagem de dinheiro.

Desde o início do escândalo, a princesa diz desconhecer estes negócios, alegando confiar cegamente no marido. Ela se recusou a se divorciar de Urdangarin, apesar das pressões de uma Casa Real determinada a limitar os danos de uma já abalada imagem da Coroa.

A irmã do rei enfrenta um pedido de pena de oito anos, mas apenas por parte de uma acusação popular - a associação ultradireitista Mãos Limpas - já que nem a promotoria, nem a Fazenda Pública atuaram contra ela.

Esta é a base de sua esperança para escapar do julgamento.

Durante a instrução, Urdangarin se esforçou para desvincular a princesa, o pai dela e a Casa Real de todos os seus negócios.

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