EUA: republicanos alinham forças para jornada decisiva na próxima terça

Washington, 11 Mar 2016 (AFP) - Os pré-candidatos republicanos à presidência dos Estados Unidos alinhavam forças nesta sexta-feira para a jornada decisiva da próxima terça-feira, na Flórida e em Ohio, com o bilionário Donald Trump ampliando sua vantagem após obter o apoio explícito do ex-rival Ben Carson.

Para dois dos nomes ainda na disputa - o senador pelo estado da Flórida Marco Rubio e o governador de Ohio, John Kasich - o próximo dia 15 será um divisor de águas e pode marcar o fim de suas pretensões.

No caso de Trump, uma vitória na Flórida e em Ohio irá colocá-lo, definitivamente, no caminho da indicação partidária para a eleição à Casa Branca, em 8 de novembro. Com o apoio do neurocirurgião aposentado Ben Carson, esta tarefa pode ser facilitada.

"Fizemos as pazes", disse Carson, em entrevista coletiva ao lado de Trump, antes de fazer um apelo aos eleitores conservadores para que evitem as "divisões" e se unam à sua candidatura.

"Há dois Donald Trump: um que é o orador arrasador e que não tem problemas em dizer o que pensa, e outro que é muito cerebral, considera tudo muito cuidadosamente e com quem se pode conversar em profundidade", declarou Carson.

- Eleitorado religioso -A adesão de Carson é um passo importante para Trump, porque lhe permite avançar entre o eleitorado evangélico e entre os conservadores desiludidos com a direção tomada pelo Partido Republicano.

Ao mesmo tempo, é um golpe para o senador ultraconservador Ted Cruz, que, nesta campanha, apresenta-se como o representante da direita religiosa.

Em declarações à imprensa, nesta sexta, Rubio afirmou que uma candidatura presidencial de Trump provocará "um racha" no partido.

O fato é que Rubio precisa - urgentemente - de uma vitória na Flórida para se manter na corrida.

"Com relação à eleição da Flórida, eu me sinto muito bem", afirmou Rubio, enquanto quase todas as pesquisas apontam que Trump vencerá o senador, com uma vantagem de pelo menos oito pontos percentuais.

Nesta primária republicana (e na democrata), os vencedores na Flórida, em Illinois e em Ohio vão ficar com todos os delegados, e não com um número proporcional, como nas consultas realizadas até agora.

Na última terça, depois de ganhar a disputa de Michigan e do Mississippi, Trump antecipou que, se vencer na Flórida e em Ohio, "este jogo estará liquidado".

Em Ohio, Trump enfrenta a popularidade de Kasich, um conservador moderado que tem o claro apoio da direção do partido, mas que não consegue decolar nas prévias.

Como pode acontecer com Rubio na Flórida, uma derrota de Kasich em Ohio praticamente enterrará qualquer esperança de continuar.

Esse xadrez explica o apelo feito hoje pelo comitê de campanha de Rubio para que os conservadores de Ohio votem em massa em Kasich, na tentativa de conter o incontrolável Trump.

- Polêmica por truculência -A campanha de Trump também se tornou o centro das atenções nesta sexta-feira por outro motivo: a onda de indignação com os repetidos atos de violência em seus comícios cometidos contra manifestantes e até contra jornalistas.

O último desses episódios aconteceu na quinta-feira, quando circularam vídeos on-line de um eleitor de Trump agredindo um manifestante negro que protestava sozinho. Também veio à tona o caso de uma jornalista que acusou um dos diretores de campanha do bilionário de derrubá-la com empurrões.

A porta-voz da campanha de Trump, Katrina Pierson, admitiu hoje que "alguém empurrou" a jornalista, mas negou que tenha sido um integrante da equipe do pré-candidato.

"Não podem negar isso, é nojento. Vocês deviam ter vergonha", reagiu o namorado da repórter, em declarações à rede CNN.

Ontem, o jornal The New York Times publicou uma extensa matéria, afirmando que protestar em um comício de Trump se tornou "a ação política mais arriscada de 2016".

Em fevereiro, em um outro episódio de truculência, as câmeras mostraram um dos seguranças de Trump segurando pelo pescoço um premiado fotógrafo que cobria o evento para, em seguida, imobilizá-lo no chão.

Hoje, na cerimônia onde anunciou o apoio de Carson, Trump comentou que, em vários de seus atos públicos, houve pessoas que protestavam "agredindo a audiência".

"Desta vez", justificou, "o público também agrediu. Foi uma reação adequada".

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