Salah Abdeslam é preso em Bruxelas 4 meses após atentados de Paris

Bruxelas, 18 Mar 2016 (AFP) - Salah Abdeslam, suspeito-chave dos atentados que deixaram 130 mortos em 13 de novembro, em Paris, foi preso nesta sexta-feira durante uma operação policial no bairro de Molenbeek, em Bruxelas.

"Inimigo público número um" desde os atentados de quatro meses atrás, Salah Abdeslam foi ferido em uma das pernas durante a operação da polícia, de acordo com fontes policiais.

"Nós o temos", comemorou no Twitter o secretário de Estado belga para a Imigração, Theo Francken.

Salah Abdeslam foi preso na ação policial contra uma casa de dois andares, localizada na rua Quatre Vents em Molenbeek, bairro popular que se tornou famoso após os ataques de 13 de novembro por ter abrigado vários dos suicidas.

O primeiro-ministro belga, Charles Michel, deixou no início da tarde uma cúpula europeia com a Turquia em Bruxelas ao ser informado da operação. Ao final da cúpula, o presidente francês, François Hollande, dirigiu-se imediatamente ao gabinete do premiê.

"Prendemos Salah Abdeslam", disse Michel em declaração à imprensa, ao lado de Hollande.

"Esta é uma vitória importante na batalha pela democracia e contra esta abominável forma de extremismo", acrescentou.

O porta-voz da promotoria belga, Eric van der Sypt, informou em seguida que no total cinco pessoas foram presas em três operações: Salah Abdeslam e um cúmplice, assim como três membros da família que os abrigava.

Hollande disse esperar que a Bélgica extradite Salah Abdeslam para a França "o quanto antes".

"Salah tem uma ordem de captura europeia, não duvido que logo haverá um pedido de extradição (...) e não duvido que as autoridades belgas o aceitarão o quanto antes", disse Hollande.

Abdeslam "participou de uma forma ou de outra" nos atentados de 13 de novembro, em Paris, que deixaram 130 mortos.

O presidente francês anunciou ter convocado uma reunião especial do conselho de defesa nacional para o sábado.

"Nosso combate não terminou e amanhã, dado as informações que comunicaram, reunirei o conselho de defesa", que reúne ministros a cargo da segurança e as principais autoridades de segurança francesas, disse Hollande.

Papel centralSalah Abdeslam, um francês de 26 anos de origem marroquina, radicalizado em Molenbeek e que nunca chegou a combater na Síria, é suspeito de ter tido um papel central na logística dos atentados jihadistas de 13 de novembro em Paris, reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI).

Seu rastro foi perdido depois que conseguiu fugir de Paris no dia seguinte dos atentados com a ajuda de pessoas próximas. Não há informações precisas sobre o seu paradeiro após as 14 horas de 14 de novembro, quando foi deixado por seus cúmplices em Schaerbeek, outro bairro de Bruxelas.

Segundo informações da imprensa, ele teria passado três semanas escondido em um apartamento onde suas impressões digitais foram encontradas pelos investigadores em 10 de dezembro.

Nesta sexta-feira, "o assalto foi iniciado pela polícia", descreveu um vereador de Molenbeek, que pediu anonimato. Um homem "jovem, baixo e usando boné, fugiu (...) Ele foi baleado pela polícia e levado de ambulância", acrescentou.

As buscas por Salah Abdeslam se aceleraram esta semana depois que a polícia se deparou, durante uma operação de rotina, com três homens fortemente armados em um apartamento sem água ou eletricidade no município de Foret, vizinho de Molenbeek.

Os homens atiraram sem hesitar contra as forças policias, ferindo levemente quatro deles. Um deles foi morto por um franco-atirador, mas seus dois cúmplices conseguiram fugir e "continuavam a ser perseguidos", de acordo com a procuradoria.

A procuradoria federal belga confirmou nesta sexta-feira que "as impressões digitais de Salah Abdeslam foram encontradas no apartamento de Forest".

Também foi informado que o homem morto nesta operação, o argelino Mohamed Belkaid, era, "provavelmente", um dos homens procurados pelo apoio logístico dado aos autores dos ataques de paris sob a falsa identidade do Samir Bouzid.

No apartamento, a polícia encontrou uma bandeira do Estado Islâmico (EI), onze carregadores e muita munição.

Foi sob o nome falso de Samir Bouzid, que o homem morto transferiu 750 euros de Bruxelas a Hasna Aïtboulahcen, a prima de um dos mentores dos ataques, Abdelhamid Abaaoud.

Abaaoud e sua prima foram mortos no dia 18 de novembro, durante uma operação da polícia contra seu esconderijo em Saint-Denis, nos subúrbios de Paris.

O falso Samir Bouzid chegou a ser controlado na fronteira austro-húngara em 9 de setembro, juntamente com Salah Abdeslam e um certo Soufiane Kayal, que também apresentou uma carteira de identidade falsa.

De acordo com a televisão pública flamenga VRT, o nome de Mohammed Belkaid aparece nas listas de combatentes do EI que vazaram na semana passada na imprensa e que teria se oferecido para cometer um ataque suicida.

Uma grande operação para tentar prender Salah Abdeslam foi montada em Molenbeek três dias depois dos atentados em Paris, mas a polícia não obteve sucesso.

Foi neste bairro de Bruxelas, com uma grande população de imigrantes, que vários membros dos comandos que espalharam o terror em Paris cresceram - como Abaaoud e os irmãos Abdeslam, amigos de infância.

O irmão de Salah, Brahim, fez parte do trio que atacou vários bares e restaurantes parisienses em 13 de novembro.

Um outro suspeito ainda é procurado: Mohamed Abrini (30 anos), filmado em 11 de novembro em um posto de gasolina na estrada entre Paris e Bruxelas, juntamente com Salah Abdeslam.

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