Presidente turco acusa Europa de 'capitular' ante o terrorismo

Ancara, 18 Mar 2016 (AFP) - O presidente islamita-conservador turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou nesta sexta-feira a União Europeia (UE) de "capitular ante o terrorismo" e pediu para abandonar sua complacência em relação aos rebeldes curdos, cinco dias depois de um mortífero atentado suicida em Ancara reivindicado por um grupo curdo.

"Não há razão para que a bomba que explodiu em Ancara (...) não seja detonada um dia em outra cidade da Europa", disse Erdogan.

"Apesar desta realidade, os países europeus não prestam atenção, como se dançassem em um campo minado", acrescentou.

Estas declarações do líder turco em um discurso oficial em Canakkale (noroeste) coincidem com a viagem de seu primeiro-ministro, Ahmet Davutoglu, a Bruxelas para negociar com a União Europeia um plano de ação para frear o fluxo de migrantes.

Finalmente, os líderes dos 28 países chegaram a um acordo com a Turquia, que permitirá o reenvio de migrantes irregulares a partir de domingo ao território turco, apesar das reticências dos europeus quanto ao respeito dos direitos humanos no país.

Na quarta-feira, a chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu no Parlamento que a UE deveria insistir na "proteção da liberdade de imprensa e no tratamento dos curdos".

Erdogan atacou em particular a Bélgica, ao afirmar que simpatizantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, ilegalizado) foram recentemente autorizados a carregar bandeiras do movimento perto da sede da Comissão Europeia.

"Não é honesto, não é sincero", disse Erdogan. "Hoje tiraram as bandeiras, os cartazes. Quem tentam enganar?". "Tudo isso significa capitular ante o terrorismo. Capitularam ante o terror", insistiu.

"Mais uma vez faço um alerto aos países que apoiam direta e indiretamente as organizações terroristas: estão alimentando uma cobra", afirmou.

A Bélgica respondeu, através de seu embaixador em Ancara, que "está determinada a combater o terrorismo", respeitando "a lei e as liberdades fundamentais".

Na tarde de domingo, um carro-bomba se lançou contra um ponto de ônibus da movimentada praça Kizilay de Ancara, deixando 35 mortos e mais de 120 feridos.

O atentado foi reivindicado na quinta-feira por um grupo radical dissidente do PKK, os Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK), que disse ter agido em represália pelas operações realizadas pelo exército e pela polícia turcas contra a rebelião em várias cidades do sudeste da Turquia.

Erdogan prometeu erradicar o PKK. Desde o atentado de Ancara, reativou a guerra contra todos os que considera seus cúmplices. Pediu que o Parlamento levantasse a imunidade de deputados pró-curdos e a polícia turca multiplicou nos últimos dias as detenções de partidários da causa curda.

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