Vala comum com 42 executados pelo Estado Islâmico encontrada na Síria

Damasco, 2 Abr 2016 (AFP) - O exército sírio encontrou uma vala comum com os cadáveres de 42 civis e militares executados pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI) na cidade de Palmira, reconquistada recentemente.

"O exército sírio encontrou ontem (sexta-feira) pela manhã uma vala comum com os resto de 24 civis, entre eles três crianças, e 18 militares", informou à AFP neste sábado uma fonte militar, destacando que as vítimas, "soldados e militantes pró-regime e seus familiares", morreram "decapitados ou fuzilados" pelos jihadistas que controlaram a cidade por dez meses.

Segundo a fonte militar e a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), seriam os restos de oficiais e parentes executados pelo grupo extremistas após a entrada do EI na cidade, em maio de 2015.

Alguns restos foram identificados, segundo a fonte, acrescentando que o exército estava "buscando outras valas".

"O EI executou ao menos 280 pessoas durante a ocupação de Palmira", declarou à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH. As execuções aconteceram no teatro romado da cidade, complementou.

Apesar dos horrores da guerra na Síria, que já causou mais de 270 mil mortes desde março de 2011, as descobertas de valas comuns são raras neste país.

- Medo de voltar -Os jihadistas também destruíram numerosos tesouros arqueológicos desta cidade, conhecida como a "pérola do deserto".

Quase uma semana depois da tomada de Palmira pelas forças sírias, a população, estimada entre 50 e 70 mil pessoas antes da guerra e de 15 mil durante a presença do grupo extremista, não havia voltado à cidade.

"As pessoas têm medo das represálias do regime e também das minas enterradas por toda a cidade pelo EI", disse à AFP Abdel Rahmane.

"Além disso, muitas casas foram destruídas pelos bombardeios da aviação russa antes da tomada de Palmira", completou.

A 70km a oeste, o exército bombardeava de forma intensa a cidade de Sokné, ainda nas mãos do grupo extremista e que o regime deseja recuperar para reforçar a segurança de Palmira.

- Objetivo Deir Ezzor -"Se o regime toma Sokhné, logo partirá daqui para iniciar uma ofensiva contra a província de Deir Ezzor", controlada majoritariamente pelos jihadistas, segundo Abdel Rahamne. Sokhné se encontra a cerca de 50km desta província, rica em petróleo.

As autoridades militares sírias haviam afirmado que a região de Palmira seria a base para lançar as operações contra o EI, em especial na província de Deir Ezzor, no leste do país, e Raqa, capital do califado proclamado pela organização em 2014.

Uma trégua imposta pela Rússia e Estados Unidos entre o regime e os rebeldes, respeitada há mais de um mês, permitiu ao exército concentrar seus ataques contra o grupo extremista, à margem do cessar-fogo.

Ao menos 40 membros da organização jihadista, em sua maioria estrangeiros, morreram na quinta-feira durante os bombardeios orquestrados pela Rússia em um povoado a noroeste de Deir Ezzor, segundo um novo balanço do OSDH. Entre os mortos, figuram 18 jovens de menos de 16 anos que treinavam em um acampamento.

Segundo a ONG, trata-se de uma das perdas mais graves para o EI em um só ataque aéreo.

Na quarta-feira, um comandante militar do grupo, o tunisiano Abu al-Hija, morreu no ataque de um drone americano próximo a Raqa.

De acordo com o OSDH, o combatente viajou para a Síria desde o Iraque 24 horas antes, por ordens do líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi.

A Turquia também realizou disparos de seu território a partir da região fronteiriça de Killis, contra posições do EI ao norte da cidade de Aleppo, segundo a imprensa turca.

Mais ao sul, a Frente al Nosra, a facção síria da Al-Qaeda, anunciou ter tomado o controle das cidade de Al Eis, na estrada entre Aleppo e Damasco, segundo o OSDH.

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