Justiça argentina aceita hipótese de assassinato na morte de promotor

Buenos Aires, 11 Abr 2016 (AFP) - A justiça argentina determinou nesta segunda-feira que o fórum federal investigue a morte do promotor Alberto Nisman, o que implica admitir a hipótese de homicídio do investigador do atentado de 1994 contra o centro judeu Amia, informou o portal do poder judiciário CIJ.

A Câmara Criminal Nacional rejeitou uma apelação do especialista em informática Diego Lagomarsino, o único acusado do caso, por haver emprestado a arma usada para matar Nisman no dia 18 de janeiro de 2014 em seu apartamento de Buenos Aires.

A hipótese considerada até então era de suicídio, mas triunfou a posição dos familiares autores da denúncia, que acreditam que Nisman tinha sido vítima de um homicídio.

A justiça deve submeter a causa a um sorteio para designar um novo juiz. Até o momento, o caso esteve nas mãos da juíza Fabiana Palmaghini.

"Podemos concluir que existem razões mais do que plausíveis para poder dar crédito à hipótese máxima, para supor que a morte também pode ser o resultado da atividade de terceiros no marco de sua função", havia afirmado à Câmara de Apelações no final de março, quando se pronunciou para encomendar a investigação ao foro federal.

Nisman foi encontrado no banheiro de seu apartamento com um tiro na cabeça, sem que a perícia pudesse constatar indícios da presença de outra pessoa.

Quatro dias antes, o promotor argentino havia acusado a então presidente Cristina Kirchner (2007-2015) de encobrir os ex-governantes iranianos acusados pelo ataque contra a Amia e se apresentava para declarações ante o Congresso.

A denúncia de Nisman contra Kirchner foi logo desconsiderada pela justiça.

Um dos acusados no caso é o ex-presidente iraniano Ali Rafsanjani, entre outros altos funcionários.

A ex-presidente havia impulsionado, em 2013, um acordo com Teerã para criar uma comissão internacional de juristas que investigasse o caso Amia, em que 85 pessoas morreram e outras 300 ficaram feridas.

O caso não teve detidos e os iranianos se recusam a ser interrogados, embora Kirchner tenha pedido a Teerã durante vários anos ante a Assembleia Geral das Nações Unidas.

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