Raúl Castro defende partido único em Cuba e ironiza bipartidarismo dos EUA

Em Havana

  • Prensa Latina/AP

    Fidel Castro conversa com prisioneiros da invasão da Baía dos Porcos, em abril de 1961

    Fidel Castro conversa com prisioneiros da invasão da Baía dos Porcos, em abril de 1961

Havana, 16 Abr 2016 (AFP) - O presidente cubano, Raúl Castro, defendeu neste sábado o sistema de partido único em vigor em Cuba há cinco décadas, ironizou o modelo bipartidário dos Estados Unidos e rechaçou os apelos à abertura política.

"Se conseguirem algum dia nos fragmentar, seria o começo do fim", disse Castro na abertura do VII Congresso do Partido Comunista Cubano (PCC, único), frequentemente questionado por políticos americanos e europeus.

Em uma conversa recente com um político americano, Raúl Castro contou ter ouvido críticas ao unipartidarismo cubano, considerado um problema de direitos políticos na ilha.

"Falando dos direitos políticos, me diziam em Cuba: não há mais que um partido, e eu respondia: e daí? Assim como vocês têm um só partido", disse Raúl Castro em meio a risos do auditório, formado por mil delegados e mais de 280 convidados à reunião.

Raúl Castro disse que seu interlocutor retrucou - "Não, nós temos dois. E como se eu não soubesse, 'me diga seus nomes'?: democrata e republicano".

"Certo, está certo. É como se tivéssemos em Cuba dois partidos - (meu irmão e líder histórico) Fidel dirige um e eu, o outro", respondeu Raúl Castro.

"Com certeza Fidel vai dizer: eu quero dirigir o comunista; eu direi, bom, eu dirigirei o outro, não importa o nome", acrescentou o presidente, em discurso de pouco mais de duas horas.

Ele disse que desde o início do processo de aproximação com os Estados Unidos, em dezembro de 2014, tem havido "resultados concretos", mas que ainda o embargo é mantido em vigor e a ocupação de território da ilha na base americana de Guantánamo.

Ele afirmou que as medidas de flexibilização do "bloqueio", determinadas pelo presidente Barack Obama antes de sua visita histórica a Cuba, em março, "são positivas, mas não suficientes".

Ele destacou que apesar destes gestos presidenciais, também continuam de pé medidas migratórias como a Lei de Ajuste e a dos "Pés secos, Pés molhados", que estimulam a emigração ilegal de cubanos, o que deve desaparecer para normalizar os laços entre os dois países, um processo ao qual denominou de "longo e complexo".

Raúl disse que Cuba quer "um diálogo respeitoso e construtivo" com os Estados Unidos, e pediu a Washington para "aceitar e respeitar as diferenças" entre os dois países, que são - disse - "numerosas e profundas".

"Vamos nos concentrar no que nos une e não no que nos separa", prosseguiu.

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