Santos se sente frustrado, mas não desanimado com processo de paz na Colômbia

Bogotá, 19 Abr 2016 (AFP) - Admirador de Winston Churchill, o presidente Juan Manuel Santos sabe que obter a paz na Colômbia é um processo difícil depois de décadas de violência, e isso muitas vezes o faz sentir-se frustado, inclusive com seu antecessor Álvaro Uribe, mas jamais desanimado.

Por isso, no processo de paz que está para concluir com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e no que está por começar com o Exército da Libertação Nacional (ELN), segue a máxima de Nelson Mandela: "perseverança e paciência, conforme explicou em entrevista à AFP.

El presidente de Colombia, Juan Manuel Santos, en la recta final de un proceso de paz con la guerrilla FARC, sostuvo que acabar con más de medio siglo de conflicto será "una oportunidad de oro" para la lucha antidrogas.

AFP: Seu empenho absoluto com a paz resulta em baixos índices de popularidade. O senhor se snte frustrado?Frustrado sim, porque às vezes não entendo por que as pessoas têm certas atitudes. Mas nunca desanimado, no sentido de que sei o que é correto. Fui advertido que fazer a paz era muito difícil e muito impopular, que me continuasse fazendo a guerra. Para obter a paz é preciso mudar sentimentos, formas de ver as coisas. Uma pessoa com sede de vingança deve ser convencida de aprender a perdoar e só o fato de sentar-se com o inimigo é por si impopular; quando começa a fazer concessões, fica ainda mais impopular. Mas estou esperançoso de que estes custos políticos ao final se transformem em investimentos.

AFP: Ainda não terminou o processo com as Farc e já vai iniciar outro com o ELN. Essa perspectiva o desanima?Foi o Mandela que me disse. "No dia que você quiser fazer a paz, pense em duas palavras: "perseverança e paciência". E tinha toda a razão.

AFP: Mandela ou Churchill, com quem se identifica mais?Mandela eu conheci pessoalmente e me impressiona muito. Churchill nunca conheci, mas li praticamente todos os livros sobre ele. Cada um em seu ambiente: Churchill, como líder na guerra, Mandela, como líder em um processo muito complexo e difícil como foi a paz na África do Sul. Outro de quem sou grande admirador é o Franklin D. Roosevelt. Em algumas área dos Estados Unidos, ele é mais lembrado, mas não porque ganhou uma guerra, e sim pela infraestrutura que deixou. Por isso estamos fazendo uma grande revolução na Colômbia. E me inspirei em Abraham Lincoln quando chamei meus adversários nas eleições de 2010 para fazerem parte de meu gabinete. Copiei Lincoln, e isso foi muito positivo porque tive a governabilidade necessária para fazer reformas que ninguém pôde fazer até então na Colômbia.

AFP: É melhor manter os adversários por perto?Acredito que sim, principalmente se forem adversários com os quais se pode chegar a acordos para benefício do país. A experiência me mostrou isso.

AFP: Dizem que a Colômbia só alcançará a paz quando terminar o conflito entre o senhor e Álvaro Uribe.Quem dera. Não sou eu que brigo com ele, é ele que briga comigo. Se você me convidar para tomar um café com ele, vou com muito gosto. Mas estou certo de que ele vai dizer não. A mim parece inconveniente e irracional por sua parte, para o país e, é claro, para o governo, não posso explicar por que ele assumiu esta posição.

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