Representantes de EUA e Cuba se reúnem nesta quinta em Washington

Washington, 20 Mai 2015 (AFP) - Delegações de Estados Unidos e Cuba terão, nesta quinta-feira, em Washington, uma nova rodada de negociações para tentar resolver os temas em aberto e avançar no restabelecimento de suas relações diplomáticas e na eventual reabertura das embaixadas.

Desde o histórico anúncio de 17 de dezembro passado sobre o início do processo de reaproximação, esta será a quarta vez que as delegações de ambos os países estarão frente a frente para aparar arestas rumo à superação de meio século de ruptura.

Os dois países buscam resolver temas pendentes para anunciar o restabelecimento de suas relações bilaterais; em seguida, reabrir suas embaixadas; e, somente então, encarar o trabalhoso processo de normalizar esses laços bilaterais.

"Embora tenham sido feitos progressos em nossos esforços para restabelecer as relações diplomáticas, ainda não chegamos a esse ponto. Ainda há assuntos pendentes que precisam ser resolvidos", disse nesta quarta-feira a subsecretária de Estado para o Hemisfério Ocidental, Roberta Jacobson.

Em testemunho na Comissão de Relações Exteriores do Senado, Jacobson explicou que, nessa fase, a prioridade da delegação americana é fechar, com os diplomatas cubanos, acordos essenciais sobre o funcionamento das respectivas embaixadas.



Agenda concentrada em temas concretosA reunião de quinta-feira, completou Jacobson, se concentrará "em concluir o restante do acordo para (ter) uma embaixada que opere de forma similar a como operamos em outros países".

Isso implica acordos concretos sobre a liberdade de movimentos do pessoal em cada país, a inviolabilidade da mala diplomática e a possibilidade de que os cidadãos locais tenham acesso livre às embaixadas.

Esses detalhes estão baseados na Convenção de Viena sobre relações diplomáticas e se apoiam no princípio de reciprocidade.

Uma dessas discussões de logística estava focada na recusa de bancos americanos, ou com operações nos Estados Unidos, em assumir a administração das contas bancárias da representação cubana. Por esse motivo, a missão do país caribenho na capital americana teve de reduzir suas tarefas consulares ao mínimo.

Na terça-feira, uma importante fonte diplomática americana garantiu que a Seção de Interesses de Cuba em Washington havia chegado a um acordo com uma instituição bancária. Com isso, teria-se removido um enorme obstáculo nas negociações. A informação não foi confirmada por Havana.

O outro grande obstáculo poderá ser eliminado a partir de 29 de maio, quando vence o prazo para que o Congresso bloqueie a decisão do presidente Barack Obama de retirar Cuba da polêmica lista do Departamento de Estado sobre países que promovem o terrorismo.



Diferenças 'significativas'Além das discussões sobre questões logísticas específicas, Roberta Jacobson admitiu que as duas delegações ainda mantêm profundas diferenças de visão em diversos aspectos.

"Ainda se mantêm diferenças significativas entre nossos dois governos", reconheceu Jacobson.

De acordo com a subsecretária, nos encontros dedicados ao restabelecimento das relações diplomáticas, "continuamos mencionando nossas preocupações com democracia, direitos humanos e liberdade de expressão".

Desde o anúncio de dezembro passado, cubanos e americanos tiveram três rodadas de alto nível, alternadamente em Havana e em Washington. O próprio Obama teve um histórico encontro com o presidente cubano, Raúl Castro, em paralelo à Cúpula das Américas, realizada no Panamá, em abril deste ano.

Comissões técnicas dos dois países também tiveram reuniões setoriais sobre temas como política migratória, contatos postais e aeronáutica civil, assim como um primeiro encontro em Washington sobre direitos humanos.

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos