Novos confrontos nos territórios palestinos após morte de bebê

Campo de refugiados de Jalazun, 1 Ago 2015 (AFP) - Palestinos e forças israelenses se enfrentaram neste sábado em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia, após a morte de dois jovens palestinos nos incidentes posteriores ao falecimento de um bebê, queimado vivo por extremistas judeus.

Na manhã deste sábado, o exército decretou como zona militar a localidade de Kusra, norte da Cisjordânia, abalada por violentos confrontos entre palestinos e colonos judeus.

A morte do bebê, na madrugada de sexta-feira, no ataque de extremistas judeus contra a casa da família Dawabchen, ao norte da Cisjordânia, provocou uma onda de manifestações reprimidas pelas forças israelenses.

O pequeno Ali, de 18 meses, morreu queimado, e seus pais e o irmão de quatro anos lutam pela vida, depois que homens encapuzados lançaram bombas incendiárias dentro da casa da família.

O pai, Saad Dawabcheh, tem queimaduras de terceiro grau em 90% do corpo e se encontra em "estado crítico", informou o hospital de Beer-Sheva, sul de Israel.

A esposa e o outro filho se encontram em "estado muito grave e suas vidas correm perigo", segundo o hospital Tel Hashomer de Tel Aviv.

- 'Terroristas judeus' -O ataque, cometido por "terroristas judeus", segundo a expressão com um rigor pouco frequente por parte do governo de Israel, é o mais recente de uma longa série de represálias executadas pela extrema-direita israelense e os colonos.

Depois de cada medida considerada um agravo pela ultradireita israelense, os militantes se vingam dos palestinos, dos árabes-israelenses, os locais de culto cristãos e muçulmanos, e inclusive do exército israelense.

Na quarta-feira, Israel destruiu duas casas em construção na colônia de Bet El, perto de Ramallah, e anunciou que construiria "imediatamente" 300 mais.

Dois dias depois, a casa da família Dawabcheh foi atacada.

Os criminosos pintaram no muro da casa uma estrela de David e as palavras "vingança" e "o preço a pagar", lemas utilizados com frequência pelos extremistas judeus.

Muitos ataques do tipo ficaram impunes, razão pela qual continuam acontecendo, argumentam, de maneira unânime, ativistas dos direitos humanos, palestinos e a comunidade internacional.

Mas na sexta-feira, diante da comoção provocada pelas imagens do pequeno corpo envolvido em uma bandeira palestina, os dirigentes israelenses, com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu à frente, denunciaram um "ato de terrorismo".

Netanyahu e o presidente Reuven Rivlin visitaram, em um ato excepcional, Riham e Ahmed Dawabcheh, mãe e irmão do bebê morto.

O presidente israelense ligou para o presidente palestino Mahmud Abbas para garantir que a justiça será feita.

"Duvido que Israel faça uma verdadeira justiça", respondeu, cético, Abbas, antes de acrescentar que vai incluir o novo "crime de guerra" de Israel no dossiê que pretende entregar ao Tribunal Penal Internacional (TPI).

- Consternação em Israel -Na sexta-feira, dia tradicional de mobilização, as manifestações se transformaram em cortejos fúnebres em homenagem ao bebê, que virou para os palestinos um novo símbolo da violência dos colonos, responsáveis, segundo a Autoridade Palestina, por 11.000 ataques nos últimos 10 anos.

As manifestações terminaram em confrontos com as forças israelenses.

Laith Jaldi, um adolescente palestino de 16 anos, ferido por um tiro do exército no campo de refugiados de Jalazun, perto de Ramallah, faleceu durante a madrugada.

Centenas de palestinos acompanharam neste sábado o caixão no caminho até o cemitério.

Sua mãe acusou os soldados pela morte "a sangue frio" do filho, "que ainda era um menino".

Outro adolescente palestino foi morto em Gaza na sexta-feira por militares israelenses, sob a alegação de que se aproximou demais do muro que separa Israel do território palestino.

Durante a noite de sexta-feira e a manhã deste sábado foram registrados novos confrontos em Jerusalém Oriental e em uma localidade do norte da Cisjordânia, segundo a imprensa.

O ato de violência da extrema-direita que deixou os israelenses particularmente consternados aconteceu um dia depois de um judeu ultraortodoxo ter esfaqueado seis pessoas no desfile do Orgulho Gay em Jerusalém, repetindo uma agressão de 2005 que o levou a passar 10 anos na prisão.

Um protesto contra a extrema-direita foi convocado para este sábado em Tel Aviv.

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