Ferguson em estado de emergência após jovem suspeito ser baleado

Em Ferguson (EUA)

A cidade de Ferguson, nos Estados Unidos, foi declarada em estado de emergência nesta segunda-feira (10), um dia depois de manifestações pacíficas para lembrar a morte, há um ano, do jovem negro Michael Brown, vítima dos disparos de um policial branco. O estado de emergência vigora em todo o condado de Saint Louis, capital do Estado do Missouri, anunciaram as autoridades.

A decisão foi tomada depois da acusação contra Tyrone Harris, jovem de 18 anos baleado, por participação em um tiroteio no último domingo em Ferguson.  Harris responderá por quatro acusações de ataque em primeiro grau a agentes de segurança, cinco de ação criminal armada e uma por descarregar uma arma de fogo contra um veículo. O jovem permaneceu hospitalizado nesta segunda-feira por causa dos ferimentos sofridos durante o tiroteio. Foi estabelecida a ele uma fiança de US$ 250 mil em espécie.

O chefe do Condado de St. Louis disse ter declarado estado de emergência após o tumulto da noite anterior e devido aos "potenciais danos a pessoas e propriedades". "Os recentes atos de violência não vão ser tolerados numa comunidade que lutou incansavelmente durante o último ano para se tornar mais forte", disse.

Segundo o relato dos policiais, Harris fazia parte de um grupo de jovens que teriam começado a se enfrentar, trocando tiros entre si na noite do domingo. Quatro policiais que estavam à paisana começaram perseguir Harris, que abriu fogo contra o veículo. Ele seguiu atirando contra os agentes mesmo depois de eles terem saído do carro, conforme as autoridades. Os agentes devolveram os tiros e acabaram acertando o jovem, que ficou gravemente ferido. Suspensos enquanto o fato é investigado, os policiais não levavam câmeras em seus uniformes, uma prática cada vez mais recomendada para esclarecer as acusações sobre violência policial.

O pai do jovem ferido, Tyrone Harris, defendeu hoje a inocência do filho e questionou o relato da polícia. "Meu filho sequer estava armado quando eles dispararam", garantiu Harris em entrevista ao jornal "The Washington Post". A polícia, no entanto, assegura que encontrou uma pistola de 9 milímetros no local. A arma teria sido roubada em outra cidade do estado, mas Harris negou que ela pertencesse ao filho.

Segundo o pai, o jovem foi atacado pela polícia quando "corria para salvar sua vida" após o tiroteio entre dois grupos de jovens na avenida West Florissant, o epicentro dos protestos. Duas meninas que estavam com seu filho afirmam que não estavam armado.

Mais de cem pessoas participaram nesta segunda-feira de um ato de desobediência civil. Eles fizeram uma passeata até o tribunal federal de Ferguson, onde chegaram cantando "Black lives matter (Vidas negras importam)", o lema do movimento antirracismo surgido após a morte de Brown. Os manifestantes romperam uma barreira policial que bloqueava a entrada do tribunal, sentaram no chão e cruzaram os braços. Foram presas 56 pessoas no protesto, conforme o jornal "Saint Louis Post-Dispatch", que informou que vários dos manifestantes pediam a dissolução do Departamento de Polícia de Ferguson.

Depois do assassinato de Brown, em agosto de 2014, o Departamento de Justiça já interveio na polícia da cidade, majoritariamente branca, e descobriu que os agentes mantinham práticas abusivas contra a população negra. Desde a morte de Brown, no dia 9 de agosto de 2014, os protestos contra a discriminação policial contra os negros se estenderam da pequena Ferguson para mais de 170 cidades de todo o país, com especial intensidade em Nova York, Washington e Los Angeles. Brown levou vários tiros de um policial branco quando estava desarmado. Um grande júri decidiu, no entanto, que não havia provas suficientes para condenar o policial. (Com Agências Internacionais)

 

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos