Chegada de milhares de migrantes a Atenas aumenta pressão sobre a Europa

Atenas, 2 Set 2015 (AFP) - Milhares de refugiados e imigrantes, muitos deles sírios, chegaram nesta quarta-feira ao porto do Pireu, em Atenas, com o objetivo de seguir seu périplo para o norte da Europa, em um novo episódio da grave crise migratória que divide os países europeus.

Também nesta quarta-feira ao menos nove sírios se afogaram diante da costa da Turquia após o naufrágio de duas embarcações que haviam saído da cidade turca de Bodrum e tentavam chegar à ilha grega de Kos, porta de entrada para a União Europeia. Outros 1.200 puderam ser salvos pela Marinha italiana e dois barcos do Médicos Sem Fronteiras (MSF).

Já na costa espanhola, 55 imigrantes alcançaram o arquipélago atlântico das Canárias e o enclave norte-africano de Ceuta na noite de terça-feira.

Quarenta pessoas de origem subsaariana, entre elas duas mulheres grávidas e uma menina de dois anos, alcançaram na terça-feira às 20h00 locais em uma pequena embarcação uma praia da ilha de Gran Canaria. Outros 15 imigrantes, treze deles procedentes da Guiné e dois do Sri Lanka, foram localizados em Ceuta por volta da meia-noite local.

No Pireu, cerca de 1.800 pessoas chegaram na terça-feira à noite e outras 2.500 na manhã desta quarta-feira depois que as autoridades gregas as pegaram na ilha de Lesbos, uma ilha do mar Egeu que nos últimos dias viu a chegada de milhares de pessoas da Turquia.

Lesbos, assim como Kos, também no Egeu, se converteu no ponto de entrada à Europa de refugiados que fogem através da Turquia dos conflitos armados no Oriente Médio e na África.

A maioria deles quer continuar sua viagem ao norte da Europa através dos Bálcãs, na crise migratória mais grave no continente desde a II Guerra Mundial.

Após uma reunião de crise, o governo grego anunciou a criação de uma célula de coordenação com representantes dos ministérios do Interior e da Saúde e das forças de segurança, assim como um apoio econômico às ilhas do mar Egeu.

No entanto, "a resolução da crise migratória precisa da intervenção imediata da União Europeia e a questão tem que ser levada às Nações Unidas", disse o vice-ministro grego de política migratória, Ioannis Mouzalas.

Na Hungria, um dos países de entrada dos migrantes que querem chegar à Alemanha, a tensão segue crescendo e nesta quarta-feira 2.000 pessoas continuavam acampando diante da estação de Keleti de Budapeste ou em uma zona de trânsito do edifício. Uma centena deles se manifestaram para expressar seu descontentamento.

As autoridades húngaras realizaram na terça-feira a evacuação do edifício depois que 500 pessoas lançaram um ataque para pegar um trem em direção a Viena. Posteriormente a estação voltou a abrir suas portas, mas o acesso aos refugiados e imigrantes foi proibido.

Desafio para a EuropaA tentativa dos migrantes de chegar à Alemanha se explica pela decisão do governo de Berlim de não devolver os sírios ao país pelo qual entraram na União Europeia, neste caso a Hungria, e de examinar seus pedidos de asilo.

Segundo as autoridades alemãs, cerca de 3.500 demandantes de asilo chegaram na segunda e terça-feira à região alemã da Baviera procedentes da Áustria, um número recorde, e segundo a polícia o ritmo de entrada dos migrantes nesta quarta-feira era de mais de 100 pessoas por hora.

Na França também segue a pressão e a intrusão de migrantes nas vias do túnel sob o canal da Mancha bloqueou vários trens e obrigou os passageiros a passar a noite em uma estação.

A chegada de milhares de pessoas que fogem da guerra, da perseguição e da pobreza no Oriente Médio e na África representa o maior desafio para a Europa nos próximos anos, disse na terça-feira em Berlim o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy.

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