Primeiro mártir sul-africano é beatificado diante de 30.000 pessoas
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Marco Longari/AFP
Fiel segura livro com foto de Benedict Daswa, durante vigília por sua beatificação em Thohoyandou, na África do Sul
Diante de 30.000 pessoas, a Igreja católica beatificou neste domingo (13) o primeiro mártir sul-africano, Benedict Daswa, um professor morto em 1990 por ter se mostrado contrário à superstição de aldeões.
Daswa foi proclamado beato em uma carta lida em nome do papa Francisco pelo cardeal italiano Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.
A leitura ocorreu diante de 30.000 pessoas, durante a missa celebrada no povoado sul-africano de Tshitanini, perto da casa do beato na província de Limpopo (nordeste).
"O venerável servidor de Deus Samuel Tshimangadzo Benedict Daswa, laico e pai de família (...) catequista zeloso, educador completo e testemunha heroica do Evangelho até o derramamento de seu sangue, será chamado de beato a partir de agora", declarou o cardeal Amato entre aplausos.
O papa Francisco, que anunciou a beatificação em janeiro, prestou homenagem ao novo beato na praça São Pedro do Vaticano.
"Hoje foi beatificado na África do Sul Samuel Benedict Daswa, um pai assassinado em 1990, há apenas 25 anos, por sua fé no Evangelho", disse o sumo pontífice.
"Em sua vida sempre mostrou uma grande solidez, defendeu com valentia as ideias do cristianismo e rejeitou os costumes terrenos e pagãos", acrescentou.
Benedict Daswa, professor católico, diretor de escola e líder comunitário na província de Limpopo (nordeste), é o primeiro mártir sul-africano reconhecido pela Igreja católica.
Daswa foi assassinado por aldeões por se negar a pagar pelos serviços de um bruxo que supostamente deveria acabar com os temporais que atingiam a região na época. Este pai de oito filhos se opôs a contribuir na coleta, já que sua fé católica o impedia.
Caiu em uma emboscada na noite de 2 de fevereiro de 1990, quando ia para casa.
Primeiro foi apedrejado por seus agressores, mas conseguiu escapar. No entanto, foi encontrado pouco depois e assassinado por espancamento com paus. Os assassinos jogaram posteriormente água fervente nos ouvidos e dentro do nariz para garantir que estava morto.
"Foi tão injusto o que aconteceu com ele...", suspirou na cerimônia Tshiwela Sylvester, uma mulher de cinquenta anos que conheceu Benedict Daswa.
"Espero que esta cerimônia ajude as pessoas a distinguirem entre bruxaria e religião", acrescentou.
"Enquanto seus carrascos o matavam, Benedict rezava de joelhos. Rezou até o último minuto de sua vida", afirma a biografia de Daswa, lida durante a cerimônia deste domingo.
Benedict Daswa morreu no anonimato neste mesmo dia, coincidindo com o anúncio do regime da libertação do herói da luta antiapartheid, Nelson Mandela.
Desde então, sua reputação cresceu dentro da comunidade católica sul-africana e o papa Francisco anunciou sua beatificação em janeiro.