Exército de Burkina Faso retoma quartel de militares golpistas

Em Uagadugu

  • Joe Penney/Reuters

    19.set.2015 - Manifestantes protestam ao lado de barricada em rua da capital de Burkina Faso, Uagadugu,contra golpe de Estado

    19.set.2015 - Manifestantes protestam ao lado de barricada em rua da capital de Burkina Faso, Uagadugu,contra golpe de Estado

O Exército de Burkina Faso tomou nesta terça-feira o quartel da Guarda Presidencial, cujos membros tentaram um golpe de Estado em 17 de setembro passado e ainda resistiam a entregar as armas depois do fracasso da medida de força.

"O governo da transição (...) faz um apelo para que se reforcem a reconciliação e a unidade nacional", informou um comunicado divulgado agora à noite e que promete um balanço "posterior".

O comunicado acrescenta que "foram liberados praças e campos ocupados" pelo golpista Regimento de Segurança Presidencial (RSP), a Guarda Pretoriana do ex-presidente Blaise Compaoré - "sobretudo, o acampamento Naaba Koom".

O líder do golpe militar abortado, general Gilbert Diendéré, declarou à AFP que teme "muitos mortos" no assalto.

O Exército regular "sacou a artilharia (...) Fizeram fogo de imediato. Infelizmente, havia famílias, a clínica (no campo). Deve haver muitos mortos e feridos", acrescentou.

Ainda não há um balanço da ofensiva até o momento.

Diendéré garantiu que se colocará "à disposição da Justiça" e disse que não estava no quartel.

Uma fonte militar disse à AFP que o Exército regular continuava à noite uma operação de "pente fino" no enorme campo que cerca o palácio presidencial.

"A situação está tranquila. Invadimos. Não houve confronto. (Os ex-golpistas) deixaram o quartel", situado perto do Palácio Presidencial em Uagadugu, informou o chefe do Estado-Maior, general Pingrenom Zagre.

O quartel de Naaba Koom II foi o lugar onde se entrincheirou o Regimento de Segurança Presidencial (RSP) com a intenção de conservar suas armas para negociar em uma posição de força.

Diendéré é um general muito próximo ao ex-presidente Blaise Compaoré, que governou Burkina Faso durante 27 anos. Ele foi afastado do poder por uma revolta popular no ano passado.

Desde então, esse país africano viveu submetido a uma grande insegurança política.

A tentativa de golpe de Estado deixou cerca de dez mortos e mais de 100 feridos.

Depois do golpe, no qual foram detidos o presidente do período de transição, Michel Kafando, e seu primeiro-ministro, Isaac Zida, o governo dissolveu o RSP, uma exigência da sociedade civil há 15 anos.

O desarmamento da RSP não aconteceu como exigia o governo e o Parlamento provisório. Alguns soldados golpistas não queriam entregar suas armas sem garantias sobre sua segurança e a de suas famílias. A guarda conta com cerca de 1.300 soldados.

A tensão militar foi crescendo até que, nesta terça, o Exército fechou o aeroporto, instalou blindados e soldados na zona central da capital e bombardeou o campo militar da RSP.

Depois do golpe e da investigação sobre o ocorrido, o Parlamento ordenou a detenção de Djibrill Bassolé, ex-chanceler de Compaoré. Tanto Bassolé quanto Diendéré e sua mulher, Fatu Diallo Diendéré, sofreram o embargo de seus bens no sábado. A mesma medida foi adotada contra o Congresso para a Democracia e o Progresso (CDP) de Compaoré.

A União Africana cancelou a suspensão de Burkina Faso e anulou a aplicação de sanções contra os promotores do golpe. A UA advertiu, contudo, que essas sanções "podem ser reativadas a qualquer momento".
 

 

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