Suposto cérebro de caso de corrupção na Guatemala se entrega à Justiça
Cidade da Guatemala, 5 Out 2015 (AFP) - O guatemalteco Juan Carlos Monzón, suspeito de ser o cérebro de uma rede de corrupção que provocou a crise governamental no país, entregou-se nesta segunda-feira à Justiça após quase seis meses de fuga.
Em depoimento hoje no tribunal, Monzón apontou o ex-presidente Otto Pérez como o "cabeça" de uma fraude milionária orquestrada no sistema nacional alfandegário.
Monzón validou a acusação feita na semana passada por um detento neste mesmo processo. Estuardo Salvador González, conhecido como "Eco", acusou Pérez e a ex-vice-presidente Roxana Baldetti de dirigirem o esquema e de receberem subornos na fraude revelada em 16 de abril.
Ligado à "estrutura externa" da fraude, González declarou, em audiência judicial, que Pérez e Baldetti recebiam 50% dos subornos arrecadados pela rede chamada "A Linha".
"Reconheço que Estuardo disse a verdade em sua declaração, senhor juiz", declarou Monzón, aparentando cansaço, ao juiz Miguel Ángel Gálvez, responsável pelo caso.
"Sou o elo de que o Ministério Público precisa para encerrar esta investigação, senhor juiz", acrescentou Monzón, que negou ser o líder da estrutura, conforme a acusação que pesa contra ele.
No governo de Pérez e de Baldetti, não se "fazia nada sem o conhecimento, ou a aprovação de nenhum dos dois", detalhou Monzón.
O réu disse ter mais informações contra Pérez e Baldetti, mas pediu proteção para revelá-las. Ele alega temer por sua vida e pela segurança de sua família.
O juiz Gálvez colocou Monzón em prisão provisória, enviando-o para o presídio de Pavoncito, na periferia leste da capital. Também estabeleceu proteção policial para o réu e sua família.
O juiz pode determinar nesta terça, se vincula Monzón ao processo judicial e ordena a prisão preventiva.
Situação de Pérez se complicaJuan Carlos Monzón era secretário particular da ex-vice-presidente Roxana Baldetti quando veio à tona, em 16 de abril, um escândalo sobre a cobrança de subornos para evitar impostos aduaneiros, após uma investigação do Ministério Público e da Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala (Cicig), uma entidade da ONU que colabora com o sistema judicial local.
Monzón desapareceu no mesmo dia em que o caso de corrupção foi revelado.
O ex-presidente Otto Pérez renunciou ao mandato em 2 de setembro, após a denúncia de que liderava a rede "A Linha", ao lado de Baldetti. A então vice deixou o governo pelo mesmo escândalo em maio.
Pérez e Baldetti se encontram em prisão preventiva sob investigação do Ministério Público. Por motivos de saúde, a ex-vice-presidente está internada desde 11 de setembro no hospital do Exército.
A rede de corrupção "era dirigida operacionalmente por você, Juan Carlos Monzón Rojas, e dirigida pelo senhor Otto Fernando Pérez Molina e pela senhora Ingrid Roxana Baldetti Elías", afirmou o procurador Antonio Morales, ao iniciar a acusação contra o ex-funcionário.
Morales apresentou vários grampos telefônicos como prova contra Monzón, que pediu "desculpas ao povo da Guatemala", à família e aos amigos "por ter participado dessa estrutura, em que eu apenas segui as instruções que me deram".
"Agora, complica-se a situação de Otto Pérez e de Roxana Baldetti, e se comprova que os dirigentes do mais alto escalão do país dirigiam a estrutura criminosa", comentou Gabriel Wer, membro do Justiça Já, um dos grupos que lideraram vários protestos contra a fraude.
Monzón será processado pelos delitos de formação de quadrilha, casos especiais de fraude fiscal e corrupção passiva. Seu advogado, Francisco García Gudiel, já defendeu o ex-ditador Efraín Ríos Montt pelo delito de genocídio de indígenas durante a guerra civil (1960-1996).
Na semana passada, "Eco" denunciou que Pérez e Baldetti recebiam 50% dos subornos arrecadados pela estrutura "La Linha".
"50% dos subornos eram para o número 1 e o número 2 (...). Fui eu quem identificou como 1 e 2 o presidente e a vice-presidente para o esquema de distribuição de dinheiro", revelou Gonzáles na etapa intermediária do caso.
O analista político Luis Linares, da Associação de Pesquisa e Estudos Sociais (ASIES, em espanhol), disse à AFP que uma das possíveis causas da entrega de Monzón é que "o cerco estava se fechando ao seu redor para fugir da Justiça".
Segundo o especialista, é muito provável que, durante sua fuga, tenha permanecido no país, e não no exterior, como pensavam as autoridades.
Em depoimento hoje no tribunal, Monzón apontou o ex-presidente Otto Pérez como o "cabeça" de uma fraude milionária orquestrada no sistema nacional alfandegário.
Monzón validou a acusação feita na semana passada por um detento neste mesmo processo. Estuardo Salvador González, conhecido como "Eco", acusou Pérez e a ex-vice-presidente Roxana Baldetti de dirigirem o esquema e de receberem subornos na fraude revelada em 16 de abril.
Ligado à "estrutura externa" da fraude, González declarou, em audiência judicial, que Pérez e Baldetti recebiam 50% dos subornos arrecadados pela rede chamada "A Linha".
"Reconheço que Estuardo disse a verdade em sua declaração, senhor juiz", declarou Monzón, aparentando cansaço, ao juiz Miguel Ángel Gálvez, responsável pelo caso.
"Sou o elo de que o Ministério Público precisa para encerrar esta investigação, senhor juiz", acrescentou Monzón, que negou ser o líder da estrutura, conforme a acusação que pesa contra ele.
No governo de Pérez e de Baldetti, não se "fazia nada sem o conhecimento, ou a aprovação de nenhum dos dois", detalhou Monzón.
O réu disse ter mais informações contra Pérez e Baldetti, mas pediu proteção para revelá-las. Ele alega temer por sua vida e pela segurança de sua família.
O juiz Gálvez colocou Monzón em prisão provisória, enviando-o para o presídio de Pavoncito, na periferia leste da capital. Também estabeleceu proteção policial para o réu e sua família.
O juiz pode determinar nesta terça, se vincula Monzón ao processo judicial e ordena a prisão preventiva.
Situação de Pérez se complicaJuan Carlos Monzón era secretário particular da ex-vice-presidente Roxana Baldetti quando veio à tona, em 16 de abril, um escândalo sobre a cobrança de subornos para evitar impostos aduaneiros, após uma investigação do Ministério Público e da Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala (Cicig), uma entidade da ONU que colabora com o sistema judicial local.
Monzón desapareceu no mesmo dia em que o caso de corrupção foi revelado.
O ex-presidente Otto Pérez renunciou ao mandato em 2 de setembro, após a denúncia de que liderava a rede "A Linha", ao lado de Baldetti. A então vice deixou o governo pelo mesmo escândalo em maio.
Pérez e Baldetti se encontram em prisão preventiva sob investigação do Ministério Público. Por motivos de saúde, a ex-vice-presidente está internada desde 11 de setembro no hospital do Exército.
A rede de corrupção "era dirigida operacionalmente por você, Juan Carlos Monzón Rojas, e dirigida pelo senhor Otto Fernando Pérez Molina e pela senhora Ingrid Roxana Baldetti Elías", afirmou o procurador Antonio Morales, ao iniciar a acusação contra o ex-funcionário.
Morales apresentou vários grampos telefônicos como prova contra Monzón, que pediu "desculpas ao povo da Guatemala", à família e aos amigos "por ter participado dessa estrutura, em que eu apenas segui as instruções que me deram".
"Agora, complica-se a situação de Otto Pérez e de Roxana Baldetti, e se comprova que os dirigentes do mais alto escalão do país dirigiam a estrutura criminosa", comentou Gabriel Wer, membro do Justiça Já, um dos grupos que lideraram vários protestos contra a fraude.
Monzón será processado pelos delitos de formação de quadrilha, casos especiais de fraude fiscal e corrupção passiva. Seu advogado, Francisco García Gudiel, já defendeu o ex-ditador Efraín Ríos Montt pelo delito de genocídio de indígenas durante a guerra civil (1960-1996).
Na semana passada, "Eco" denunciou que Pérez e Baldetti recebiam 50% dos subornos arrecadados pela estrutura "La Linha".
"50% dos subornos eram para o número 1 e o número 2 (...). Fui eu quem identificou como 1 e 2 o presidente e a vice-presidente para o esquema de distribuição de dinheiro", revelou Gonzáles na etapa intermediária do caso.
O analista político Luis Linares, da Associação de Pesquisa e Estudos Sociais (ASIES, em espanhol), disse à AFP que uma das possíveis causas da entrega de Monzón é que "o cerco estava se fechando ao seu redor para fugir da Justiça".
Segundo o especialista, é muito provável que, durante sua fuga, tenha permanecido no país, e não no exterior, como pensavam as autoridades.