Israel instala postos de controle em acessos a Jerusalém Oriental

Jerusalém, 14 Out 2015 (AFP) - Israel começou nesta quarta-feira a instalar postos de controle nos acessos aos bairros palestinos de Jerusalém Oriental, em uma tentativa de deter a atual onda de ataques contra cidadãos israelenses.

Horas depois, a polícia israelense anunciou ter matado a tiros um homem que queria atacar com uma faca um segurança na entrada da Cidade Velha de Jerusalém, além de ter atirado e "neutralizado" um homem que esfaqueou uma mulher perto da estação central de ônibus da cidade.

Os mortos são dois palestinos de 20 e 23 anos.

Na terça-feira, dois homens mataram dois israelenses ao abrir fogo em um ônibus, e outro avançou contra um ponto de ônibus com seu carro, deixando um morto.

Desde 1º de outubro, a nova onda de violência deixou sete mortos entre os israelenses e 30 entre os palestinos, incluindo vários autores de ataques cometidos sobretudo com faca.

Em suas primeiras declarações desde essa escalada, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, disse apoiar "uma resistência popular e pacífica" e criticou o governo e os colonos israelenses que "atuam como terroristas contra nosso povo".

Já o chefe do Hezbollah xiita libanês, Hassan Nasralah, expressou seu apoio aos ataques de palestinos contra israelenses, qualificando-os como "resistência e intifada".

Neste contexto, o Estado de Israel anunciou novas medidas. Assim, entre outras ações, os corpos dos palestinos autores dos ataques contra israelenses abatidos pelas forças de segurança não serão entregues às suas famílias. As regras de porte de armas serão suavizadas.

O governo israelense já havia anunciado durante a noite uma série de medidas, entre elas a mobilização de soldados para ajudar os policiais nas cidades e nas estradas israelenses.

Também autorizou a polícia "a fechar ou impor um toque de recolher nos bairros de Jerusalém em caso de atritos ou incitações à violência". Outra medida será o recrutamento de 300 agentes de segurança para os transportes públicos de Jerusalém.

Além de destruir as casas dos autores de atentados, como fazia até agora, Israel apreenderá seus bens e revogará seus direitos de residência permanente, afirmou o Executivo de Benjamin Netanyahu.

Nesta quarta-feira, policiais armados controlavam cada carro que saía do bairro de Jabel Mukaber em Jerusalém Oriental, anexada e ocupada por Israel, de onde procedia a maioria dos palestinos envolvidos nos recentes ataques.

Estes atentados despertaram a memória dos ataques da Segunda Intifada (2000-2005) e aumentam os temores de outra grande revolta palestina.

Apenas alguns poucos habitantes de Jerusalém se atreviam nesta quarta-feira a viajar de ônibus.

Medida impopularJabel Mukaber faz fronteira com a colônia judaica de Armon Hanatziv, onde ocorreu o atentado de terça-feira contra um ônibus. Um motorista israelense morreu ali em setembro, ao perder o controle de seu carro por culpa das pedras lançadas por cidadãos palestinos, segundo a Polícia.

A instalação de postos de controle em Jerusalém Oriental já foi adotada em outras ocasiões. Os palestinos rejeitam a medida, alegando que complica a vida em geral e os deslocamentos, como no caso, por exemplo, das crianças que vão à escola.

A medida terá um caráter extraordinário, se for aplicada em grande escala.

A violência, que atinge os territórios palestinos há meses, intensificou-se a partir de 1º de outubro, quando supostos membros do Hamas mataram a tiros um casal de colonos judeus na Cisjordânia, na presença de seus filhos.

As autoridades israelenses e palestinas não conseguiram deter este movimento composto, sobretudo, por jovens palestinos frustrados por suas condições de vida sob a ocupação israelense.

Já a Jordânia, guardiã da Esplanada das Mesquitas em Jerusalém, manifestou sua reprovação diante da decisão de Israel de instalar postos de controle na parte oriental.

Diante dos confrontos entre israleneses e palestinos e com a intenção de devolver a calma para a região, o secretário de Estado americano, John Kerry, anunciou que planeja viajar "em breve" ao Oriente Médio, disse nesta quarta-feira seu porta-voz, John Kirby.

Kerry se reunirá com líderes locais, informou Kirby, que não pôde confirmar nem a agenda, nem os locais onde terá os encontros, minimizando a possibilidade de uma renovação do processo de paz.

Riscos de divisãoDesde então, foram registrados sucessivos confrontos entre palestinos e forças de segurança israelenses em Jerusalém Oriental e nos Territórios Palestinos.

Netanyahu também deverá evitar uma divisão efetiva de Jerusalém entre o Oeste e o Leste, apesar de Israel considerar toda a cidade, incluindo a parte palestina, como sua capital indivisível. A comunidade internacional não reconhece esse status.

No lado palestino, os funerais diários alimentam a raiva. Centenas de pessoas acompanharam nesta hoje em Belém o enterro de Moataz Zawahra, de 28 anos, que morreu na véspera em confrontos.

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