Papa quer prosseguir com as reformas apesar do vazamento de documentos

Cidade do Vaticano, 8 Nov 2015 (AFP) - O papa Francisco criticou neste domingo o vazamento de documentos que revelam o esbanjamento de alguns cardeais, mas assegurou que nada vai interromper as reformas dentro da Igreja.

"Quero garantir a vocês que este triste fato não me desvia do trabalho de reforma que segue adiante com meus colaboradores e o apoio de todos vocês", disse o papa aos fiéis reunidos na praça de São Pedro após a bênção do Angelus.

O pontífice falou pela primeira vez sobre o escândalo, desde a detenção no fim de semana passado de duas pessoas suspeitas de responsabilidade no vazamento dos documentos, um religioso espanhol e uma italiana assessora de imprensa.

Os documentos serviram de material para a publicação de dois livros que revelam as profundas resistências dentro do Vaticano às reformas estimuladas pelo pontífice na Igreja Católica.

"Sei que muitos de vocês se inquietaram com as informações dos últimos dias sobre os documentos reservados da Santa Sé que foram subtraídos e publicados", disse aos fiéis.

"Roubar aqueles documentos é um delito. É um ato deplorável que não ajuda", disse.

"Eu mesmo havia solicitado o estudo e tanto eu como os meus colaboradores já conhecíamos bem aqueles documentos", afirmou.

Esta declaração parece uma resposta ao autor de um dos dois livros, Gianluigi Nuzzi, para quem "revelar segredos só pode servir a quem deseja a transparência, objetivo número um do papa".

O antecessor de Francisco, Bento XVI, renunciou em fevereiro de 2013 desalentado, segundo muitos vaticanistas, pela magnitude do trabalho de reforma da Cúria e debilitado pelo vazamento de sua correspondência privada.

O novo escândalo foi rapidamente batizado pela imprensa "Vatileaks 2", mas é bastante diferente do primeiro vazamento.

Este caso não afeta diretamente o papa, apesar do pontífice ter nomeado as duas pessoas detidas, o padre espanhol Lucio Ángel Vallejo Balda e a italiana, laica, Francesca Immacolata Chaouqui.

Francisco "enfrenta fortes resistência da velha guarda e a reforma estrutural que queria implementar é muito mais lenta e difícil que o previsto", disse recentemente à AFP um de seus colaboradores.

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