Irã procurou desenvolver bomba atômica antes de 2003, diz AIEA

Viena, 3 dez 2015 (AFP) - O Irã realizou no passado trabalhos "significativos" para dotar-se de uma bomba atômica, mas nenhuma indicação "crível" sugere que estas atividades tenha continuado após 2009 - estimou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) após concluir uma investigação de vários anos.

O Irã anunciou que considera a investigação da ONU sobre o caráter militar de seu programa nuclear "encerrada" e Israel não demorou a manifestar sua oposição e pediu que a investigação seja mais aprofundada.

Teerã realizou um "esforço coordenado" para confeccionar "um dispositivo explosivo nuclear" antes do final de 2003, indica a agência em um comunicado. A agência indica ainda que não dispõe de informações credíveis sobre o prosseguimento dessas atividades desde de 2009.

"A agência estima que uma série de atividades vinculadas ao desenvolvimento de um dispositivo explosivo nuclear foram realizadas antes de 2003 no marco de esforços coordenados", ressaltou o informe.

"Estas atividades não superaram a fase de estudos de viabilidade científica e a aquisição de certas competências e capacidades técnicas", apontam os especialistas da AIEA.

Embora "certas" atividades suspeitas tenham continuado após 2003, "a agência não dispõe de informação crível" sobre sua continuação após 2009, ressaltou.

O relatório da AIEA não suporta, pelo menos parcialmente, as suas suspeitas anteriores sobre tentativas iranianas de militarizar seu programa, isto é, suas "possíveis dimensões militares (PMD)", o que este país sempre negou categoricamente.

Segundo o analista Kelsey Davenport, do instituto Arms Control Association, as conclusões da investigação incitarão os "opositores" ao compromisso assinado em 14 de julho, "tanto no Irã quanto nos Estados Unidos, a tratar de apoiar-se no mesmo para fazer fracassar este acordo nuclear histórico".

- Para Teerã caso encerrado, para Israel mais investigações -O Irã considera a investigação da ONU sobre o caráter militar de seu programa nuclear "encerrada", depois que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) publicou seu esperado relatório.

"Podemos dizer que se cumpriram todas as medidas exigidas em ocasiões anteriores, e a questão do PMD (Possíveis Dimensões Militares, sigla em inglês) está concluída e encerrada", declarou o vice-ministro iraniano de Relações Exteriores, Abas Araghchi, à televisão estatal.

"Como afirmamos em várias ocasiões, as armas nucleares não tiveram, não têm, nem terão o menor lugar na doutrina de defesa do irã", acrescentou.

Já o governo israelense considerou que o informe divulgado pela AIEA demonstra que a investigação deve ser aprofundada.

"Israel espera contar com a comunidade internacional para que a investigação seja aprofundada (...) e que todos os meios sejam utilizados para garantir que o Irã não possa desenvolver secretamente uma arma nuclear", declarou o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em comunicado.

Seu país mostrou durante anos sua oposição absoluta às negociações e, consequentemente, o acordo alcançado em julho passado.

Este relatório será examinado em 15 de dezembro pelos governadores da AIEA, de acordo com o roteiro adotado em julho passado, em Viena, no âmbito das negociações entre Teerã e as grandes potências para pôr fim a 13 anos de discordâncias sobre o programa nuclear.

Em resposta ao relatório da AIEA, os Estados Unidos confirmaram que continuarão com a aplicação do acordo nuclear iraniano.

O relatório "coincide com o que os Estados Unidos sempre argumentou com grande confiança", declarou Mark Toner, porta-voz do Departamento de Estado: "o Irã tinha um programa nuclear que foi suspenso em 2003", disse.

Segundo Toner, a AIEA não encontrou provas de atividade após 2009, e os Estados Unidos estão dispostos a seguir com a aplicação do acordo de julho. "A AIEA confirmou que o Irã cumpriu com suas promessas de apresentar respostas" às perguntas sobre suas atividades passadas.

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