Bar que foi alvo de ataques em Paris reabre suas portas
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Jacques Brinon/AP
As luzes retornaram e as marcas dos tiros desapareceram. O bar La Bonne Bière foi nesta sexta-feira (4) o primeiro dos seis estabelecimentos atacados no dia 13 de novembro em Paris a reabrir suas portas, três semanas depois do massacre que deixou 130 mortos.
No quadro-negro onde o menu do dia é apresentado, uma longa mensagem escrita com giz terminava com estas palavras: "É o momento de estar juntos, unidos e avançar para não esquecer".
O bar, no qual cinco pessoas morreram, "apagou os estigmas deste pesadelo" e decidiu reabrir "para fazer o bairro reviver", disse a sua encarregada, Audrey Bily, durante uma coletiva de imprensa improvisada diante de meios de comunicação do mundo inteiro.
"Queremos ensiná-los (aos jihadistas) que somos mais fortes que eles", declarou.
Na noite dos atentados, um comando abriu fogo contra as varandas de vários bares e restaurantes desta zona do leste da capital francesa. Dezenove pessoas morreram no La Belle Équipe, 15 no Le Carillon e no Le Petit Cambodge, cinco no La Bonne Bière e na pizzaria vizinha Casa Nostra.
Todos se converteram em locais de peregrinação, nos quais centenas de pessoas depositaram milhares de buquês de flores, velas, fotos, mensagens de apoio, bandeiras francesas.
"Realizamos algumas obras, pintamos as paredes, apagamos os estigmas deste pesadelo. O café La Bonne Bière é um lugar de encontro, troca e participação. Este é nosso objetivo hoje", disse Bily.
As flores, as velas e as mensagens depositadas ante o bar em homenagem às vítimas foram retiradas para reinstalar as mesas na varanda.
Na varandaUma dezena de clientes tomavam café por volta das 09h30 (02h30 de Brasília) diante de muitas câmeras de televisão.
"Precisamos voltar a estar com pessoas do bairro", contava David, de 45 anos. "É bom estar entre nós, com as pessoas que vão à mesma cafeteria, ao mesmo florista, à mesma padaria (...) Aqui é como se estivesse na entrada da minha casa", explica.
"As pessoas precisam voltar a se encontrar, a se sentir unidas. Não se deve ceder diante do medo, é preciso lutar. A vida deve seguir", afirmava.
Vários garis de Paris, com seu uniforme verde, passam ao seu lado para tomar um expresso.
Na fachada do bar, um grande cartaz branco e preto diz: "Estou na varanda", em desafio aos jihadistas.
Os demais estabelecimentos atacados em 13 de novembro seguiam fechados nesta sexta-feira.
Três autores dos atentados, incluindo seu suposto cérebro, o belga Abdelhamid Abaaoud, integravam o chamado "comando das varandas".
Depois dos tiroteios, um dos membros do comando, Brahim Abdeslam, detonou seus explosivos em um último estabelecimento, Le Comptoir Voltaire, sem deixar vítimas.
Os atentados deixaram 130 mortos e centenas de feridos nestas cafeterias e restaurantes, assim como no exterior do Stade de France, ao norte de Paris, e na casa de espetáculos Bataclan, onde 90 pessoas morreram.