Kirchner se despede do governo com grande ato na Argentina

Buenos Aires, 9 dez 2015 (AFP) - A presidente Cristina Kirchner vive nesta quarta-feira seu último dia de governo em meio a uma controvérsia com seu sucessor Mauricio Macri carregada de drama, mas será saudada por milhares de seguidores na despedida de uma era que polarizou a Argentina.

Esta telenovela política termina com um final decidido na justiça e sem um "felizes para sempre".

Kirchner defendeu a transferência de comando com faixa e bastão presidencial no Congresso em apego à Constituição, e Macri quis sua posse com floreios na Casa de Governo, em respeito a uma "tradição política histórica" e para escapar da claque peronista nas galerias do Parlamento.

A esperada foto de Kirchner entregando o comando a Macri ficará no imaginário coletivo porque a presidente decidiu não ir a nenhuma cerimônia.

"A discussão não é política, e sim de uma imagem" de transferência que se buscaria evitar, disse nesta quarta-feira o chefe de Gabinete, Aníbal Fernández.

Segundo Fernández, "para completar a situação, se apresenta uma medida cautelar, assinada pelo presidente e pela vice-presidente eleita; uma coisa que vai maltratar a história dos argentinos".

Enviados de Macri e Kirchner tentaram negociar o ato de entrega do poder, mas porta-vozes do governo em fim de mandato anunciaram divergências pela decisão de um promotor de tramitar o pedido do macrismo para que a justiça o considere presidente a partir do primeiro minuto de quinta-feira e, assim, organize a cerimônia de acordo com a sua vontade.

"Entre um golpe de Estado e isto não há muita diferença", disse o chefe dos serviços secretos argentinos de Kirchner, Óscar Parrilli.

A juíza María Servini de Cubría confirmou que a presidente está em funções até as 23h59 locais desta quarta-feira.

Mas as provocações e as críticas não assustam Cristina Kirchner, e seu último ato nesta noite será desvelar um busto do ex-presidente e esposo, Néstor Kirchner, para depois dizer adeus a uma multidão após oito anos de gestão da primeira presidente argentina eleita pelo voto popular.

A presidente de 62 anos se dirigirá à militância partidária - peronistas de centro e de esquerda - para encerrar um ciclo político de doze anos de gestão de kirchnerista iniciada em 2003 por seu falecido marido.

O ato será transmitido através dos telões a partir das 18h00 locais (19h00 de Brasília) na Praça de Maio, em frente à Casa Rosada - sede do Governo - onde são esperados dezenas de milhares de simpatizantes.

No embrulho político, a Argentina terá três presidentes entre esta quarta-feira e quinta-feira por decisão judicial, que confirmou o fim do mandato de Kirchner à meia-noite de hoje.

A partir da meia-noite e até o juramento de Macri, na quinta-feira, o chefe de Estado será Federico Pinedo, presidente provisório do Senado.

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