"¿Qué bolá, Cuba?": Obama inicia visita histórica a Havana
Havana, 20 Mar 2016 (AFP) - O presidente americano, Barack Obama, chegou neste domingo a Cuba, onde marcará a história com uma visita de três dia a um dos últimos bastiões do socialismo, que deseja virar a página depois de mais de cinco décadas de forte antagonismo.
Acompanhado por sua esposa, Michelle e suas duas filhas, Obama foi recebido pelo chanceler Bruno Rodríguez no aeroporto José Martí de Havana.
"Qué bolá, Cuba?", escreveu em seu Twitter em referência ao típico cumprimento cubano, equivalente a "Como está?", quando chegou a sólo cubano. "Acabo de aterrisar, quero encontrar e escutar em primeira mão o povo cubano", acrescentou.
Obama é o primeiro presidente dos Estados Unidos a pisar na ilha em 88 anos. Com essa visita, ele pretende selar o restabelecimento das relações bilaterais, anunciado em 2015, e reforçar a imagem de um Estados Unidos diferente à de um país que por décadas promoveu intervenções e considerou a América Latina seu quintal.
Antes de deixar a presidência, no início de 2017, Obama quer assegurar-se de que seus avanços em Cuba não serão revertidos, seja quem for a assumir a Casa Branca no próximo ano.
- Escutar os dissidentes -Na segunda-feira, Obama se encontrará com Raúl Castro para abordar, entre outros temas, o de direitos humanos. No dia seguinte, conversará com os dissidentes, gesto que até pouco tempo parecia impensável de ocorrer na capital cubana. Nesse mesmo dia, discursará ao povo cubano, com transmissão ao vivo pela rede de televisão.
No entanto, a atenção do chefe de Estado americano à dissidência cubana pode ser comprometida pela detenção, pouco antes de sua chegada, de dezenas de opositores do grupo Damas de Branco.
Como costumam fazer todos os domingos, manifestantes se concentraram perto de uma igreja para protestar por direitos humanos.
Danilo Maldonado e Berta Soler, líder das Damas de Branco, están entre os detidos que foram encurralados e arrastados em direção a veículos por agentes de segurança e grupos a favor do governo.
"Obama está sendo cúmplice de um governo, de uma ditadura", disse Maldonado à AFP uma hora antes de ser detido.
- Em Havana Velha -No final da tarde de hoje, sob chuva e medidas extremas de segurança, Obama fez una visita a Havana Velha, o charmoso bairro colonial da capital.
Ao final do passeio, encontrou-se com o cardeal Jaime Ortega, na catedral.
A chuva pareceu espantar os curiosos. Entre eles, mais estrangeiros do que cubanos.
Agentes policiais e civis chegaram ao Castillo de la Real Fortaleza e à Plaza de Armas, onde Obama foi recebido pelo historiador da cidade, Eusebio Leal.
Entre os poucos cubanos que se aproximaram para ver Obama passar estava Ariel Hernández, engenheiro civil de 42 anos. "Acho que me deixaram ficar aqui porque, com a minha mochila, me confundiram com um turista", disse à AFP.
"Obama chegou, que bom, esse é um momento histórico. O clima pode estar contra e prejudicar seu passeio, mas nós cubanos somos a favor dessa visita porque dará um impulso a essa nova relação", comentou Daynei Abreu, de 29 anos, dona de alguns negócios situados próximo à embaixada.
- Abertura apesar do embargo -Embora não possa anular o embargo econômico contra Cuba, vigente desde 1962, por se tratar de uma atribuição do Congresso com maioria da oposição republicana, Obama sinalizou positivamente nesse sentido e, com seus poderes presidenciais, decretou uma série de medidas de alívio às restrições.
A suspensão do embargo, pedida todo ano pelas Nações Unidas, é também a principal demanda de Cuba, que atribui à medida boa parte de seus dramas econômicos.
Segundo Obama, décadas com essa mesma política em relação à ilha demonstraram pouca eficácia.
Além disso, as empresas americanas estão ávidas por fazer negócios no país. No sábado, a rede de hotelaria Starwood (Meridien, W, Westin e Sheraton) anunciou um acordo com as autoridades cubanas para abrir dois hotéis de luxo em Havana antes do final do ano.
O portal Airbnb também obteve autorização dos Estados Unidos para ampliar suas operações Cuba, segundo anunciou neste domingo.
- Sem mudar o essencial -Pelo lado cubano, garante-se que não haverá debate com Obama sobre a situação interna.
"Ninguém poderia pretender que, para avançar à normalização de relações, Cuba tenha que renunciar a qualquer um de princípios", enfatizou o chanceler Bruno Rodríguez, lembrando que "ainda há grandes diferenças" entre os dois governos.
Segundo a Casa Branca, está descartado um encontro de Obama com o líder Fidel Castro, afastado do poder desde 2006 por motivos de saúde.
Obama visitará Cuba a um mês para o Congresso do Partido Comunista, único em Cuba e que decide a cúpula do governo.
Raúl e Fidel Castro receberam, na sexta-feira e no sábado, respectivamente, o presidente venezuelano Nicolás Maduro, em um sinal de solidariedade com um governo muito questionado por Washington.
Embora no plano político as diferenças entre os dois governos sejam inquestionáveis, Obama e Raúl Castro encontraram o cenário ideal para mostrar as coincidências entre os dois países: a partida de beisebol entre a seleção de Cuba e o Tampa Bay das Grandes Ligas, que será assistida pelos dois na terça-feira no Estádio Latino-americano.
bur-nn/hov/cc
Acompanhado por sua esposa, Michelle e suas duas filhas, Obama foi recebido pelo chanceler Bruno Rodríguez no aeroporto José Martí de Havana.
"Qué bolá, Cuba?", escreveu em seu Twitter em referência ao típico cumprimento cubano, equivalente a "Como está?", quando chegou a sólo cubano. "Acabo de aterrisar, quero encontrar e escutar em primeira mão o povo cubano", acrescentou.
Obama é o primeiro presidente dos Estados Unidos a pisar na ilha em 88 anos. Com essa visita, ele pretende selar o restabelecimento das relações bilaterais, anunciado em 2015, e reforçar a imagem de um Estados Unidos diferente à de um país que por décadas promoveu intervenções e considerou a América Latina seu quintal.
Antes de deixar a presidência, no início de 2017, Obama quer assegurar-se de que seus avanços em Cuba não serão revertidos, seja quem for a assumir a Casa Branca no próximo ano.
- Escutar os dissidentes -Na segunda-feira, Obama se encontrará com Raúl Castro para abordar, entre outros temas, o de direitos humanos. No dia seguinte, conversará com os dissidentes, gesto que até pouco tempo parecia impensável de ocorrer na capital cubana. Nesse mesmo dia, discursará ao povo cubano, com transmissão ao vivo pela rede de televisão.
No entanto, a atenção do chefe de Estado americano à dissidência cubana pode ser comprometida pela detenção, pouco antes de sua chegada, de dezenas de opositores do grupo Damas de Branco.
Como costumam fazer todos os domingos, manifestantes se concentraram perto de uma igreja para protestar por direitos humanos.
Danilo Maldonado e Berta Soler, líder das Damas de Branco, están entre os detidos que foram encurralados e arrastados em direção a veículos por agentes de segurança e grupos a favor do governo.
"Obama está sendo cúmplice de um governo, de uma ditadura", disse Maldonado à AFP uma hora antes de ser detido.
- Em Havana Velha -No final da tarde de hoje, sob chuva e medidas extremas de segurança, Obama fez una visita a Havana Velha, o charmoso bairro colonial da capital.
Ao final do passeio, encontrou-se com o cardeal Jaime Ortega, na catedral.
A chuva pareceu espantar os curiosos. Entre eles, mais estrangeiros do que cubanos.
Agentes policiais e civis chegaram ao Castillo de la Real Fortaleza e à Plaza de Armas, onde Obama foi recebido pelo historiador da cidade, Eusebio Leal.
Entre os poucos cubanos que se aproximaram para ver Obama passar estava Ariel Hernández, engenheiro civil de 42 anos. "Acho que me deixaram ficar aqui porque, com a minha mochila, me confundiram com um turista", disse à AFP.
"Obama chegou, que bom, esse é um momento histórico. O clima pode estar contra e prejudicar seu passeio, mas nós cubanos somos a favor dessa visita porque dará um impulso a essa nova relação", comentou Daynei Abreu, de 29 anos, dona de alguns negócios situados próximo à embaixada.
- Abertura apesar do embargo -Embora não possa anular o embargo econômico contra Cuba, vigente desde 1962, por se tratar de uma atribuição do Congresso com maioria da oposição republicana, Obama sinalizou positivamente nesse sentido e, com seus poderes presidenciais, decretou uma série de medidas de alívio às restrições.
A suspensão do embargo, pedida todo ano pelas Nações Unidas, é também a principal demanda de Cuba, que atribui à medida boa parte de seus dramas econômicos.
Segundo Obama, décadas com essa mesma política em relação à ilha demonstraram pouca eficácia.
Além disso, as empresas americanas estão ávidas por fazer negócios no país. No sábado, a rede de hotelaria Starwood (Meridien, W, Westin e Sheraton) anunciou um acordo com as autoridades cubanas para abrir dois hotéis de luxo em Havana antes do final do ano.
O portal Airbnb também obteve autorização dos Estados Unidos para ampliar suas operações Cuba, segundo anunciou neste domingo.
- Sem mudar o essencial -Pelo lado cubano, garante-se que não haverá debate com Obama sobre a situação interna.
"Ninguém poderia pretender que, para avançar à normalização de relações, Cuba tenha que renunciar a qualquer um de princípios", enfatizou o chanceler Bruno Rodríguez, lembrando que "ainda há grandes diferenças" entre os dois governos.
Segundo a Casa Branca, está descartado um encontro de Obama com o líder Fidel Castro, afastado do poder desde 2006 por motivos de saúde.
Obama visitará Cuba a um mês para o Congresso do Partido Comunista, único em Cuba e que decide a cúpula do governo.
Raúl e Fidel Castro receberam, na sexta-feira e no sábado, respectivamente, o presidente venezuelano Nicolás Maduro, em um sinal de solidariedade com um governo muito questionado por Washington.
Embora no plano político as diferenças entre os dois governos sejam inquestionáveis, Obama e Raúl Castro encontraram o cenário ideal para mostrar as coincidências entre os dois países: a partida de beisebol entre a seleção de Cuba e o Tampa Bay das Grandes Ligas, que será assistida pelos dois na terça-feira no Estádio Latino-americano.
bur-nn/hov/cc