Israel devolve pela primeira vez corpo de agressor palestino

Jerusalém, 9 Mai 2016 (AFP) - Uma família palestina pode enterrar nas primeiras horas desta segunda-feira um de seus membros, morto em novembro quando tentava esfaquear guardas israelenses, depois que a justiça pediu que o governo devolva às famílias os corpos de palestinos mortos durante ataques anti-israelenses.

O funeral aconteceu perto da Cidade Velha de Jerusalém Oriental de acordo com as condições impostas pelas autoridades israelenses: apenas 30 membros da família foram autorizados a participar, segundo explicou à imprensa o advogado Mohamed Mahmoud, que intermediou em nome da família o retorno do corpo.

Durante a cerimônia, o uso de telefones celulares não foi autorizado. Além disso, a família teve que pagar um caução de 20.000 shekel (mais de 4.600 euros) exigido pelas autoridades israelenses para garantir que as suas condições fossem respeitadas, de acordo com o advogado.

Mohamed Nimr, de 37 anos de idade e pai de três filhos, originário de Jerusalém Oriental ocupada e anexada por Israel, tentou em 10 de novembro apunhalar dois guardas de segurança privados que o mataram em uma das entradas da Cidade Velha.

A Suprema Corte de Israel pediu na quinta-feira passada que o governo devolva às famílias os corpos de palestinos mortos durante ataques anti-israelenses, uma decisão contrária a uma lei que divide as autoridades do país.

A maior autoridade judicial israelense emitiu uma recomendação não vinculativa, na qual seu presidente, Elyakim Rubinstein, pede que "a polícia coordene com as famílias para devolver os corpos antes do Ramadã", o mês de jejum muçulmano que este ano começa no início de junho.

De acordo com dados palestinos, Israel retém os corpos de 18 atacantes mortos.

A medida também divide os líderes israelenses. O seu principal apoiador, o ministro da Segurança Interna, Gilad Erdan, diz que isso permite evitar que os funerais se convertam em reuniões de militantes, e que tem um efeito dissuasor sobre outros potenciais atacantes, mas autoridades militares consideram contraproducente.

Jerusalém, Israel e os territórios palestinos vivem desde outubro passado uma onda de violência, que já deixou 204 palestinos, 28 israelenses, dois americanos, um eritreu e um sudanês mortos, de acordo com uma contagem da AFP.

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