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EUA têm 2ª noite de protestos após homem negro ser baleado em Wisconsin

Manifestantes atearam fogo em carros durante segunda noite seguida de protestos em Kenosha, no estado americano do Wisconsin - Scott Olson/Getty Images/AFP
Manifestantes atearam fogo em carros durante segunda noite seguida de protestos em Kenosha, no estado americano do Wisconsin Imagem: Scott Olson/Getty Images/AFP

25/08/2020 06h02

Washington, 25 Ago 2020 (AFP) - A polícia usou gás lacrimogêneo contra centenas de manifestantes ontem em Wisconsin, enquanto aumenta a revolta nos Estados Unidos depois que um homem negro foi baleado por um policial branco, um caso que reaviva os protestos contra o racismo registrados após a morte de George Floyd.

Esta foi a segunda noite de confrontos na cidade de Kenosha (sudeste de Wisconsin) após a divulgação no domingo (23) de um vídeo que mostra o momento em que um policial atira diversas vezes pelas costas de Jacob Blake, de 29 anos, diante de seus três filhos.

Pouco depois da entrada em vigor do toque de recolher estabelecido entre 20h de ontem e 7h de hoje, policiais da unidade antidistúrbios usaram gás lacrimogêneo contra os manifestantes.

Os policiais responderam aos manifestantes que lançaram garrafas de água e fogos de artifício em direção aos agentes.

Horas antes, centenas de manifestantes gritaram diante dos policiais: "Sem justiça, não há paz!" e "Diga o nome dele, Jacob Blake".

Homem baleado apresentou melhoras

A imprensa local informou durante a tarde que a família de Blake indicou que o estado de saúde da vítima melhorou após uma cirurgia em um hospital de Milwaukee, 40 km ao norte da cidade, para onde foi levado de avião.

Como aconteceu com George Floyd, o afro-americano de 46 anos que morreu asfixiado em 25 de maio quando um policial branco ajoelhou por vários minutos em seu pescoço, a tentativa de detenção de Blake foi filmada por uma testemunha e o vídeo viralizou nas redes sociais.

As autoridades afirmaram que dois policiais foram suspensos e uma investigação foi iniciada após os distúrbios de domingo, quando vários veículos foram incendiados os arredores de um tribunal foram destruídos.

Antes do toque de recolher imposto no condado de Kenosha para preservar a ordem pública, os moradores pediram o fim da impunidade policial.

"Se eu matasse alguém, me condenariam e me considerariam uma assassina. Acho que deveria acontecer o mesmo para a polícia", afirmou Sherese Lott, uma mulher de 37 anos indignada com a brutalidade policial.

"Quero que meus filhos vejam como acontece a mudança e estou aqui para que nunca aconteça algo assim com eles", disse Michelle, que não revelou o sobrenome, ao participar no protesto ao lado do marido Kalvin e dos filhos, de oito e sete anos.

Governador aciona Guarda Nacional

O governador de Wisconsin, Tony Evers, disse que enviaria 125 membros da Guarda Nacional à cidade para manter a ordem.

"Devemos estar à altura deste movimento e do momento e enfrentá-lo com nossa empatia, nossa humanidade e um férreo compromisso para interromper o ciclo de racismo e preconceito sistêmico que devasta as famílias e comunidades negras", afirmou, antes de pedir à população que organize manifestações pacíficas.

O vídeo do incidente gravado com um celular mostra que o homem negro foi seguido por dois policiais armados enquanto se dirigia a um veículo cinza. Quando ele abriu a porta e tentou sentar no banco do motorista, um dos policiais o agarrou pela camisa e atirou várias vezes em suas costas.

As autoridades não informaram se o outro policial também atirou.

Ben Crump, advogado dos direitos civis que representa a família de Floyd e assumiu a defesa de Blake, disse que os três filhos da vítima estavam no carro e que o homem estava apenas tentando "acalmar" um incidente doméstico.

A poderosa American Civil Liberties Union (ACLU) denunciou o que aconteceu a Blake como "mais um ato nojento de brutalidade policial".

"O fato de que uma violência policial como essa —os assassinatos de Breonna Taylor, George Floyd, Eric Garner e muitos outros— tenha se tornado algo comum mostra que a própria instituição policial americana está podre em sua essência", disse a ACLU no Twitter.