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Em plena Olimpíada, Japão recorda 76º aniversário da bomba atômica em Hiroshima

O primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, presta homenagem a vítimas da bomba atômica em Hiroshima - STR/JIJI PRESS/AFP
O primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, presta homenagem a vítimas da bomba atômica em Hiroshima Imagem: STR/JIJI PRESS/AFP

06/08/2021 08h37Atualizada em 06/08/2021 09h39

Hiroshima, Japão, 6 Ago 2021 (AFP) - O Japão homenageou hoje as vítimas da bomba atômica em Hiroshima lançada em 6 de agosto de 1945, em meio à polêmica este ano sobre a recusa do COI (Comitê Olímpico Internacional) em respeitar um minuto de silêncio durante os atuais Jogos de Tóquio-2020.

Sobreviventes, parentes e algumas autoridades estrangeiras compareceram à cerimônia matinal em Hiroshima (oeste) para homenagear as vítimas e pedir paz no mundo.

Dada a persistência da pandemia da covid-19, a cerimônia não foi aberta ao público, mas pôde ser acompanhada pela Internet.

De máscara e muitos vestidos de preto, os participantes fizeram um minuto de silêncio, às 8h15 locais (20h15 de ontem em Brasília), horário em que a bomba atômica americana foi lançada sobre a cidade há 76 anos.

Esta tragédia "ensinou à humanidade que ameaçar outros em defesa própria não beneficia ninguém", declarou o prefeito de Hiroshima, Kazumi Matsui, em um discurso.

Sobreviventes e a prefeitura de Hiroshima propuseram ao COI convidar os atletas dos Jogos a se juntarem ao minuto de silêncio de Tóquio.

O presidente do COI, Thomas Bach, rejeitou a proposta e respondeu que a cerimônia de encerramento dos Jogos, no próximo domingo, dará a oportunidade de homenagear as vítimas de todos os trágicos acontecimentos da história.

"É decepcionante, embora apreciemos o fato de o presidente Bach ter visitado Hiroshima" antes dos Jogos, declarou Tomohiro Higaki, um funcionário municipal de alto escalão.

Bach esteve em Hiroshima em 16 de julho para marcar o início da tradicional "trégua olímpica", que visa a garantir a suspensão das hostilidades no mundo durante os jogos.

Na ocasião, ele declarou que os Jogos Olímpicos de Tóquio seriam "um farol de esperança" para um futuro melhor e mais pacífico.

'Caminho realista'

Sua visita gerou críticas no Japão, porém, e até uma petição circulou na Internet, com mais de 70 mil assinaturas. No documento, ele foi censurado por querer usar Hiroshima para "promover" as Olimpíadas de Tóquio, que teve sua realização amplamente contestada pela opinião pública japonesa, devido à crise sanitária.

Yoko Sado, uma moradora de Hiroshima de 43 anos que passeava nesta sexta no Parque Memorial da Paz, lamentou que a crise de saúde tenha privado sua cidade da oportunidade de espalhar uma mensagem de paz em grande escala.

"Se não tivesse havido uma pandemia, muitas das pessoas que teriam assistido às Olimpíadas de Tóquio teriam vindo visitar este parque e ver as exposições", lamentou esta mãe.

Entre o mês de agosto e os últimos dias de 1945, a bomba atômica deixou 140 mil mortos em Hiroshima. A segunda, lançada em 9 de agosto de 1945 em Nagasaki, deixou outros 74 mil mortos.

O Japão se rendeu em 15 de agosto de 1945, encerrando a Segunda Guerra Mundial.

A cerimônia deste ano em Hiroshima é a primeira após a entrada em vigor do TIAN (Tratado Internacional para a Proibição de Armas Nucleares), em janeiro passado.

O tratado não foi assinado pelos nove países que possuem armas atômicas: Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte.

Também não foi assinado pelo Japão, um aliado inabalável de Washington e altamente dependente do poder militar americano para garantir sua defesa regional.

"Para o Japão, é apropriado seguir um caminho realista para o desarmamento nuclear, enquanto responde de forma realista às ameaças à sua segurança, mantendo e fortalecendo a dissuasão", disse o primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, nesta sexta-feira.