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Venezuela denuncia 'assassinato maciço' de migrantes do país na Colômbia

Foto mostra imigrantes venezuelanos cruzando a fronteira entre Venezuela e Colômbia na região da cidade colombiana de Cucuta - 19.nov.2020 - Schneyder Mendoza/AFP
Foto mostra imigrantes venezuelanos cruzando a fronteira entre Venezuela e Colômbia na região da cidade colombiana de Cucuta Imagem: 19.nov.2020 - Schneyder Mendoza/AFP

12/10/2021 16h28

Caracas, 12 Out 2021 (AFP) - O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, denunciou nesta terça-feira (12) o "assassinato maciço" de migrantes venezuelanos na Colômbia, após a "execução extrajudicial" de dois adolescentes de 12 e 18 anos em uma região fronteiriça.

"Este não é um fato isolado, não é um fato excepcional, pelo menos 1.933 migrantes venezuelanos foram assassinados, e outros 836 foram dados como desaparecidos" entre 2015 e 2020, destacou Saab em declarações transmitidas pela TV oficial.

E "entre janeiro e agosto do ano de 2021, foram assassinados na Colômbia outros 362 venezuelanos", reforçou Saab, baseado em relatórios da ONG Consultoria para os Direitos Humanos e Deslocamento (CODHES).

"A cifra de forma assustadora pode chegar aproximadamente aos 3.000 venezuelanos mortos, vítimas do ódio, da xenofobia", sentenciou Saab, denunciando o "assassinato maciço de venezuelanos na Colômbia".

A ONU e as autoridades colombianas investigam a execução dos menores venezuelanos, que foram baleados após terem sido acusados de roubar um armazém no violento município de Tibú, no nordeste do país.

Em vídeos e fotos que circularam pelas redes sociais, os adolescentes aparecem cabisbaixos e com as mãos amarradas com fita adesiva, enquanto uma pessoa fora do enquadramento da câmera os chama de "ladrõezinhos".

Seus corpos foram encontrados depois, ainda com as mãos amarradas.

Um cartaz com a palavra "ladrões", escrita a mão, foi colocado sobre o corpo do mais novo, encontrado de bruços com uma mochila vermelha e identificado pelas autoridades venezuelanas como Alexander José Fernández Rodríguez.

"Achamos que tão responsáveis quanto são os autores materiais quanto o sujeito que grava o vídeo, pois não só faz apologia ao crime, mas entrega crianças para a morte", disse Saab, que na véspera enviou uma comunicação ao colega colombiano pedindo esclarecimentos dos fatos e a detenção dos responsáveis.

A polícia colombiana responsabiliza pelos dois crimes os dissidentes da ex-guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) que se afastaram do acordo de paz assinado em 2016.

Tibú concentra a maior quantidade de narcocultivos da Colômbia, com mais de 19.000 hectares plantados de folha de coca, segundo a ONU.

"São delitos e crimes contra a humanidade", expressou Saab, que atribui a onda migratória às consequências das sanções financeiras dos Estados Unidos para forçar a saída do presidente Nicolás Maduro.

Segundo a ONU, mais de cinco milhões de venezuelanos deixaram seu país, fugindo de uma grave crise. A Colômbia tem sido o principal local de acolhida, com 1,7 milhão de migrantes, mais da metade sem documentos.

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